sábado, 26 de janeiro de 2013

Massa, funghi, trufas e espumas

Amigos e amigas,

o CT Trattorie, localizado onde era o Boteco (Bistro) 66, é um ótimo restaurante de massas. É a cantina da família Troisgros. Todas as invencionices ligadas a massas frescas, de grão duro, risotos, saladas italianas etc estão disponíveis no cardápio dessa casa. Inclusive, uma atenção maior aos vinhos italianos, na carta de vinhos da casa.

Mais um restaurante "Troisgros"

Após ter me encantado e ido já algumas vezes a casa, sinto-me transtornado após uma seguidora do Instagram fazer um comentário negativo sobre as espumas que decoram e acompanham diversos pratos. No caso, eu havia postado uma foto de um risoto de camarão com pupunha, que vinha acompanhado com uma espuma de azeite de trufas bracas. O comentário foi "tirando a espuma, parece bom".

Polenta com gorgonzola derretido: esse não tem espuma!

É, na verdade, eu refleti e me perguntei: por que da espuma?

Não sou cozinheiro, nem fervoroso fã da cozinha molecular - embora ache que há coisas pro bem e pro mal nessa escola -, de modo que se eu quisesse explicar a necessidade de se introduzir espumas com sabores, eu fracassaria.

Risoto de camrão e palmito com espuma 
de azeite de trufas brancas: o "causador" do post.

Mas, notoriamente, há uma predileção neste CT em se misturar espumas nos pratos: na polenta de funghi (funghi porcini assado e trufado), no fettuccine de funghi com azeite trufado, no risoto de camarão já citado...

Engraçado porque realmente a comida italiana é geralmente uma refeição "segura" de se comer em qualquer restaurante, no mundo inteiro. Você viaja para a Tailândia, mas se você não quiser se arriscar, basta achar um restaurante italiano que se satisfaz sem riscos.

Fettuccine de funghi com 
espuma de azeite trufado: maravilhoso!

Realmente a minha seguidora tem razão: não é das coisas mais belas, esteticamente falando. E da forma com que a espuma é acomodada dificulta ver o prato de frente. Talvez isso assuste as pessoas mais tradicionais.

Profiterólis de frutas vermelhas: 
pra esquecer qualquer espuma.

O que eu posso escrever a favor de todas estas espumas é que elas são muito saborosas e com certeza será muito difícil alguém não gostar dos pratos. Na minha opinião, o melhor prato da casa que comi é o fettuccine de funghi com espuma de trufas.

Agora, se realmente tais espumas vão se sustentar diante da tradicional culinária italiana... Bom, do jeito que esta 'trattorie' está cheia de gente à espera de uma mesa, acredito que vai sim.

Único ponto negativo da casa, assim como em todos os outros restaurantes da cadeia, é que aqui também se cobra 12% pelo serviço. Aliás, sobre essa questão, também dá para escrever um post! Mas isso é uma outra resenha...

Beijos e abraços,


Twitter/Instagram
@viverparacomer

CT Trattorie
Rua Alexandre Ferreira, 66 - Lagoa
Tel.: (21) 2539-0033

sábado, 19 de janeiro de 2013

Comida aconchegante

Amigos e amigas,

uma das coisas que eu prometi a mim mesmo nessa virada de 2012 para 2013 era conhecer novos restaurantes fora do eixo Centro-Zona Sul do Rio de Janeiro.

Dentre os vários que já escutei falar muito bem, o Aconchego Carioca era uma vontade antiga. Havia escutado que ele tinha feito um grande sucesso no "Comida di Buteco", festival que acontece anualmente no Rio, elegendo as cozinhas dos melhores botecos do RJ.

No entanto, ouvi também que a proprietária havia retirado o Aconchego Carioca desse festival, pois como ela não ganhava, achava injusto a participação do seu restaurante. Não sei se é verdadeira a história, mas foi o que eu escutei...

Da mesma forma, umas amigas minhas - que são super bagunceiras - me disseram que tentaram ir ao Aconchego Carioca durante o período do festival "Comida di Buteco", mas acabaram sendo proibidas de entrar na casa por excesso de bagunça!

Okay...

Ano passado, o Aconchego Carioca havia ganho o prêmio da 'Veja Rio' de melhor restaurante brasileiro. Isso, pra mim, não quer dizer nada, porque tem cada "bomba" que ganha prêmio da "Veja Rio"; e vida que segue...

De qualquer forma, um boteco (ou restaurante?) que venha a ganhar o prêmio de melhor restaurante de comida típica brasileira tem que ter algum diferencial.
A fila nada convidativa de espera.

Chegamos tarde. Aliás, bem tarde. E a espera era de, pelo menos, 1h  e meia. Como tínhamos um evento no final do dia no bairro do Cachambi, resolvemos seguir os ensinamentos bíblicos de Jó e aguardarmos pacientemente pela recompensa.

A fila foi lentamente se desfazendo, parte por desistência, parte por existirem mesinhas do lado de fora do restaurante que acabaram podendo fazer pedidos - me foi explicado que as mesas de fora são para dar apoio na espera e geralmente não são servidas refeições. Acontece que, no sábado em que fomos, havia uma mesa gigante que ocupava quase 1/3 do restaurante comemorando o aniversário de uma menina, fazendo uma algazarra e atravancado todo o fluxo de rotatividade do restaurante.

Quando chegamos junto à organizadora da fila, que logo percebi ser a sócia-proprietária de tantas histórias folclóricas, fiquei um pouco na dúvida de como estaria o nível de tensão e simpatia da casa. 
Digo isto porque realmente havia uma tensão muito grande de todos os funcionários no tocante a acomodar os comensais que aguardavam na fila, bem como uma tensão enorme de quem estava na fila, aguardando para comer.

A sócia-proprietária estava preocupada não apenas em organizar a fila, mas visivelmente estressada com o funcionamento da casa e com a administração da mesa gigante. No entanto, foi super atenciosa com todos os pedidos dos clientes que aguardavam na fila.

Lembro que um casal que aguardava na fila atrás de mim com uma filha pequena (cerca de 8 anos) pediu para que fosse acomodado rapidamente para que sua filha se alimentasse. A proprietária atendeu. 
Nesse momento, criou-se uma dúvida filosófica: vale a pena para um casal aguardar com uma filha pequena almoçar em um restaurante, que já anuncia desde a chegada que o tempo de espera é de 1h e 30? 

Não sei se vale nem pra mim, nem pra ninguém. 

Alegar apenas no final que possuía uma filha pequena que estava faminta, depois de a família ficar a fila toda incólume e se sentar 20 minutos antes, fez muita diferença? 

Não era melhor ter solicitado uma mesa "com prioridade" assim que chegou?

Se eu não tivesse um evento que começaria mais tarde, sem dúvida eu não teria ficado. Bom, ficaram as dúvidas filosóficas, juntamente com o bom senso, pairando no ar...

Quando eu estava começando a ter certeza de que a paciência de Jó era mais do que uma devoção e sim um sinal patológico de masoquismo, eis que nos aparece uma mesa.

Beberiquei uma Terezópolis, juntamente com um pastelzinho de entrada sensacional!
Como a carta de cerveja de lá é excelente, não sabia nem qual cerveja pedir. O garçom que nos atendeu, muito simpático, demorou uma eternidade para trazer a carta de cerveja - provavelmente explicado pela tensão do dia.

Depois de quatros solicitações, ele me trouxe o cardápio e, muito gentilmente, me explicou todas diferenças entre IPA, Lager e Pilsner da Brooklyn Brewery.

A East IPA da Brooklyn Brewery.

Acabei experimentando a India Pale Ale (IPA) da Brooklyn Brewery. Bem forte e com muito sabor, acredito que vale a pena ser experimentada.

Os pastéis de entrada, que pedimos assim que sentamos, eram sensacionais: metade da porção de camarão e a outra metade de queijo com espinafre e castanha do Pará. Muito bons.

Tem coragem? Deliciosos.

Um tempinho mais tarde, chegou o nosso bobó de camarão, acompanhado de arroz branco e farofa amarela.

Depois de tanta espera, a recompensa: foi um dos bobós mais gostosos que já comi. Consistência perfeita, o bobó tinha tempero vivo. Explico: era possível sentir a frescura do coentro a cada garfada. Não conseguia parar de comer. Já tinha saciado a minha fome, mas me recusava a deixar uma garfada na panela de barro. Divino.

O nome desse bobó deveria ser: "quel émotion!"

E, sem dúvida, o prato era muito bem servido e também era suficiente para, pelo menos, 3 pessoas com fome e 4 pessoas de apetite moderado. 

Pra finalizar, pedimos uma almofadinha doce. Uma espécie de pastel à base de tapioca, com doce de leite, temperado com canela e acompanhava ainda uma bola de sorvete de creme. De comer chorando...

Diante de tantas histórias contadas no início desse post, que nem sei se são verdadeiras, o fato que constatei é que o Aconchego Carioca não é bar e também não é um boteco. É um excelente restaurante. 

Teve alguns deslizes quanto ao serviço, mas em relação à comida é sem dúvida divino.
Espero voltar lá, em breve, mas cedo para não pegar aquela fila de Jó.

Beijos e abraços,



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@viverparacomer

Aconchego Carioca
Rua Barão de Iguatemi, 379 - Praça da Bandeira
Tel.: (21) 2273-1035

domingo, 13 de janeiro de 2013

Thai Brasil, em Paraty

Amigos e amigas,

de todos os restaurantes que estive em Paraty recentemente, o que eu mais gostei foi o Thai Brasil.

A entrada toda estilizada

Quando chegamos, o restaurante estava todo ocupado. Uma atendente disse que não poderia colocar uma mesa no pátio interno, descoberto, pois havia um cliente que já havia pedido e ela negado.

Cinco minutos depois, apareceu um garçom simpático e alto astral que logo depois disse: "Como é que eu não vou acolher esses todos esses clientes em uma mesa no pátio, lá fora, com esse céu estrelado maravilhoso?". Como éramos ao todos 8 comensais, só lá mesmo poderíamos ser acomodado de forma agradável.

Clima descontraído do restaurante

O restaurante é super alto astral e muito bem decorado. É um clima descontraído, com temática tailandesa, é claro, mas sem exagerismos. Também tem um empório que vende produtos asiáticos, ao lado da cozinha.

Vieiras thai

Após acomodados, o garçom começou a trazer as bebidas: alguns chás de entrada e para mim algumas cervejas.

De entrada comemos umas vieiras excelentes.


De prato principal, um camarão ao curry vermelho, que segundo o garçom, era nível 5 de ardor. Isso porque pedi bem forte.



O "quente" camarão com curry vermelho nível 5

O prato estava excelente. E o ardor não decepcionou.



Arroz de jasmin acompanhou o prato.

A Carol acabou pediu um tradicional Pad Thai que não decepcionou.
Pad thai

Após a nossa refeição, batemos um papo com a alemã radicada no Brasil há anos. Ela e a filha dela comandam a grande cozinha aberta.

O papo descontraído na simpática cozinha 

Valeu muito conhecer o restaurante Thai Brasil!

Beijos e abraços,


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@viverparacomer

Restaurante Thai Brasil
Rua do Comércio, 308A - Paraty
Tel.: (24) 3371-2760

domingo, 6 de janeiro de 2013

Réveillon, Paraty e Punto Divino

Amigos e amigas,

Feliz ano novo.

Paraty tem muito charme e é uma das cidades mais interessantes do estado do RJ. Tem história, tem bons restaurantes, praias e cachoeiras maravilhosas. É possível sentir toda a história de Paraty só andando pelo seu centro histórico. Com as pedras do calçamento, chamadas de 'pé-de-moleque', o simples caminhar pelas suas ruas é uma aventura.

O calçamento de pedras "pé de moleque"

A arquitetura colonial do centro histórico é considerado patrimonio nacional, tombado pelo IPHAN. E o que mais encanta na arquitetura dos sobrados é a simplicidade. Muito dessa arquitetura vem da tradição da região em produzir e escoar açúcar e a de produzir cachaça nos alambiques dos diversos engenhos que pipocaram entre os séculos XVII e XVIII.

E Paraty possui a mata atlântica ao lado de praias maravilhosas. Sem dúvida, Paraty é uma perdição para quem  gosta de um contato mais próximo com a natureza.

Paz e tranquilidade

Infelizmente, o réveillon talvez não seja a melhor época para se conhecer Paraty. Aliás, estou cada vez mais certo de que não é o momento para se conhecer nenhum lugar.  Muita gente, hordas de carros desgovernados, stress, transito e horas e horas na estrada para voltar para casa, tiram a paciência de qualquer um.

No tocante aos restaurantes, Paraty também tem uma diversidade interessante. Naturalmente, não se pode julgar os restaurantes de cidades menores com os das grandes capitais. Também deve-se procurar nos restaurantes locais, os ingredientes que tais regiões podem nos oferecer de melhor. Caso contrário, é possível você se deparar com alguns "extremos"...

Esse réveillon pude atestar alguns restaurantes. E justamente foi no Punto Divino que percebi esses extremos.

Chegamos cedo para almoçar - estratégia que uso em tempos de "guerra", de feriado prolongado. Nós éramos ao todo 4 casais. O restaurante estava bem vazio, pois todos estavam na praia por volta das 15 h. Lembro que nesse dia Trindade - vilarejo de praias, ao lado de Paraty - simplesmente parou. Quem foi para lá não conseguia parar o carro e também não conseguia sair do vilarejo.

Enquanto a multidão se degladiava para estacionar ou voltar da praia, nós, felizmente, aproveitávamos um Miolo, Chardonay, enquanto esperávamos as nossas entradas. Bruschetta de tomate e uma bruschetta de funghi. O primeiro extremo: a bruschetta de tomate deliciosa. Já a bruschetta de funghi de razoável a ruim.

A arquitetura local e a multidão

Como pratos principais, uma variedade foi pedida: raviole de ricota com espinafre ao molho de manteiga com sálvia; gnocchi de gorgonzola; Penne alla norma, servido com queijo parmezão no lugar de ricota; e spaghetti Mare e Mata.

Escrevi em ordem, que vai de razoável a excelente.

Achei o raviole de ricota com espinafre sem emoção e o molho de manteiga com sálvia boboca. Já o gnocchi de gorgonzola um pouco pesado, mas bom.

Raviole com o seu molho boboca

Diferente estava o penne alla norma - mesmo sem a ricota, a massa e o molho estavam muito bons.

Penne alla norma: com abobrinha e parmezão

Por último, o Spaghetti Mare e Mata estava sensacional. Camarões e uma grande vieira ornavam o prato que vinha com um molho super saboroso, a base de redução de cachaça. Sem dúvida, a grande pedida da casa.
Spaghetti Mare e Mata: temperado com raspas de limão

Acredito que, como escrevi anteriormente, é importante observar quais ingredientes podem ser obtidos na região. Lembro que há mais ou menos uns 5 anos, visitei uma fazenda de vieiras em Angra dos Reis. Quando vi que o Spaghetti Mare e Mata vinha acompanhado de vieiras, não titubeei. E não me arrependi!

Abrimos sem dúvida nenhuma super bem a nossa viagem de réveillon.

Mesmo com todos os inconvenientes de uma cidade pequena super lotada.

Beijos e abraços,


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@viverparacomer

Restaurante Punto Divino
Rua Marechal Deodoro, 129 - Paraty
Tel.: (24) 3371-1348 

Quem sou eu

Minha foto
Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!