domingo, 25 de dezembro de 2011

Caroline 145

Amigos e amigas,

como estava de férias, deixei preparado esse relato curto do restaurante Caroline 145 para ser publicado e acabei esquecendo de public á-lo. Mas aí vai:

O Caroline é um restaurante muito gracioso localizado na rua Oscar Freire. Ele tem uma varandinha excelente para os casais e, à noite, é todo iluminado por velas.

Passei em frente a ele, em um dos meus passeios naquela região, e resolvi investigar. Não achei muitas informações em blogs ou sites de divulgacão. Apenas o site da casa.

Olhei o cardápio da casa e pensei "acho que vale investir!". O cardápio varia de massas, clássicos franceses à hamburguers.

Cheguei no restaurante e com um pouco de medo de tomar uma chuva, sentei junto a entrada, na primeira mesa ao lado da janela. Demorou uns 15 minutos e chegou mais dois casais... No fim, mais um casal. Eu, sozinho, percebi que o Caroline é sem dúvida adequado para os casais.

Pedi de entrada uma lula à doré. Infelizmente estava ligeiramente dura. Nada que viesse a atrapalhar o meu gosto por elas. Mas podiam estar melhores.


Muito simpático e atencioso, o garçom que me atendeu sugeriu um risoto de pato com amoras. Duvidei um pouco se o prato era bom, mas topei.

Quando chegou, tive uma grata surpresa: o prato estava divino. As amoras ácidas combinavam com a carne do pato perfeitamente.

Entre erros e acertos, valeu a simpatia e a sugestão do garçom. Acho que é necessário investigar um pouco mais sobre a qualidade da comida. Mas repito: é um local agradabilíssimo... Para os casais, é claro!


Beijos e abraços,


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@viverparacomer


Caroline 145
Rua Oscar Freire, 145 - Jardins.
Tel.: (11) 3068-0601

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dalva e Dito

Amigos e amigas,

Sempre tive desconfiança de "medalhões" - profissionais considerados bambas nas áreas em que atuam. Raramente essas unanimidades, sejam elas eleitas pelos críticos, ou até mesmo pelo público, me agradam. Em qualquer campo.

Dificilmente esses profissionais estão de acordo com o prestígio que conquistaram. Talvez, em função da idolatria que arrastam atrás de si, ou do ego, tais medalhões passam a realizar trabalhos autorais que deixam de lembrar os bons trabalhos que os fizeram alcançar o estrelato.

Em todos os campos: do médico metido a besta ao acadêmico frustrado que alcançou algum cargo de comando durante o governo Lula. Do artista plástico ignorante, que "sabe tudo", ao cineasta de um único filme de sucesso (discutível). Única coisa que todos os medalhões tem em comum é a arrogância e a falta de educação.

No campo da gastronomia também acontece isso. Ao longo da minha pouca experiência no mundo gastronômico, conheci alguns chefs bem arrogantes. Uma em particular, cheguei a duvidar se ela era arrogante/mal educada ou possuía alguma doença mental. No entanto, depois de ir ao seu restaurante e sentar-me em uma mesa ao lado do casal Cyro Gomes e Patricia Pillar, reparei que a chef se derretia de tal forma para o casal, que chegava a ser constrangedor - tanto pra ela, quanto para o casal.

Mas não é isso que eu posso falar do Alex Atala. Muito pelo contrário. Até porque nunca fui ao DOM. Mas pude conhecê-lo e provar um pouco da sua gastronomia inovadora (?), cheio de produtos do Norte, em uma parceria que ele fez com o Claude Troisgros, onde cada um passava uma semana no restaurante do outro - uma espécie de intercâmbio. Isso tem uns 4 ou 5 anos? É... Talvez.

Muito atencioso, foi de mesa em mesa e conversou alguns minutos conosco. Explicou como ele teve algumas ideias e quais eram os objetivos que alguns pratos tinham. Ou, ao menos, quais objetivos ele queria que tivesse.

Recentemente, em São Paulo, resolvi ir a um restaurante que, embora ele não seja o chef, ele é um dos sócios: Dalva e Dito. Inspirado na cozinha do nosso dia a dia, o Dalva e Dito tem no cardápio os pratos que nós encontramos (ou encontrávamos) nas casas dos nossos pais, nos almoços de domingo...

Bom, de fato o restaurante apresenta um cardápio que muito chef besta nem ousaria colocar em seus menus: macarrão com feijão e linguiça; rabada com agrião; carne de sol com mandioca cozida e manteiga de garrafa. Posso estar enganado, mas imagino a cara de repulsa que a chef que citei acima faria se propusessem a ela fazer esse cardápio... Lógico que o Dalva e Dito tem essa proposta de retornar ao prato do dia a dia, da infância, da comida brasileira.

Talvez aí que seja a crítica que eu faça ao Dalva e Dito.

Pra quem, onde e como... Pra quem o Dalva e Dito é? Onde ele está localizado? E, por último, como o chef do Dalva e Dito prepara a comida que é servida? Obs.: Entendo que embora o Atala não seja o chef, ele seja o arquiteto da proposta da casa, correto?

Tais questões são a fonte da minha crítica ao Dalva e Dito. Comida tipicamnete brasileira, tradicional do nosso dia a dia, ou da nossa infância, deveria ser feita para brasileiros né? Pois bem, a sensação que eu tive é que estava em um restaurante no exterior tamanha era a quantidade de estrangeiros que falavam inglês.

Okay, não há problema. Quem não gostaria de ter o seu restaurante frequentado por uma tribo globalizada?

Mas, vou continuar... Quanto à localização: o restaurante é localizado na rua Padre João Manuel - local super badalado, no Jardins. Posso estar equivocado, mas os comensais que frequentam os restaurantes naquela área provavelmente não procuram comer rabada. Talvez, muitos nem sequer tenham já comido rabada com agrião.

Outra coisa interessante, talvez não muito condizente com o propósito da simplicidade da comida servida, seja a beleza e, digo mais, até mesmo o luxo do restaurante. Diversos maîtres, sommelier, cozinha de vidro, tudo isso para servir "risotinho caseiro", farofa etc. Tá vai... Tô sendo chato, né? É melhor errar por mais do que por menos...



Por último, como os pratos são preparados: pedimos um galeto "televisão de cachorro", clássico de todas as padocas brasileiras, assado, segundo a 'técnica', em temperatura baixa, comm'il faut. Acompanhado desse risotinho caseiro, que nada mais é do que um arroz de forno com ervilhas etc gratinado com um queijo por cima. Era sem dúvida o que a minha mãe fazia para mim, nos finais de semanas, quando eu era pequeno, e dizia que era risoto. Só anos mais tarde vim a descobrir que eu chamava de risoto uma coisa que não tinha nada a ver com risoto...



Sem dúvida nenhuma, ele resgatou pratos clássicos da nossa história recente (da gastronomia brasileira, do dia a dia). Mas tanto o galetinho, quanto o lindo creme de mamão papaia, servido de sobremesa, pecavam por faltar aquele tempero mais exagerado tipicamente brasileiro - um pouco mais de sal e até mesmo gordurinha no galeto; e um pouco mais de cremosidade e açúcar no creme de papaia. (obs.: Tal comentário é válido também para o pudim de leite, generosamente servido, que a Carol pediu.)

Depois de muito refletir, cheguei a conclusão que tudo que eu comi - o galeto e o creme de papaia - eram reinvenções não para os amantes das comidas simples que elas são. A falta de brasilidade, na minha opinião, é uma forma de apresentar o que se come/se comia nas casas dos pais, não para nós que de fato comíamos/comemos no nosso cotidiano. A reinvenção desses pratos provavelmente são para quem nunca os comeu, para os estrangeiros, que talvez se assustem com todo o excesso de tempero que tais pratos carregam.

Não sei. Talvez eu esteja errado. Talvez eu precise voltar mais vezes lá, provar outros pratos, mas mesmo que eu esteja enganado, há muitas dúvidas além das divergências entre o prato e o paladar - que não é ruim. Apenas destoam do propósito simples de oferecer "memórias".

Quando saí do restaurante a minha memória lembrou de que, em minha vida toda, "eu sempre tive desconfiança de medalhões!"

Beijos e abraços,


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@viverparacomer


Dalva e Dito
Rua Padre João Manoel, 1115 - Cerqueira Cesar.
Tel.: (11) 3068-4444

L'Entrecôte d'Olivier

Amigos e amigas,

Nunca gostei do Olivier Anquier. Nunca. Lembro dele se lançando como padeiro - isso tem uns 20 anos. Começou a fazer sucesso e eu, garoto, ainda no colégio, comecei a vê-lo nos programas de culinária. Tentava entender o que ele dizia sobre uma receita secreta "da minha família", de um pão europeu, mais especificamente, de um pão francês.



Naquela época o meu francês era bem ruinzinho, mas já falava algumas sentenças... Achava engraçado como ele pronunciava as palavras. O sotaque dele era mais carregado e tudo mais. Mas, mesmo ainda garoto, algo me parecia que não soava bem.



Hoje, sem dúvida, amadureci fugindo dos programas do Olivier. Hoje em dia, ele aparece em um programa da GNT, com um fusca azul, visitando diversas cidades do interior do Brasil e do mundo. Confesso que tem uns programas que, mesmo não gostando, olho de rabo de olho, pois os lugares são fantásticos. Eventualmente acabo vendo o programa do Olivier. Sinto que ele tem a pretensão de ser um Anthony Bourdain "franco-tupiniquim", apresentando para nós, brasileiros, a diversidade maravilhosa da comida da nossa própria terra.

Não acredito que o Anthony Bourdain seja um grande chef de cozinha, mas talvez o que falte ao Anquier seja a espontaniedade ácida - e até humana - que há de sobra no Bourdain. Em outras palavras, mais sinceridade e menos caras e bocas - por que é que ele fala o tempo todo "up"?

Mas, vamos lá: depois de anos e anos fazendo o papel de bom moço, ele não poderia mudar de "posição", não é mesmo? O Anquier nos dias de hoje faz comercial de TV para as senhoras que tem prisão de ventre. É sério. Ele é o garoto propaganda " gente boa" das senhoras. É difícil construir essa imagem...



Mas por que eu escrevi tantas coisas sobre o Anquier? Olha, talvez seja o tal do preconceito. Por não acreditar no Anquier, resisti algumas vezes a ir ao seu restaurante, nas diversas vezes que estive em SP. Em meu twitter recebi alguns tweets falando bem do seu bistrô localizado no Jardim Paulista - ao lado do clube Pinheiros - cujo nome é L'Entrecôte d'Olivier. Mas resistia. Quando percebi que só havia um prato, resolvi resistir mais e mais - é isso mesmo, o restaurante dele só serve um prato. Um entrecôte (um contrafilet) sob um molho secreto (olha aí, de novo estas estórias de secreto) da tia dele (se não me engano Nicolle), com batatas fritas crocantes e sequinhas.

Fui lá. E olha... Eu adorei.

O restaurante é bem decorado - bem mais do que eu esperava para um bistrot, que só serve um prato. Quando chegamos havia uma fila na porta que a atendente dizia que demorava cerca de 30 minutos. Mas, esperamos, se muito, 20 minutos.

Ficamos em um bar bem claro, aguardando que nossa mesa ficasse pronta. Enquanto aguardávamos, experimentei uma sakerinha de tangerina com gengibre e cravo. Um aperitivo e tanto, hein? Muito bem preparada, degustei com vontade para dilacerar qualquer resquício de preconceito contra o restaurante que ainda me restava.

Antes do prato prinipal, é servido uma salada verde excepcionalmente bem temperada, com alguns toques de nozes. Ah, o pão servido no couvert - que consiste em apenas pão e manteiga - me agradou muito. Tem aquela casca dura e é excelente com uma manteiga. Pensei: "será que de fato ele foi um bom padeiro no passado?"


Prato principal: entrecote macio e saboroso é servido com esse tal molho secreto da tia Nicolle. Eu arriscaria que esse molho é feito a base de fígado, pois tem ligeiramente um gosto agradável de paté. Mas como é secreto eu não posso ter certeza... Também fiquei com dúvida se a carne servida era de fato um entrecôte... Acho que era um filet mignon - macio, sem gorduras.

A batata frita é a vontade: de minutos em minutos uma garçonete aparece com uma travessa e oferece "aceita um pouco mais de batata? Ela está quentinha..." Uma delícia.


Pra finalizar, pedimos para arrebentar a boca do balão uma mousse de chocolate. Essa mousse é bem consistente, aerada e não muito doce - de modo que é impossível se enjoar dela.

O restaurante fica na esquina com a rua Tucumã e de sua porta é possível avistar um pessoal em uma das piscinas do clube Pinheiro. Depois do almoço, ainda dá para dar uma caminhada até o shopping Iguatemi que também está bem próximo da casa do Olivier.

Olha, preciso admitir que se não sou fã dos programas do Olivier, ao menos do seu restaurante de apenas um prato, me tornei grande fã. Depois de tantos elogios ao L'entrecôte d'Olivier preciso dizer: realmente não é preconceito contra ele - apenas uma questão de gosto. E "vive la difference!"

Beijos e abraços,

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L'Entrecôte d'Olivier
Rua Doutor Mario Ferraz, 17 - Jardim Europa.
Tel.: (11) 3034-5324

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Arturito

Amigos e amigas,

verdade seja dita, estou escrevendo mais sobre restaurantes de São Paulo do que do Rio. Aliás, tenho inclusive escrito mais em SP do que no RJ também. No entanto, reafirmo que esse blog é carioca! Mas, circunstâncias da vida me levaram a São Paulo. Engraçado em falar "circunstâncias da vida", pois lembro do marido da Fernanda, amiga do blog, que já deu diversas dicas para o Viver Para Comer, dizendo: "São Paulo é que nem a morte... Mais cedo ou mais tarde ela chega para você"

Diferentemente do personagem polêmico Svidrigailov, em Crime e Castigo, que segundos antes de se matar, alerta ao leitor que vai para a América, ir para São Paulo, para mim, é sempre um prazer.

Preciso explicar: a metáfora que Dostoievsky relata em sua obra prima, precisa ser contextualizada pela sua época, onde movimentos comunistas rondavam todos os cantos russos. Para um russo politizado no final do século XIX, ir para a América, país símbolo do capitalismo, era igual ou pior que se matar. No meu caso, ir para São Paulo, no momento, é viver. (obs.: a interpretação da metáfora de Dostoievsky é minha. Portanto, por favor, me desculpem se não for a mais correta.)

Em um sentido um pouco metafórico também, mas completamente o oposto de Dostoievsky (inclusive em todas as suas habilidades), o Viver Para Comer acabou desembarcando no Arturito.



Já tinha escutado falar muito bem do Arturito há uns dois anos atrás, quando estava procurando restaurantes para conhecer em SP. Lembro que queria conhecer o restaurante japonês do Jun Sakamoto, que na época não pude conhecer, e me foi recomendado, com bastante adjetivos, o Arturito como uma segunda opção já que precisava reservar com antecedência uma mesa no restaurante japonês. Recentemente, vi uma entrevista da chef Paola Carosella, responsável pelo Arturito, no programa do Salomão Schvartzman no canal da Band News. Me interessei ainda mais.

O restaurante não é muito grande, mas é confortável o suficiente para acomodar todos que fazem reservas. No meu caso, perdi a hora e, mesmo assim, a hostess nos acomodou adequadamente em uma mesa logo na entrada.

De entrada pedimos uma lula crocante e sequinha, que vinha acompanhada de um molho aïoli picante, pedaços de limão siciliano e bastante temperos verdes picados por cima. Excelente.



Como a chef é argentina, imaginei que as carnes deviam ser o ponto forte da casa. Pedi um ojo de bife, corte de carne típicamente argentino, comparado um pouco com o nosso contra-filet - pelo que sei, o ojo de bife é a ponta nobre do chorizo argentino. A carne estava perfeita e vinha acompanhada de uma batata asterix robuchon - o aspecto dela servida me lembrou a tradicional batata rostie, mas era bem sequinha de maneira que eu imaginei que, ou ela foi assada, ou feita na grelha.

A Carol, que me acompanhou nessa descoberta, pediu um spaghettini com molho vermelho, muzzarela de búfala e manjericão. Também excelente.

Para finalizar o jantar, pedimos o mix de sorvete: baunilha, doce de leite e nibs de chocolate de Amma - que nos foi dito que era feito em uma base de chocolate branco com "nozes" do cacau. Todos excelentes, mas o de doce de leite é sensacional. Me lembrou do sorvete de doce de leite que experimentei em Buenos Aires.



Um último detalhe positivo, foi a atenção dada por todos para obter um taxi - já era bem tarde quando saímos, e não era possível achar com facilidade. O maître foi pessoalmente ajudar e os manobristas se espalharam pelas ruas... Até que um deles conseguiu um carro disponível.

Concordo com a observação que nos foi recomendada antes de ir: é um restaurante para se conhecer a noite. Tem uma iluminação baixa que dá um clima todo especial. Vale a pena!


Beijos e abraços,


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Arturito
Rua Artur Azevedo, 542 - Pinheiros.
Tel.: (11) 3063-4951

domingo, 6 de novembro de 2011

Dui

Amigos e amigas,

nessas idas e vindas a São Paulo, no recomendaram conhecer o Dui - um restaurante que eu não fazia ideia, mas que a Carol já conhecia de nome. Segundo ela, esse restaurante era de uma chef bonita, chamada Bel Coelho, que ela já tinha visto na TV. Acabamos indo almoçar lá.

Chegamos ao restaurante por volta das 13:00h. E o que me surpreendeu é que não havia ninguém. Ninguém! Lembrei logo de uma das máximas de Anthony Bourdain: "restaurante bom tem como característica muitas pessoas". Seria um mau prenúncio de como seria o almoço? Seria muito caro?

Ao ver o cardápio, vi que o restaurante era caro - como os demais de sua mesma categoria -, mas nada em demasia que justificasse ele estar vazio. Ainda mais em SP... Como haveria um feriado na quarta, imaginei que muitos haviam emendado o feriado e que provavelmente esta seria a razão pela qual muitos clientes ainda não tinham chegado para o almoço - impressionante a quantidade de teorias que tentamos nos fazer acreditar para suprimir dados da realidade que apontam para direções opostas, né? Principalmente quando queremos que tudo dê certo.

Olha, mas, no caso do Dui, as teorias explicativas provavelmente estavam certas, e se o restaurante estava vazio era mais um capricho do que um sinal de má qualidade - a comida era excelente!

Com diversos tons de roxo espalhados na decoração do restaurante, sentamos junto a uma janela bem escura que dava para ver os "fantasmas" dos cozinheiros circulando de um lado para o outro; e a luminosidade do fogo de uma churrasqueira.

Uma coisa que me chama atenção é a quantidade de jardins recriados insistentemente dentro de alguns restaurantes em SP... Não tão vasto quanto o Kaá , o Dui também possue uma "vasta área verde" (exagero!) na varanda externa, no fim do restaurante. Me dá a sensação da necessidade de os paulistanos verem um pouco da natureza em uma cidade que é um verdadeiro corredor de concreto. Lógico que o ambiente fica mais leve e agradável, mas talvez isso seja uma característica bem forte de todos os ambientes decorados em SP. Sem dúvida, bem mais forte do que no RJ.

Outro ponto forte da casa é a música... jazz, bossa nova, em volume agradável para um almoço e combinando exatamente com aquela atmosfera chique-despretenciosa que a casa apresenta. Clima perfeito para um vinho rosé!

Aliás, o atendimento simpático, mas sem excessos, também completa a experiência no Dui.

Em relação à comida, começamos com um prato de tapas, crostini de queijo com figo. De tudo que eu comi, talvez essa entrada foi o que eu menos gostei. Não que fosse ruim, mas é que eu achava que seria bem melhor do que foi. Talvez o erro tenha sido meu, pois o erro da expectativa atrapalha um pouco a avaliação.

Mas os pratos pedidos não decepcionaram: eu pedi uma costela de porco ao mel do engenho e gengibre, acompanhado de um purê de abóbora e quiabo no fubá crocante. A Carol pediu mais um "comfort food", com medo de não errar: o filet Oswaldo Aranha à moda da casa (de fraldinha).

Ambos os pratos estavam sensacionais. Ouso dizer que a costela de porco foi umas das mais gostosas que eu ja comi - a carne era saborosa demais, com gordura no ponto exato. A garçonete me explicou que as ripas da costela ficavam em torno de 5 horas marinando e depois eram cozidas lentamente por mais 2 horas. O resultado foi uma costela divina, com um molho (um melado) maravilhoso. O purê de abôbora, de sabor forte, fez uma perfeita combinação com as costelas.

E o quiabo? Eu adoro quiabo. Nunca tive preconceito com quiabo. E este estava divino. Até mesmo as pessoas que implicam com quiabo, estas não teriam objeções. Lembro de um seminário que assisti da chef Roberta Sudbrack, há mais ou menos uns 2 anos atrás, em que ela disse que muita gente não gostava de quiabo. Desse modo, ela estudou um método de cozimento que neutralizasse o que a maioria das pessoas detestavam no quiabo: a baba do quiabo. Assim, ela reinventou o quiabo. Não tenho dúvida que esta reinvenção do quiabo não é uma particularidade da chef Sudbrack. Tanto que o quiabo do Dui, ou da chef Bel Coelho, é também um caso à parte. E um ótimo caso!

Se o meu prato era tudo de bom, o prato da Carol, preciso dizer, foi excelente também. Lógico que era um filet Oswaldo Aranha sofisticado, bem apresentado e com todas as pompas que esperamos em um restaurante contemporâneo. Mas, não deixava de ser um o bom e velho Oswaldo Aranha, com aquelas batatinhas chips pequeninas, com a farofinha misturada com o arroz e com o molho da carne... Água na boca só de relembrar.

De sobremesa, pedi um tartare de abacaxi com manjericão, tapioca brûlée e baba de moça. Sem dúvida, havia um pouco de coco misturado na tapioca. Ela era ligeiramente queimada no topo, de modo que o açúcar da tapioca e do coco caramelizava. E o abacaxi, após um costela de porco, era mais do que uma boa sobremesa... Se complementavam. A baba de moça, com algumas folhas de manjericão soltas, dava o tom mais doce para toda a sobremesa. Nota 10.

Aliás, para quem não fazia ideia do restaurante, e para quem estava desconfiado da qualidade de um restaurante vazio - durante o nosso almoço chegaram mais uns 5 grupos -, saí de lá com uma grande felicidade de ter tido a oportunidade de conhecer o Dui. Merece mais que 10!

Beijos e abraços,


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Dui
Alameda Franca, 1.590 - Jardim Paulista.
Tel.: (11)2649-7952

Kaá

Amigos e amigas,

recentemente fui duas vezes a São Paulo - e pelo visto terei que ir cada vez mais. Quando retornava na minha primeira vez ao RJ, li a Vejinha de SP sobre os melhores restaurantes da atualidade na terra da garoa.

Dentre eles, havia o Kaá com diversos votos, de melhor cozinha a melhor ambiente. Fiquei com ele na cabeça.

Em meu segundo retorno a SP, ao pedir dica sobre algum restaurante ao nosso atencioso Morais, responsável pela concierge de nosso hotel, ele nos falou do Kaá. Novamente o Kaá. Como eu queria carne e a Carol massa, ele nos recomendou o Káa pela diversidade gastronômica e ao mesmo tempo pelo ambiente agaradável.

O restaurante é uma mistura franco-italiana: o chef Paulo Barroso de Barros, ex Due Cuochi (que aliás, gosto muito), e o francês Pascal juntam forças neste empreendimento, situado no Itaim.

Realmente o salão é bem amplo e agradável. As paredes são recheadas de plantas, dando uma sensação de floresta em plena selva de pedra. O bar também é bem bonito.

Dividimos de entrada um camembert à milanesa, com molho de damasco e uma salada verde, que estava excelente.


Como queria comer carne, pedi um corte argentino, um chorizo com molho bérnaise e batatas douradas temperadas - sensacional para qualquer apreciador de carnes. A Carol pediu um raviole de mussarela de búfala ao pomodoro. Também surpreendente. Ambos os pratos foram pedidos bem simples, autênticos representantes da "confort food", e, no entanto, todos executados do melhor modo possível - ao meu gosto.


Sem dúvida, eu gostei muito da casa e recomendo conhecê-la. Plageando um blog amigo: Vai por mim!

Beijos e abraços,


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Kaá
Avenida Juscelino Kubitschek, 279 - Vila Olímpia.
Tel.: (11)3045-0043

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Leiteria Mineira

Amigos e amigas,

que coisa ruim é essa tal de Leiteria Mineira, hein?

Não vou começar a dizer sobre a história quase centenária do restaurante Leiteria Mineira, pois a comida que eu comi lá não merece tal introdução... Vou direto ao ponto.

Tive a oportunidade de retornar até essa casa essa semana, para acompanhar uma dupla de amigos. Como eles já estavam no restaurante quando eu liguei, fui ao encontro deles, lembrando que a primeira vez que eu tinha ido lá, não tinha sido muito bom. Mas como tinha ido com um grupo grande, tudo é festa, tudo é, como eu digo, bagunça.

Nessa semana, com apenas mais dois amigos, sentei a mesa e, na verdade, fui calorosamente recebido pelo garçom da casa. Verdade seja dita, parecia até que era um cliente fiel da casa.

Olhei o cardápio e dentre os pratos bens tradicionais escolhi o goulash com talharim. Podia ter pedido a rabada com agrião, ou o pernil com tutu de feijão - que, aliás, era o prato que os meus amigos haviam pedido - mas escolhi o goulash.


O goulash é um prato de origem húngara, e na casa é feito com músculo. É uma carne picada em cubos relativamente grandes, feita através de um cozimento lento, que a torna macia e com molho consistente.

A carne estava bem macia, como deveria ser. O molho também estava gostoso. Mas o talharim que a acompanhava estava tão cozido que só de tocá-lo com o garfo, a massa desmanchava e virava papa. Como o prato chegou em 1 minuto após o seu pedido - isso mesmo - acredito que provavelmente o responsável pelo preparo devia ter feito um panelão e mantido toda a massa na panela até os pedidos serem feitos de modo a serví-lo rapidamente. No entanto, enquanto a massa está na panela de água fervendo, o cozimento continua.

Pior que supercozimento era o gosto insosso da massa, típica de pratos servidos em hospitais a pacientes em dieta total.

Sinceramente, acho que foi um dos piores almoços que eu comi esse ano. Espero que não se repita!

Fica aqui a recomendação de cuidado com o prato da casa - ou com o restaurante propriamente disso.

Beijos e abraços,


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Leiteria Mineira
Rua da Ajuda, 35 - Centro.
Tel.: 2262-3765

domingo, 2 de outubro de 2011

Stuzzi Bar

Amigos e amigas,

fui convidado para participar de um encontro entre blogueiros gastronômicos na última quarta feira. Muito interessante, pois tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas interessantes que gostam muito de comida e que possuem blogs. Foi um intercâmbio bem legal onde pude conversar sobre a dificuldade de se manter um blog e também de lidar com leitores, vamos dizer, mais "amargos", rs.



O evento foi realizado pela Kekanto - um portal gastronômico ao estilo do americano Yelp, onde todos podem opinar e criticar sobre qualquer restaurante - no bar/restaurante Stuzzi Bar. Pudemos provar diversos pratos preparados pela competente chef Paula Prandini. O Stuzzi Bar está localizado no final da rua das celebridades - Dias Ferreira - e embora não seja muito grande, possui uma decoração bem contemporânea, com diversas garrafas penduradas sobre a bancada do bar, logo na entrada.

Cheguei bem atrasado e sai um pouco antes do evento acabar. Assim, não pude experimentar todo o menu preparado. Mas tenho excelentes relatos para transcrever.

Entre as entradas, experimentei uma batata em cubos e douradas, com aroma de trufa, com crispies de presunto de parma e um ovo frito em cima. Na minha opinião, quando vi tal arranjo no prato, com o ovo frito por cima das batatas, achei que seria estranha tal combinação. Mas depois que provei, achei delicioso e não queria parar de repetir. E o crispy de parma encaixou perfeitamente no prato.

Confesso que não provei nenhum dos drinks da casa, mas imagino que tal batata encaixa perfeitamente como petisco para um bar.

Okay, mas em relação aos pratos... O que dizer?

Comi dois risotos... Sinceramente, não sou chef, não tenho a técnica da alta gastronomia, nem da boa gastronomia. Mas, depois de anos comendo risotos, me considero um bom avaliador de um bom risoto. E admito: fui conquistado.

O primeiro que comi foi um risoto de funghi com perfume de trufas. Sempre que como algo com trufas eu penso "é um golpe". Digo isso porque mesmo que o prato esteja mal preparado, a maioria se encanta com sabor proporcionado pelo azeite trufado (ou pelas trufas mesmo) e o comensal acaba sendo conquistado pelo prato.

Diferentemente do que eu imaginava, o risoto de funghi trufado não estava apelativo. O azeite trufado foi bem equilibrido e o mais importante - na minha opinião - a consitência do risoto estava perfeita, transformando aquele prato em um Risoto com R maiúsculo.

Agora, surpeendentemente, o segundo risoto que provei foi mais sensacional ainda: risoto de ossobuco com vinho tinto. Este vinha preparado com o ragu do ossobuco, vinho tinto e ervas finamente picadas. Muito cremoso, o ragu de carne com vinho tinto me deixou encantado. E realmente foi o meu preferido, mesmo depois de ter provado anteriormente o risoto de funghi trufado.

Achando que não teria mais surpresas, ainda me foi oferecido um gnocchi levemente grelhado em um leito de molho de tomate, ricota e rúcula. Lembro de uns grãos de flor de sal (ou era um simples sal grosso?) que acompanhava o gnocchi e dava o tempero necessário para aproveitá-lo de modo adequado.

Sem dúvida, foram degustações que mostram o potencial da casa para despontar como a grande surpresa para mim neste ano - não conhecia a casa e imagino que tenha sido inaugurada há pouco tempo.

O ponto fraco foram as sobremesas que provei: uma bola de chocolate, em uma consistência de brigadeiro, coberto de pistaches e um brownie com sorvete de frutas vermelhas. Nenhuma das duas me emocionou, mas também não chegaram a comprometer.

Preciso dizer que me vi em um dos relatos de Anthony Bourdain, quando ele fala dos grupos de nerds foodies que existem pelos EUA. Até me achei nerd também. Aliás, lembro que quando fui a NYC há 2 anos atrás também fui em um encontro às escuras de foodies em um restaurante, que gostei muito, chamado Dovetail (aliás, daria um excelente post). Mas este encontro foi diferente, pois, no grupo que foi ao Stuzzi, todos eram do Rio e a maioria possuia um blog - no encontro em NYC, eram apenas apreciadores de uma boa comida.

Embora tenha me sentido meio nerd e meio "violado" por ser identificado como um "blogueiro" gastronômico, confesso que gostei muito do encontro e principalmente do Stuzzi Bar. Vou voltar lá para provar os drinks e re-testar (anonimamente) os pratos - principalmente o risoto. Mas sem dúvida nenhuma, recomendo a todos.

Beijos e abraços,

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Stuzzi Bar
Rua Dias Ferreira, 48 - Leblon.
Tel.: 2274-4017

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Alentejano

Amigos e amigas,

o centro do Rio possui diversos restaurantes datados, com cara de que estão há muito tempo por lá, e que provavelmente não sofreram nenhuma reforma desde que abriram. Se isso pode soar como crítica, também podemos rotular tais restaurantes como "tradicionais".

O Restaurante Alentejano, antigo restaurante Timpanas, é um desses casos.

Restaurante tradicional do centro do Rio, ele é um contraditório para quem almoça na cidade - quem trabalha no centro, geralmente precisa almoçar rápido para voltar ao trabalho. E, assim, é muito comum os restaurantes do centro terem um ritmo acelerado no serviço. Não no Alentejano, onde o pedido caprichosamente demora.

Olha... Isso pode ser ruim, como também pode ser bom.

Tal demora forçosamente faz com que você se desligue um pouco mais da sua rotina de trabalho, converse mais no almoço e desfrute de uma taça de vinho, se for possível.

Mas, se tiver com pressa, é melhor ir em um outro establecimento.

O bolinho de bacalhau que é oferecido a todos de entrada não tem uma regularidade: ja comi excelentes bolinhos, mas, também, muitos ficaram a desejar.

Fomos lá na última semana que passou, em um grupo grande, pedimos diversos pratos: panelinha de risoto de camarão (ver foto abaixo); camarão ao brie com arroz de brócolis e batata sauté, posta inteira de cherne com brócolis, e um filé de cherne com arroz de camarão e batatas coradas.



A panelinha de risoto de camarão, embora muito gostosa, definitivamente não era um risoto característico. Sinceramente, não sei porque diversos restaurantes insistem em chamar de risoto qualquer arroz que venha acompanhado de alguns ingredientes.

O camarão ao brie também estava muito bom. No entanto, poderia dizer que o camarão era mais ao molho branco do que propriamente ao brie.

O filé de cherne acompanhado com arroz de camarão me pareceu o prato mais equilibrado dentre todos que eu provei - não provei a grande posta de cherne com brócolis.

Entre erros e acertos, o Alentejano é sim um restaurante tradicional, que há anos atrai comensais na cidade. Há anos oferece um espaço para grupos que querem mais do que almoçar... Querem se confraternizar. Por isso acredito que o Alentejano vai ficar lá por muito mais tempo... Sem mudar nada.

Beijos e abraços,


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Restaurante Alentejano
Rua São José, 76 - Centro.
Tel.: 2533-4264

domingo, 4 de setembro de 2011

A Dificuldade de se Elogiar


Amigos e amigas,

essa semana, devido a uma comemoração de aniversário, fomos ao Hachiko - o restaurante japonês do centro do Rio. Já fiz um post sobre ele aqui e realmente eu gosto muito de lá.

Como o restaurante é do tipo "All you can eat", e ainda serve diversas porções de experimentos ou inovações, é óbvio que tem dias que são melhores. Talvez seja devido a problema organizacional da equipe ou reorganizacional enfim... às vezes pode ser o meu próprio dia, pois tem dias que estamos mais desejosos de algo diferente, etc. Não dá para identificar claramente o motivo, mas a verdade é que tem dias que você pensa "nossa, hoje a comida aqui surpreendeu".

E talvez isso seja difícil de reconhecermos de modo apropriado... Digo isso porque, mesmo que tenhamos sentido algo a mais que um restaurante nos tenha oferecido, se não formos estimulados - tipo: "tudo estava bem?" -, a verdade é que dificilmente nós paramos para elogiar o "trabalho" e a comida que nos proporcionou momentos de pura alegria.

Faço uma "mea culpa", talvez até uma culpa inteira... rs. Mas me sinto mais apto para questionar algum problema do que mesmo elogiar.

Talvez tenha sido exatamente isso que aconteceu quando chamei o maître/gerente do Hachiko e disse: "Olha, hoje tudo estava perfeito. A lula estava ótima, os sashimis, sushis... É isso."

O gerente olhou pra mim, e como se esperasse algo que eu viesse a complementar de negativo, no fim da minha frase disse: "MAS...?"

Mas não tinha "Mas...?"! Tudo havia sido perfeito. Depois que saí do restaurante, pensei se realmente a minha abordagem havia sido uma abordagem de tom negativo mesmo cheia de elogios, ou se realmente a maioria das pessoas só se abordam para apontar problemas, mesmo difarçados de elogios - o famoso: "tá tudo muito bom, MAS...".

Acredito que a minha dúvida tenha ultrapassado o campo gastronômico e ido além da relação cliente/restaurante ou comensal/garçom. Mas, de alguma forma, é importante termos uma certa consciência dos nossos atos, ou melhor, dos atos que não procedemos, para tentarmos ser menos obtusos.

Se é que isso é possível, né?

Beijos e abraços,

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Hachiko
Travessa do Paço 10 - Centro.
Tel.: 2533-6366

sábado, 27 de agosto de 2011

Bar Urca


Amigos e amigas,


neste último sábado eu tive a oportunidade de ir ao Bar Urca - muito famoso pelos seus muros junto à baía de Guanabara.

Sábado, com sol e não tão cheio: uma oportunidade ótima para retornar até aquela esquina junto à vila militar e aproveitar uma das melhores cenas do RJ - talvez um dos mais emblemáticos cartões postais da cidade!

Pedimos de entrada dois pastéis de camarão. Bem gostoso e sequinho, o pastel me abriu o apetite.

Cheio de vontade, resolvi pedir uma porção de lula à dorê pra desfrutá-la em cima dos muros da Urca.

Talvez uma das coisas que me deixam mais triste seja pedir uma coisa que eu gosto muito e ficar totalmente frustrado com a qualidade do pedido servido.


Pois é... A lula à dorê que eu gosto é aquela sequinha, crocante e com a carne macia. A porção oferecida pelo Bar Urca possuía a carne bem macia, é verdade, mas com uma massa no entorno de cada anel que mais lembrava um omelete, tamanha era a quantidade de... ovo (?).

A massa ainda veio encharcada de óleo, o que deixou a porção totalmente incapacitada de ser consumida por completo...

Uma pena! Com uma vista tão bonita, a casa não poder oferecer uma lula nessas condições.


Me restou beber apenas uma cerveja e contemplar a vista.

Beijos e abraços,


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Bar Urca
Rua Cândido Gaffre, 205 - Urca.
Tel.: 2295-8744

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Rio Minho


Amigos e amigas,

recentemente fui convidado para acompanhar um grupo a um restaurante que eu adorei: Rio Minho.

O restaurante se auto-intitula como o restaurante mais antigo do RJ - segundo eles, fundado em 1884. Eu pensava que fosse o Café Lamas.

O restauarante fica no inicio da rua do Ouvidor, quase junto do viaduto da perimetral.
Pedimos um mix de frutos do mar que agradou a todos: lula, polvo, cavaquinha, camarão, mexilhão e um filet de cherne. Batatas douradas e arroz com brócolis vieram acompanhando o prato.

Bebemos um vinho bem simples, mas que fluiu perfeitamente para um almoço com os amigos: Vetisqueiro Chardonnay Reserva

O garçom, muito simpático, nos atendeu com bastante eficiência e, assim, confirmou a qualidade de um bom restaurante: boa comida e bom serviço.

Se estiver no centro do Rio, acredito que valha a pena conhecer esta centenária casa! Fica a dica.

Beijos e Abraços

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Rio Minho
Rua do Ouvidor, 10 -Centro.
Tel.: 2509-2338.



sábado, 16 de julho de 2011

Adéu Barcelona!!

Amigos e amigas,

não posso deixar de comentar, antes de acabarem as minhas lembranças de Barcelona, sobre alguns locais, não gastronômicos, mas de boa comida e ou de boa indicação para conhecer.

Apenas três "tiros"... Três escolhas... Três escolhas que foram excelentes quando foram utilizadas.

1) IL CAFFÉ DI FRANCESCO

A Paseig de Gracia é a Champs Elysées de Barcelona: onde se encontram as lojas chiques, como Channel, DG, CH, etc. Também estão lá os dois prédios que possuem a assinatura de Gaudí: La Pedrera (casa Milá) e a casa Battló. Há diversos restaurantes na Paseig de Grácia, muitos estrelados no Michelin, inclusive.

No entanto, a minha dica é o Café di Francesco que está colado no hotel SixtyTwo - aliás muito bem comentado, mas não posso falar nada pois não entrei no SixtyTwo. Este café foi o meu refúgio em diversos momentos da viagem - pricipalmente para um lanche rápido. É... Ele é um café mesmo, nada muito sofisticado, mas muito confortável. O que mais gostei foi a simpatia dos atendentes - coisa relativamente rara em terra catalã.

2) LA BOTIGA

Era um domingo. Um domingo especial, pois o time do Barcelona iria ser recepcionado pela sua torcida no estádio Camp Nou com uma grande festa devido a sua conquista, no dia anterior, pela liga dos campeões.

O meu amigo "europeu", Ricardo, que mora há anos em Barcelona, passou no meu hotel e me carregou para ir até o estádio ver a festa que acontecia por lá! Muito organizado e muito bonito todos aqueles torcedores aplaudindo o melhor time da Europa.

Na saída, as ruas estavam intransitáveis de gente... Resolvemos acahar um restaurante para dar um tempo, quando encontramos o La Botiga - uma grata surpresa.

Comemos umas croquetas de jamón - devo confessar, as melhores que tive oportunidade comer - e bebemos uns pares de canãs de cerveza. Bebemos não. Bebi, pois o Ricardo não passava bem há dias... rs

Infelizmente, não adentramos dentro do cardápio do La Botiga, mas rondei as mesas e a cozinha e vi boas coisas por lá.

São dois restaurantes bem próximo um do outro.

Fica a dica!

3) HOTEL CASA FUSTER

Nos foi recomendado conhecer o bar do Hotel Casa Fuster - hotel localizado também na Paseig de Gracia.

Hotel de fachada muito elegante, possui um bar bonito e bem aconchegante. Chegamos cedo e apenas beberiquei um Negroni - com um jazz ao fundo.

Talvez essa dica seja mais turística do que de fato gastronômica.

Espero que tais dicas, sirvam como alguma referência.

Até a próxima,

Beijos e abraços,

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domingo, 12 de junho de 2011

Comerç 24

Amigos e amigas,

talvez este seja o último restaurante sobre o qual pretenda escrever nessa minha breve passagem por Barcelona (talvez escreva mais um post sobre outras "tipicidades"). Já de volta ao Brasil há muito tempo, com certeza esse post é mais sacrificado pela minha lembrança, já que a minha memória há tempos pede um pouco de Ginko Biloba.

Escolhemos o Comerç 24, do Chef Carles Abellan, por saber que era um dos restaurantes points de Barcelona... Mas poderíamos ter ido a muitos outros, pois opções é o que não falta em Barcelona.


A verdade é que, ao contrário do DiverXo, de Madri, o Comerç 24 - que fica na carrer (rua) Comerç, número 24 - extrapola o uso do conceito cozinha molecular. Bolas com aparência de coco, mas que foram manipuladas em gelatinas, se transformam em texturas e tamanhos irreais, mas na verdade é realmente coco com a infusão de líquidos e sabores surpreendentes. Olha, não estou elogiando! É surpreendente, porque é inesperado... Chega a ser interessante, no primeiro momento, mas enjoativo e artificial no instante seguinte.

Mas vamos falar das coisas boas: um dos pontos fortes foi a entrada. Pães e diversos azeites - tanto os de sabores mais leves, oriundos da região da Catalunha, como os de sabores mais intensos, um da Andaluzia e um último da região da Extremadura...

Depois dos pães foram servidos uns "tapas" legais: primeiramente, o filo parma basil, que consistia em uns sticks de queijos com folhas de manjericão nas pontas; depois umas mini pizzas também muito gostosas; em seguida, o monkfish (tamboril), servido como se fossem sashimis temperados com gergilim negro e alho negro também...

Vieram depois dos "tapas" a sucessão de exageros: 1) o Bangkok asparragus soup, que era o coco ja citado acima em um bowl, que mais parecia preenchido por um consomê do que por uma sopa. E os aspargos? Não apareceram... Nem o cheiro, rs. 2) foram servidos os cockles (vôngoles) dentro de cápsulas de gelatinas transparentes, em meio a um caldo (dashi) que mais parecia ser feito à base de carne/vitela; e 3) por último veio, pra completar as três (des)graças do exagero no uso da técnica da cozinha molecular, o prato que se chamava consomé: feito do mesmo caldo do prato anterior, com seis bolotas com sabores de ovo, queijo parmezão e trufas... Tais ingredientes foram convertidos, novamente, em esferas gelatinosas...

Ainda houve tempo para ser oferecido um Kinder ovo: um creme/espuma de ovo servido na própria casca do ovo. O garçom chegou a dizer que no fundo do ovo haveria uma surpresinha. Só não revelou qual era. Mas revelo desde já, rs: no fundo havia um sabor de trufas.

Não é que o creme de ovo com trufas estivesse ruim... O problema era o excesso de ingredientes "retorcidos" que dava um aspecto artificial em demasia, e transformou a sequência dos pratos em um ritual ruim e até mesmo desagradável.

Na continuação, foi servido um salmonete, peixe de sabor bem forte, que foi servido em uma linda decoração sobre o prato - o que mostrou que a organização da cozinha, ou o mise en place, deveria ser no mínimo bom. Afinal, depois de tantos pequenos pratos servidos... este prato estava muito bom.

Por último, ainda foi servido um cochinillo que, em minha memória, não foi registrado nada que valesse a pena comentar.

É... e as sobremesas? Também não foram nada que merecesse grandes destaques.

A primeira que lembro foi um pudim de chocolate, servida com gotas de azeite e sal. É... uma sobremesa com sal, daquela maneira, foi diferente... Mas não me chamou nem um pouco a atenção.

Lembro também de um chá, o Natural "Nestea", de dois sabores que nos foi servido: em um mesmo copo a metade superior consistia em um chá verde, denso e espumoso, e a metade inferior era, se não me engano, de pêssego. Este chá duplo foi sem dúvida o que eu menos gostei dentre todas as sobremesas oferecidas.

O doce que mais me atraiu foram uns bastões de nougat com chocolate e café.

Há pouco tempo, vi uma entrevista da Chef Paola Carosella, do restaurante Arturito, em São Paulo, no programa Sala Vip, do jornalista Salomão Schvartzman. Ela defendeu a ideia de que a comida molecular chegou, mas é uma moda que tem tempo pra acabar... Isto porque as pessoas preferem comer coisas mais caseiras; e que comidas extremamente elaboradas seriam bom para uma ocasião especial... Não para o dia-a-dia.

Concordo em parte. Minha divergência sobre tal crítica da Paola é em relação ao uso da técnica sob medida. Em outras palavras: usando tal técnica de modo adequado, a cozinha molecular veio pra ficar. Lembro a todos que, em algum ponto da nossa história, alguém colocou os alimentos em uma panela e esta sobre o fogo... Com certeza, alguém achou isso muito louco e chamou tal técnica, na época, de algo próximo de cozinha "molecular", que não ia ficar pra sempre... Hoje nem percebemos, mas tal técnica está incorporada ao nosso dia-a-dia e faz parte de todo o "processo" - para muitos, alta gastronomia está associada a um "processo".

Na edição deste mês (julho/2011) da Playboy, há uma reportagem sobre duas casas que estão se destacando dentro do conceito "cozinha molecular": 1) o restaurante El Celler de Can Roca, eleito o segundo melhor restaurante do mundo; e 2) a "drinkería" 41˚, pertencente ao provável pai desta tendência gastronômica, Ferran Adrià. Ambas localizadas na região da Catalunha.

Eu, sinceramente, ao ler essa reportagem, tive muita vontade de visitar tais casas, assim como gostaria de retornar ao DiverXo, que surpreendeu do início ao fim, com boa técnica. De qualquer forma, uma certeza eu tenho: não gostaria de retornar ao Comerç 24!

Beijos e abraços,

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sábado, 11 de junho de 2011

Mercado de la Boqueria

Amigos e amigas,

em minha passagem pela cidade de Barcelona, fiquei muito impressionado com o mercat de la Boqueria - localizado na região de Las Ramblas. É muito maior que o Mercado San Miguel, de Madri, mas bem menos sofisticado. Mas nem por isso o desqualifica ou o torna menos atrativo. Aliás lá se encontra de tudo... Até pizza pra comer - que por sinal, bem gostosa.
Deixareis as fotos falarem por si.




Beijos e abraços,


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El Asador de Aranda

Amigos e amigas,


durante a nossa visita a Barcelona, o meu guia, Ricardo, que já mora em Barcelona há um bom tempo, me deu algumas sugestões de restaurantes. Dentre as dicas, ele me indicou que eu fosse a Casa Lucio, em Madri, e ao El Asador de Aranda, em Barcelona.

Não pudemos ir a Casa Lucio - que soube que era muito bom -, mas, no entanto, aproveitamos para conhecer El Asador de Aranda. El Asador de Aranda possui filiais em diversas cidades, inclusive em Madri. Em Barcelona, inclusive, possui muitas casas.

Na verdade, resolvemos ir no El Asador de Aranda que está localizado no alto da avenida Tibidabo, no bairro de Tibidabo: logo após fazer um circuito turístico pela região - e passar pelos prédios que serviram de locação para o filme "Vicky Cristina Barcelona" (Avenida ibidabo 53) -, quase no alto da colina foi possível avistar uma casa bem imponente que abriga El Asador de Aranda.

O restaurante é bem bonito realmente, mas não deixa de ser uma "churrascaria"... Melhor, um restaurante de assados: não tem nada a ver com a nossa habitual churrascaria. Os pratos típicos são os assados de porco, os tão célebres cochinillos, que são os porquinhos com até 21 dias, e os cordeiros.

De entrada dividimos uma salada bem diversa, juntamente com um Jamón Bellota. Um pouco depois dividimos um chorizo de la Olla, que consiste em uma espécie de linguiça de sabor bem forte - não gostei.

Como prato principal, comemos chulletilas a la brasa (uma costeleta de cordeiro), bem saborosa, e um entrecôte (contra filet), apenas bom. Ambos os assados vieram numa pequena churrasqueira na brasa onde as carnes ficavam sobre uma grelha. A crítica é que as carnes vinham sem acompanhamento, o que para nós, brasileiros, é algo estranho, já que somos acostumados a comer churrasco com farofa, arroz branco e até batatas - mas, como diz meu amigo Mottinha, em terra estrangeira, boi é vaca!

Sem dúvida, as nossas churrascarias são mais variadas e até mesmo mais gostosas. Mas valeu pelo passeio e, principalmente, para conhecer um pouco mais sobre a região de Tibidabo. No tocante à comida, não diria que tenha sido uma grande descoberta.

Beijos e abraços,

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

La Llavor dels Origens

Amigos e amigas,

Em meu primeiro dia em Barcelona, tive a oportunidade de conhecer o restaurante La Llavor dels Origens - restaurante bem descontraído, onde o forte é a comida Catalán.

Muitos jovens frequentam este restaurante e, segundo o meu guia de Barcelona, Ricardo, que mora por aqui há uns 5 anos, é um restaurante de tanto sucesso que já há franquia dele... Há uma dica (ou se preferir uma contra dica)- é se evitar o restaurante 7 Portes - segundo meu nobre guia Ricardo, o restaurante ficou extremamente turístico, o que perdeu a originalidade e qualidade de suas refeições.

O que me chamou atenção logo de início foi o cardápio: em formato de revista, não só explicava o prato, como também mostrava fotos de todos os ingredientes e temperos que acompanhavam a refeição. Ainda mostrava em uma mapa ao lado onde era a região de procedência da receita.



Bebi duas cervejas da fábrica Damm de Barcelona - primeiro, a Estrella, mais tradicional, e posteriormente, a Weiss, de trigo. A últuma era bem encorpada e de cor amarelo bem forte.

A comida foi iniciada com uma "coca" - uma espécie de bruschetta de tomate, anchovas e azeitonas pretas.

Comi uma lula recheada em um molho estranho, mas petisquei diretamente os pratos dos demais: uma sopa de cenoura com hortelã fria - interessante - e um caneloni de "carnes".

O melhor foi uma pequena sobremesa que era em um copo comprido e fino, onde tinha uma cobertura de marshmallow e embaixo um creme de limão com pedaços de morango. Muito interessante.

Achei o restaurante razoável, com preços legais. Acho que é uma boa opção para se iniciar na comida catalán .

Beijos e abraços,

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Botín - O Restaurante Mais Antigo do Mundo

Amigos e amigas,

antes de continuar a minha jornada pela Espanha, preciso escrever sobre o restaurante Botín.
Reunimos a família e fomos todos lá... O Botín se auto intitula o restaurate mais antigo do mundo - segundo eles, a data de fundação é de 1725, século XVIII. Ele tá inclusive no guiness.

Quando chegamos lá, um grupo de turistas ingleses passava de frente a ele e a guia dizia que o rei Juan Carlos, eventualmente, ia no Botín e que o Goya já trabalhou lavando prato lá.


Fomos conduzidos ao subsolo do Botín, que mais parecia uma cave.

Pedimos de entrada uma croqueta de jamón e morcilla de burgos - uma linguiça de sangue com arroz. Não é todo mundo que gosta! rs

Bebemos um vinho da casa, um Crianza da região de Rioja - Viña Salceda. Excelente preço, excelente vinho. No Brasil, essa garrafa custaria uns 50 reais... E ainda querem que o brasileiro beba vinho!!

Bom, como a especialidade da casa são os assados, pedimos um cochinillo - segundo a propaganda da casa, cerca de 4 carregamentos semanais, diretamente da Segóvia, chegam por lá. Segóvia é o principal reduto dos porquinhos com até 21 dias, que são abatidos para serem degustados.

A carne era bem tenra e a pele, bem gordurosa. Sem dúvida nenhuma, um prato pesado, mas comemos com gosto. Veio acompanhado de apenas uma batatinha cozida.

Outro clássico da casa é o cordeiro assado. Mas este não pudemos provar.

Mas fica o aviso: o peixe é horroroso. Minha mãe, querendo evitar um prato mais pesado, pediu um linguado. Após o prato chegar, ela disse que não ia comer. Provei e vi que realmente o prato estava péssimo. Talvez pelo fato de que a especialidade da casa sejam os assados...

O garçon, de modo gentil, perguntou se não havia gostado e que, caso não fosse comer, não seria necessário pagar... Depois pensei: talvez eles mesmos saibam que o peixe deles não é o "forte" da casa.

Após o almoço, pedimos um arroz doce - muito bem comentado - e uma torta San Marcos. A torta San Marcos é um grande clássico da Espanha. Achei bem interessante... Tem que ser provada.

Este foi o nosso último restaurante que tivemos oportunidade de ir em Madri. As malas já estão prontas para ir para Barcelona... O que encontrarei por lá, hein?

Beijos e abraços,


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Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!