sábado, 29 de agosto de 2009

Comendo no Verão Europeu - Hossegor e Barcelona

Amigos e amigas,

o nosso blog despontou na Europa. Dois amigos do blog resolveram fazer uma surf trip no verão europeu, mais especificamente na costa atlântica da França. Como resultado, os dois trouxeram relatos de duas preciosidades para o Viver Para Comer!

Farei uma breve apresentação dessa aventura:

Nossos protagonistas:

- João Villela, que é cineasta, roteirista e, sem dúvida nenhuma, um poeta. É o melhor soul surfer de Ipanema da atualidade.

- Ricardo Torres, que, além de mestre em economia pela PUC, trabalha atualmente na indústria fonoaudiográfica de Barcelona.

Nossos cenários:

- Hossegor, França: considerado o melhor beach break de surf do mundo. Foi lá onde o lendário Tom Curren se refugiou quando foi casado com uma francesa. Eu particularmente conheço a cidade, que, na minha opinião, é junto com Biarritz, também localizada na França, uma das cidades mais interessantes de surf que já conheci.
Quem deseja ir a França, mesmo que não surfe, deveria conhecer essas cidades em Landes - a algumas horas dos melhores vinhos da França, ou seja, da cidade de Bordeaux.

- Barcelona, Espanha: a cidade em que todos os europeus sonham em viver. Além de tudo, o Ricardo, que habita por lá há anos, jura de pé junto que tem boas ondas vindas Deus sabe lá de onde, no mar mediterrâneo.

Bom, segue a resenha européia, escrita pelo João, com a colaboração do Ricardo.

"Como admirador do blog tive a idéia de aproveitar a minha surf trip pelo sul da França e Espanha com o Ricardo para falar de dois restaurantes nos quais comemos.

1) Le Napoli - Hossegor, França


É um restaurante que apesar do nome, não é inteiramente italiano, sofre influências da culinária francesa e espanhola. No verão às vezes é complicado conseguir mesa, e por isso é bom chegar ou cedo ou tarde, mas cuidado que a cozinha fecha às onze. Da última vez que eu estive aqui, há dois anos atrás, guardei boas recordações.

Pra começar pedi uma Salada de Presunto de Parma (ou Jambon Ibérico) com torradas com molho de tomate, tipo brusqueta. Para beber pedimos cerveja na pressão porque estávamos precisando de algo refrescante depois do surfe, mas vale lembrar que estamos a uma hora de Bordeaux, e um vinho é sempre uma boa pedida por aqui.


O Ricardo pediu a Salada Camembert Ranchero, um camembert rústico inteiro derretido, acompanhado de uma salada de alface e tomate. Excelente o prato, apesar de ser um pouco pesado para comer sozinho, pois estamos falando de muito queijo. Perfeito para dividir. Soubemos depois por uma amiga francesa, que trata-se de uma das especialidades do local. A cerveja na pressão, o nosso chopp, era ótima, e como aperitivo, te servem uma porção de amendoim grátis para acompanhar.

Como prato principal eu pedi um Entrecôte com molho de Champignon e Espaguetti. Estava ótimo e olha que eu estava com bastante fome e o prato me satisfez completamente. O Ricardo pediu uma pizza, que era também uma das especialidades da casa. Igualmente boa, feita no forno à lenha.

Pedimos sorvete de chocolate artesanais para fechar. Tudo bem feito e de bom sabor.

2) Restaurante Gravin - Barcelona, Espanha.

Esse restaurante fica próximo ao bairro gótico de Barcelona. Um lugar de construções antigas, parte de Barcino, a Barcelona medieval, na qual carro não entra. É um italiano pequeno, bem roots. Inclusive todo o staff é italiano.


O mais agradável é sentar no lado de fora, mas às vezes é difícil conseguir uma mesa. Para beber pedimos um Lambrusco, típica bebida italiana do verão, um espumante local. Pra começar pedi um Spaguetti à Carbonara, que estava bem gostoso. Com a pasta al dente e pedacinhos de presuntos fritos. Depois pedi um Entrecôte. A carne veio bem passada demais pra o meu gosto.


O Ricardo comeu de entrada uma Salada Caprese, com mussarela italiana, de primeira qualidade e cortada em tiras bem finas. Em seguida, comeu seu prato favorito do local, um Risotto al Funghi con Gorgonzola.

De sobremesa, preferimos tomar um sorvete na rua. Recomendo. É um italiano honesto que satisfaz, com bom atendimento e bom preço.

Bom, é isso, Viver pra comer(bem)!

Um abraço do amigo,

João Villela

Colaboração Ricardo Torres"

Muchas gracias, Ricardo; merci beaucoup, João!
Espero em breve ser convidado para ir à casa do Ricardo em Barcelona e aproveitar para revisitar esse paraíso do surf europeu!

Beijos e abraços.

ps. Começa essa semana em São Paulo o Restaurant Week. Entre eles o Antiquarius e o Porto Rubayat a preços módicos. O festival vai até o dia 13 de setembro. Quem viver, comerá!

1) Le Napoli: 755, Avenue de la Grande Dune - Centre Ville, Hossegor, França. Tel.: 05 58 43 77 31

2) Gravin: Carrer Rera Palau 3-5 - El Born, Barcelona, Espanha. Tel.: 9 32 68 46 28

domingo, 16 de agosto de 2009

Manhattan Picadinha

Amigos e amigas,

resolvi fazer em um único post o que eu talvez fosse escrever em quatro. Não porque não valha aprofundar sobre estes restaurantes, mas simplesmente para não alongar demais os posts sobre Manhattan.

Aliás, poderia escrever sobre outros restaurantes de Manhattan, mas acredito que eu escolhi estes aqui para dar uma panorâmica. Quem quiser saber mais, o melhor mesmo é viajar até Manhattan e se aventurar...

Adianto que este post será um pouco diferente, pois não terá tantas "resenhas moles", ou soft summary, como o amigo do Blog Chiquinho costuma comentar. No entanto, tentarei dar uma recomendação sobre diversos restaurantes de diversos estilos, sem deixar de comentar sobre a atmosfera geral de cada um, okay?

1) Restaurant Charles

Mais uma dica da Chiquinho's friend: do lado de fora, o restaurante parece meio assustador, pois atualmente está cheio de andaimes no entorno de sua calçada e, ao mesmo tempo, o restaurante é todo coberto de jornais.

A explicação para os jornais foi dada a nós por um local que alegou que o restaurante sofreu uma grande crítica de um jornal. Para se vingar, Charles se "cobriu" de jornais concorrentes que falavam bem dele.

Dentro, o restaurante é bem escurinho, frequentado por jovens, e com uma comida contemporânea bem caprichada. Rola um rock and roll, como som ambiente, para ninguém que gosta do estilo colocar defeito.

Destaque para a entradinha da casa que são umas torradinhas com tapenade de azeitonas pretas.


Detalhes: (1) O restaurante só funciona para jantar e só pode se fazer reservas por email. Não abre aos domingos. (2) A rua em que ele é localizado, no West Village, é muito bonita e há vários outros restaurantes interessantes. Mesmo para aqueles que não queiser se aventurar no Charles, vale anotar o seu endereço e passear por aquela região, que fica próxima de diversos outros pontos famosos, inclusive do histórico clube de jazz Village Vanguard.

Anotem o site, onde se encontra o email para se efetuar reserva na casa:

http://www.restaurantcharles.com/

Este restaurante é considerado um secret spot até mesmo para os novaiorquinos.

2) BuddaKan

O Buddakan é um asiático com decoração super chique - também indicação da Chiquinhinho's friend.


Confesso que eu não sou um especialista em comida asiática, mas diria que este restaurante é bom até para quem não quer jantar, pois há um amplo bar onde é possível beber alguns drinks ou alguma cerveja.


Fica localizado no badalado Meatpacking District. Para as meninas que são fãs do Sex and The City, vale a pena conhecê-lo, nem que seja para tomar um Cosmopolitan, já que foi nele que foi filmado o jantar de noivado da Carrie, que acontece no filme da série.

3) Spice Market

Também localizado no Meatpacking District e também asiático. Menos chique que o anterior, mas também sofisticado. Além de restaurante e bar, tem clima de pré-night nas sextas e sábados. Conta com dois bares, um no primeiro andar e o outro no subsolo. Vale a pena também ir só para bebericar, sem necessariamente jantar. Aliás, recomendo a cerveja tailandesa da casa - só não me perguntem o nome, pois realmente não me lembro!




Há dois bares - um no primeiro andar e o outro no subsolo. A qual dos dois bares devemos nos dirigir?

A resposta é dada por um local:
"sempre que houver dois bares tente ver para onde os locais estão indo. Geralmente, são os bares dos andares superiores."

- Mas, por quê? Os locais sabem que nos andares de cima os preços das bebidas alcóolicas são mais baratas. Só isso!

O Spice Market não foge à regra: o primeiro andar possui mesas de jantar para quem reservou com antecedência - hábito dos locais - e, assim, possui um bar de apoio para as pessoas que fizeram reserva aguardarem a sua mesa. No subsolo, estão as mesas de jantar destinadas às pessoas que não fizeram reserva - coisa de turista - e, assim, um bar de apoio.



É estranho uma mesma casa ter a mesma cerveja com preços diferentes sendo vendidas em ambientes próximos, mas é isso mesmo o que acontece.

Eles estão errados? Não, pois estão no país deles, sob as leis deles, e as normas e condutas que eles definiram. Se você for um viajante que busca entender a cultura e não um turista que só quer saber das coisas mais cômodas, você entenderá tais diferenças.

Não vou comentar a comida, pois não entendo de comida asiática, no entanto, posso garantir que é muito boa e que foi o único restaurante que fui duas vezes durante a minha estadia. Em resumo, achei-o muito bom. Destaco os espetinhos de entrada, os mariscos (também entrada) e o pato, como principal. De doce, uma irresistível sobremesa com sorvete de chá tailandês!

4) Carmine's

Quando fomos ao Carmine's pudemos ver muitos brasileiros no restaurante - desde famílias grandes a casais, como nós. Há diversos Carmine's espalhados por Manhattan, mas nós fomos no que fica próximo ao Times Square, no Theater District, sendo uma boa dica para o pós-teatro ou o pré-teatro.



O Carmine's, como o nome já deve ter dado uma pista, trata-se de um restaurante de massas. Pedimos um raviole sensacional, em larga porção que dava para até três pessoas.

Sem dúvida nenhuma o Carmine's se enquadra no BBB - Bom, Bonito e Barato.

O garçon que nos atendeu era, sem dúvida nenhuma, um ator performático. Quando lhe disse que o Portobello servido era um "verdadeiro Portobello", ele me respondeu cheio de graça de bate pronto:

- Yeah, we really don't serve plastic...

Além de tudo, divertido!

Obs: reparem na foto do restaurante, o dito cujo é este sentado na mesa das senhoras - com seu jeito debochado e simpático, o garçon sentou ao lado de uma das senhoras, que estava mais calada, para bater papo com ela... é claro que elas o adoraram!


Bom, de sobremesa, fica como dica o tartufo de chocolate.

5) The Real Hot Dog

Ir a Nova Iorque e não comer um "real Hot Dog" é a mesma coisa que não ir a NY. A cada esquina existe uma carrocinha de Hot Dogs. Além das carrocinhas, um gande clássico de lá é o Gray's Papaya.








Imperdível!


Espero que tenham gostado deste post cheio de dicas com os mais diversos tipos de comida e restaurantes.

Beijos e Abraços


Restaurant Charles - 234 West 4th Street (Corner of West 4th & West 10th Streets), Manhattan, NY

Buddakan - 75 9th Avenue, Manhattan, NY 10011-7006, Tel. (212) 989-6699.

Spice Market - 403 West 13th Street (Corner of 9th Avenue), Manhattan, NY 10014. Tel. (212) 675-2322.

Carmine's - 200 West 44th Street (Theater District), Manhattan, NY, Tel. (212) 221-3800.

Gray's Papaya - 539 8th Avenue at 37th Street, Manhattan, NY.

domingo, 2 de agosto de 2009

Old Homestead Steak House

Amigos e amigas,

para provar que em NY tem de tudo, trago a vocês uma resenha sobre uma verdadeira churrascaria novaiorquina.

Saí do Brasil com grandes recomendações de ir a uma churrascaria muito famosa no Brooklyn, chamada Peter Luger Steak House. No entanto, em nosso primeiro dia em Manhattan, conhecemos um casal novaiorquino que nos recomendou ir ao Old Homestead. Eles até confirmaram que se come muito bem no Peter Luger, mas que a outra era menos turística e mais real Manhattan. Ponderei e achei melhor aceitar a sugestão do casal.


O Old Homestead fica localizado no Meatpacking District - bairro que fora no passado reduto de vários açougues e abatedouros, mas que, hoje, é um dos bairros mais in de Manhattan. Tudo está acontecendo atualmente no Meatpacking District: os grandes costureiros, os grandes restaurantes, as grandes noitadas. O povo mais cool tem vindo morar aqui também. E, recentemente, acabou de inaugurar o parque que tem tudo pra virar a sensação desse verão: o High Line Park.


O parque que foi inaugurado sobre os trilhos elevados de um trem de carga desativado, que cortava Manhattan. Para saber mais sobre o High Line Park, veja esse blog: http://abrindoobico.com/2009/06/09/yes-nos-temos-minhocao/.

O Old Homestead fez muito sucesso na década de 50 entre os mafiosos de NY.


Não é à toa que há espelhos por todos lados. Assim, nenhum gangster era surpreendido pelas costas. Verdade, verdadeira, é que o restaurante possui um ar masculino, embora houvesse diversas mulheres no recinto - para se ter uma idéia, atrás da nossa mesa, havia uma mesa com mais ou menos 16 senhores, com mais de 60 anos, confraternizando.

As carnes lá são sensacionais. Inclusive, é apenas no Old Homestead que se encontra em NY o beef de Kobe legítimo. Para quem não sabe, o beef de Kobe é uma das carnes mais apreciadas e mais caras do mundo. Kobe é uma cidade no Japão, onde começaram a criar um boi negro e feio, chamado Wagyu, em espaços mínimos, com direito a massagem, iogurte, cerveja etc. O resultado é uma carne super saborosa e macia. Se em NY é possível encontrar tudo que é tipo de luxo, não poderíamos deixar de encontrar o "dimante negro" das carnes bovinas. O problema é o preço: um simples bife no Old Homestead custa US$ 195.00, sem tax e sem tip.

Pedimos de entrada um pão do chefe, que vinha acompanhado de queijo fondue. Super bom. Como prato principal, dividimos o Porterhouse - um T-Bone Steak enorme - e, como acompanhamento, uma panelinha de cogumelo e outra de batata assada.


Dizer que tudo estava gostoso é óbvio. Agora, o que me sinto na obrigação de dizer é que a carne lá possuía à disposição do cliente 5 níveis de ponto: do hiper mal passado ao super bem passado. Pedimos a nossa carne bem passada (embora prefira a carne mal passada). E, realmente, a casa nos enviou o Porterhaouse bem passado. Não era para ser supreendente, mas é impressionante a quantidade de restaurantes que confundem ou não sabem o que é bem passado.


Ah, e a carne estava estupenda: extremamente macia, mesmo bem passada, e sobretudo saborosa.

Para nos acompanhar nessa missão, escolhemos um vinho do Rhône, mais especificamente um Chateauneuf-de-Pape. O vinho escolhido foi produzido pela casa Château La Nerthe, tradicional produtor da região de Chateauneuf-de-Pape, safra 2005, de uma assemblage que contava basicamente com uvas Mourvèdre, Cinsault, Grenache noir e Syrah. Vinho elegante, que dúvido que exista alguma mulher no mundo que não venha gostar dele!


Talvez o bom de NY seja a possibilade de poder beber vinhos, até mesmo em restaurantes, a preços mais justos. Ao consultarmos uma loja no centro do Rio, que se diz especializada em vinhos, o sommelier da casa disse que realmente tinha o "Chateuneuf-de-Pape", como se ele fosse de um produtor, mas o que surpreende é o preço: é impossível achar um vinho dessa subregião do Rhône por menos de R$ 50,00 por aqui. É assim preferível beber por R$ 15,00 o meu bom e velho Oreades feito à base de uvas Tempranillo...

Uma situação curiosa que vivemos lá foi que, nessa mesa onde havia quase vinte homens fazendo aquele encontro do clube do bolinha, em determinado momento da noite, começaram a fazer piadas sobre estrangeiros e talvez sobre mulher - não chegamos a compreender bem, até porque não estávamos prestando tanta atenção neles. Contudo, alguém da mesa deles percebeu que poderia ter nos ofendido com as brincadeiras e pediu para que o garçom viesse nos dizer que o vinho ficaria por conta deles.

Evidentemente, não aceitamos, agradecemos e dissemos que estava tudo bem, que não haviam nos perturbado - quando um deles falou que pedia desculpas pelo jeito, pela bagunça, pelo barulho, enfim, dissemos que não havia problemas... realmente, não nos incomodaram, foi até divertido presenciar essa confraternização, que, por sinal, não difere muito de nenhuma outra em qualquer parte do mundo ocidental...

Para a sobremesa, escolhemos uma torta de chocolate, estilo "old fashion"... era a nossa possibilidade de provar uma torta que tinha tudo a ver com aquele ambiente à la "O poderoso chefão". A torta era gigantesca (com quase 10 cm de altura, sem exagero) e feita de um chocolate amargo bem forte. Bem gostosa, mas até a maior apreciadora de doces não conseguiu finalizar a missão.



Enfim, o Old Homestead, com a sua vaquinha na entrada, é um senhor restaurante.

ps. Novidade: o Viver Para Comer está há uma semana no Twitter. A cada novidade, o Viver Para Comer no Twitter informará, com o maior velocidade, onde o blog está investindo. Procurem Viver Para Comer no Twitter!


56 9th Avenue, Manhattan, New York - Tel.: (1) 212.242.9040

Quem sou eu

Minha foto
Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!