segunda-feira, 19 de março de 2012

Em alguma rua de SP

Amigos e amigas,

De todos os blogs gastronômicos que eu leio (não são muitos), o que eu mais gosto de ler é o blog do Alhos, Passas & Maçãs. Além dele escrever com arte - em alguns momentos, ele faz versos em prosa -, o autor possui um conhecimento de gastronomia impressionante, que não apenas avalia o estabelecimento, como educa o leitor. Eu aprendo muito com ele.



Apesar do lirismo do texto e do conhecimento gastronômico do Alhos, eu eventualmente discordo de algumas de suas avaliações. E o cutuco, mas ele, sempre elegantemente, me responde como deveria... Às vezes com um: "gosto não se discute", outras com um: "a cozinha deles melhorou depois da mudança de gestão".

Um restaurante que ele sempre elogiou muito, em diversos posts, foi o AK. Lembro que li um post dele "No Instante da Partida" que me tocou muito e, ao mesmo tempo, percebi, para a minha tristeza, que não poderia mais conhecer o AK Delicatessen, pois ele já havia fechado as portas em seu antigo endereço.

No entanto, dias depois dessa minha leitura, descobri que o AK já tinha sido reaberto, mas em outra localidade. E agora se chamava AK Vila. Tempos mais tarde, Andrea Kaufmann, a chef, me adicionou no instagram - me fazendo lembrar que eu não podia deixar de visitar o estabelecimento que o Alhos sempre havia ressaltado. Aliás, imagino que as iniciais da chef sejam a razão pela qual o restaurante se chame AK.

Estava em SP em um fim de semana de provações, quando falei com a Carol, que me acompanhava: "hoje a gente vai à Vila Madalena conhecer e almoçar no AK". Ela até me perguntou: "mas que comida se serve lá?". Também não sabia direito... Achava que a chef tinha uma predileção por pratos judaicos. Mas também não tinha certeza. A minha argumentação para convencer a Carol era de que era "uma recomendação do Alhos" - de quem ela também é fã.


Já tinha ido à Vila Madalena, mas muito en passant. De qualquer forma, nunca em um domingo de sol. E nunca naquela altura da Fradique Coutinho, em que o AK Vila se encontra.

Foram gratas surpresas. Domingo tem uma feirinha de rua muito legal. Tinha até umas bandas se apresentando - nenhum som alto que incomodasse, nem nada. Um clima descontraído que me fez lembrar algumas ruas do RJ. Me senti em casa - ou seja, no próprio RJ. Digo isso por milhões de motivos: pelo momento que passava; por ir e buscar sempre uma SP sofisticada e elegante, mas ao mesmo tempo fria e artificial; e pelo astral da rua, especialmente naquele dia.

Verdade verdadeira, quando cheguei ao restaurante tive a mesma sensação. Um clima leve, com o restaurante super iluminado por luz natural, um atendimento descontraído mas, ao mesmo tempo, sério e eficiente. E a chef... Ia de mesa em mesa falar com amigos/frequentadores assíduos, como se todos fossem convidados da sua casa. Ela não chegou até a minha mesa, mas demonstrou a importância do contato descontraído que o chef, como grande criador, deve (ou deveria ter) com os seus clientes - que são os principais ativos de qualquer comerciante.

No tocante à comida, tudo que comemos estava divino, sem muita firulisse que maquiasse o que mais esperamos em um bom prato: o sabor.

O ceviche de entrada temperado com romã: divino e, para mim, super original. Uma outra entrada muito boa que comemos foi a burrata temperada com tomate e pão sírio.

Como pratos principais, eu comi lulas provençais na chapa acompanhado de quiabos grelhados também. Lembro que, após o meu check-in no foursquare, li a seguinte dica: "respeite o restaurante que serve quiabo". É verdade. Precisa-se respeitar.

A Carol pediu um bife ancho acompanhado com farofa. Ela adorou. E como ela é muito mais exigente do que eu, isso é mais do que suficiente para dizer que devia estar excelente.



Finalizamos com duas sobremesas com tons de doces caseiros: 1) morango com chantilly; e 2) pudim de leite com doce de leite. A primeira sobremesa é para quem gosta de doce não tão doce - que é o meu caso. E a segunda, para quem gosta de doce mais açucarado, como é o gosto da Carol.

Bom, se eu gostei? Se a comida é maravilhosa, o serviço é excelente e se o ambiente é agradabilíssimo... por que não iria ter gostado?



Mas, preciso confessar: fiquei com medo de não gostar. Se viesse a me decepcionar com o restaurante, talvez não só teria ficado decepcionado com mais um restaurante em minha vida, como também com o meu blog gastronômico favorito. Muito provavelmente perderia a confiança e possivelmente deixaria de lê-lo com tanta frequência - um blog que tanto ensina e que tanto me estimula a escrever. Talvez esse seja o maior problema que a gente tem em relação a dicas e indicações... Expectativas!



Mas as expectativas foram atendidas e gostei tanto que não vejo a hora de voltar a São Paulo para poder retornar à casa. Não só para degustar as novas invenções - que acompanho pelo instagram -, como também para me sentir mais em casa. Mesmo em São Paulo.

Beijos e abraços,

Twitter
@viverparacomer


AK Vila
Rua Fradique Coutinho, 1.240 - Vila Madalena.
Tel.: (11) 3231-4496

quinta-feira, 8 de março de 2012

Chez Burger

Amigos e amigas,

retornando aos meus posts sobre a cidade de São Paulo, uma coisa que reparei que assola atualmente São Paulo são as hamburguerías. Sao muitas: America (já teve uma no Botafogo Rio Plaza, mas fechou), Ritz, St Louis, Frevo, Hamburgueria Nacional e muito mais. Inclusive há uma PJ Clarkes. Enfim, hamburguer é o que não falta.


Em uma das minhas andanças sozinho pela cidade de São Paulo, me deu vontade de conhecer uma destas hamburguerias. Já conhecia a América - que não acho nada demais - e uma das filiais de NYC da PJ Clarkes. Assim, pensei em ir em uma nova... O meu flat era bem próximo de um Ritz, mas o problema é que sempre estava lotada de pessoas, o que fazia eu me afugentar daquela multidão.

Lendo a Vejinha SP da semana, vi uma reportagem sobre o Chez Burguer. Olhei no mapa a localização e reparei que daria uma andada de uns 15/20 minutos e avaliei que dava pra ir até lá.

O hamburguer "carro-chefe" da casa é o Secreto Burguer: cerca de 200 gr de carne bovina, queijo gruyère. Vem a parte dois acompanhamentos: compota de cebola e relish de pepino.

Bom, o hamburguer que eu comi estava muito saboroso, mas um pouco gorduroso. Não sei se devido ao excesso de gordura associado ao queijo gruyère - que possui um sabor um pouco mais forte - a sensação que eu tive é de que o hamburguer se dividia em duas metades: até a primeira metade suculento e saboroso; e na segunda, pesado e até enjoativo.

O que de fato eu achei ruim, foi a entrada que a garçonete me jurou de pé junto que era muito gostosa: uma tapioca frita. Além de não ter me agradado, era uma quantidade grande para ser o "abre-alas" do hamburguer.

Essa foi a minha experiência...



O que mais valeu a pena nesta noite, foi escutar a conversa da mesa ao lado. Pois é, quando você está só além de "People are strange, when you're a stranger", uma das únicas coisas a se fazer é escutar o silêncio. Quando os demais resolvem conversar mais alto do que o devido, é inevitável escutar pérolas.

Dois amigos conversavam enfaticamente sobre economia doméstica. Um com um ar de Obewan Kenobi e o segundo com ouvidos de aprendiz. O guia congratulava o aprendiz por ele ter reduzido os seus gastos mensais em mais de 50%: "Parabéns, você gastou no cartão menos de 50% em relação ao mês anterior. Mas você ainda precisa reduzir, pois você tem que entender que a sua realidade é agora de R$ 7.000,00 e você ainda gastou, só de cartão, R$ 12.000,00 nesse mês!"

Quando eu ouvi essa estória, sem entrar no mérito se é muito ou pouco, pensei se tal gasto era digno de parabenizar alguém, já que só no cartão havia um déficit em aberto no mês de R$ 5.000,00 (R$ 12.000,00 - R$ 7.000,00 = R$ 5.000,00). Se era, fiquei imaginando qual seria o tamanho do rombo dos meses passados que o aprendiz havia deixado com a operadora do cartão!?!

Bom, espero que o mentor tenha conseguido equilibrar as finanças de seu amigo. Torço que isso não seja uma tendência atual, pois se não teremos ainda uma bolha por aqui...


Por fim, o restaurante é todo iluminado por luzes indiretas, com velas espalhadas pelas mesas e possui um clima bem descolado. O serviço me pareceu um pouco distraído, mas nada que estragasse.

Beijos e abraços,


Twitter
@viverparacomer


Chez Burguer
Alameda Lorena, 2.101 - Jardins.
Tel.: (11) 3062-8743

Quem sou eu

Minha foto
Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!