domingo, 25 de dezembro de 2011

Caroline 145

Amigos e amigas,

como estava de férias, deixei preparado esse relato curto do restaurante Caroline 145 para ser publicado e acabei esquecendo de public á-lo. Mas aí vai:

O Caroline é um restaurante muito gracioso localizado na rua Oscar Freire. Ele tem uma varandinha excelente para os casais e, à noite, é todo iluminado por velas.

Passei em frente a ele, em um dos meus passeios naquela região, e resolvi investigar. Não achei muitas informações em blogs ou sites de divulgacão. Apenas o site da casa.

Olhei o cardápio da casa e pensei "acho que vale investir!". O cardápio varia de massas, clássicos franceses à hamburguers.

Cheguei no restaurante e com um pouco de medo de tomar uma chuva, sentei junto a entrada, na primeira mesa ao lado da janela. Demorou uns 15 minutos e chegou mais dois casais... No fim, mais um casal. Eu, sozinho, percebi que o Caroline é sem dúvida adequado para os casais.

Pedi de entrada uma lula à doré. Infelizmente estava ligeiramente dura. Nada que viesse a atrapalhar o meu gosto por elas. Mas podiam estar melhores.


Muito simpático e atencioso, o garçom que me atendeu sugeriu um risoto de pato com amoras. Duvidei um pouco se o prato era bom, mas topei.

Quando chegou, tive uma grata surpresa: o prato estava divino. As amoras ácidas combinavam com a carne do pato perfeitamente.

Entre erros e acertos, valeu a simpatia e a sugestão do garçom. Acho que é necessário investigar um pouco mais sobre a qualidade da comida. Mas repito: é um local agradabilíssimo... Para os casais, é claro!


Beijos e abraços,


Twitter
@viverparacomer


Caroline 145
Rua Oscar Freire, 145 - Jardins.
Tel.: (11) 3068-0601

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dalva e Dito

Amigos e amigas,

Sempre tive desconfiança de "medalhões" - profissionais considerados bambas nas áreas em que atuam. Raramente essas unanimidades, sejam elas eleitas pelos críticos, ou até mesmo pelo público, me agradam. Em qualquer campo.

Dificilmente esses profissionais estão de acordo com o prestígio que conquistaram. Talvez, em função da idolatria que arrastam atrás de si, ou do ego, tais medalhões passam a realizar trabalhos autorais que deixam de lembrar os bons trabalhos que os fizeram alcançar o estrelato.

Em todos os campos: do médico metido a besta ao acadêmico frustrado que alcançou algum cargo de comando durante o governo Lula. Do artista plástico ignorante, que "sabe tudo", ao cineasta de um único filme de sucesso (discutível). Única coisa que todos os medalhões tem em comum é a arrogância e a falta de educação.

No campo da gastronomia também acontece isso. Ao longo da minha pouca experiência no mundo gastronômico, conheci alguns chefs bem arrogantes. Uma em particular, cheguei a duvidar se ela era arrogante/mal educada ou possuía alguma doença mental. No entanto, depois de ir ao seu restaurante e sentar-me em uma mesa ao lado do casal Cyro Gomes e Patricia Pillar, reparei que a chef se derretia de tal forma para o casal, que chegava a ser constrangedor - tanto pra ela, quanto para o casal.

Mas não é isso que eu posso falar do Alex Atala. Muito pelo contrário. Até porque nunca fui ao DOM. Mas pude conhecê-lo e provar um pouco da sua gastronomia inovadora (?), cheio de produtos do Norte, em uma parceria que ele fez com o Claude Troisgros, onde cada um passava uma semana no restaurante do outro - uma espécie de intercâmbio. Isso tem uns 4 ou 5 anos? É... Talvez.

Muito atencioso, foi de mesa em mesa e conversou alguns minutos conosco. Explicou como ele teve algumas ideias e quais eram os objetivos que alguns pratos tinham. Ou, ao menos, quais objetivos ele queria que tivesse.

Recentemente, em São Paulo, resolvi ir a um restaurante que, embora ele não seja o chef, ele é um dos sócios: Dalva e Dito. Inspirado na cozinha do nosso dia a dia, o Dalva e Dito tem no cardápio os pratos que nós encontramos (ou encontrávamos) nas casas dos nossos pais, nos almoços de domingo...

Bom, de fato o restaurante apresenta um cardápio que muito chef besta nem ousaria colocar em seus menus: macarrão com feijão e linguiça; rabada com agrião; carne de sol com mandioca cozida e manteiga de garrafa. Posso estar enganado, mas imagino a cara de repulsa que a chef que citei acima faria se propusessem a ela fazer esse cardápio... Lógico que o Dalva e Dito tem essa proposta de retornar ao prato do dia a dia, da infância, da comida brasileira.

Talvez aí que seja a crítica que eu faça ao Dalva e Dito.

Pra quem, onde e como... Pra quem o Dalva e Dito é? Onde ele está localizado? E, por último, como o chef do Dalva e Dito prepara a comida que é servida? Obs.: Entendo que embora o Atala não seja o chef, ele seja o arquiteto da proposta da casa, correto?

Tais questões são a fonte da minha crítica ao Dalva e Dito. Comida tipicamnete brasileira, tradicional do nosso dia a dia, ou da nossa infância, deveria ser feita para brasileiros né? Pois bem, a sensação que eu tive é que estava em um restaurante no exterior tamanha era a quantidade de estrangeiros que falavam inglês.

Okay, não há problema. Quem não gostaria de ter o seu restaurante frequentado por uma tribo globalizada?

Mas, vou continuar... Quanto à localização: o restaurante é localizado na rua Padre João Manuel - local super badalado, no Jardins. Posso estar equivocado, mas os comensais que frequentam os restaurantes naquela área provavelmente não procuram comer rabada. Talvez, muitos nem sequer tenham já comido rabada com agrião.

Outra coisa interessante, talvez não muito condizente com o propósito da simplicidade da comida servida, seja a beleza e, digo mais, até mesmo o luxo do restaurante. Diversos maîtres, sommelier, cozinha de vidro, tudo isso para servir "risotinho caseiro", farofa etc. Tá vai... Tô sendo chato, né? É melhor errar por mais do que por menos...



Por último, como os pratos são preparados: pedimos um galeto "televisão de cachorro", clássico de todas as padocas brasileiras, assado, segundo a 'técnica', em temperatura baixa, comm'il faut. Acompanhado desse risotinho caseiro, que nada mais é do que um arroz de forno com ervilhas etc gratinado com um queijo por cima. Era sem dúvida o que a minha mãe fazia para mim, nos finais de semanas, quando eu era pequeno, e dizia que era risoto. Só anos mais tarde vim a descobrir que eu chamava de risoto uma coisa que não tinha nada a ver com risoto...



Sem dúvida nenhuma, ele resgatou pratos clássicos da nossa história recente (da gastronomia brasileira, do dia a dia). Mas tanto o galetinho, quanto o lindo creme de mamão papaia, servido de sobremesa, pecavam por faltar aquele tempero mais exagerado tipicamente brasileiro - um pouco mais de sal e até mesmo gordurinha no galeto; e um pouco mais de cremosidade e açúcar no creme de papaia. (obs.: Tal comentário é válido também para o pudim de leite, generosamente servido, que a Carol pediu.)

Depois de muito refletir, cheguei a conclusão que tudo que eu comi - o galeto e o creme de papaia - eram reinvenções não para os amantes das comidas simples que elas são. A falta de brasilidade, na minha opinião, é uma forma de apresentar o que se come/se comia nas casas dos pais, não para nós que de fato comíamos/comemos no nosso cotidiano. A reinvenção desses pratos provavelmente são para quem nunca os comeu, para os estrangeiros, que talvez se assustem com todo o excesso de tempero que tais pratos carregam.

Não sei. Talvez eu esteja errado. Talvez eu precise voltar mais vezes lá, provar outros pratos, mas mesmo que eu esteja enganado, há muitas dúvidas além das divergências entre o prato e o paladar - que não é ruim. Apenas destoam do propósito simples de oferecer "memórias".

Quando saí do restaurante a minha memória lembrou de que, em minha vida toda, "eu sempre tive desconfiança de medalhões!"

Beijos e abraços,


Twitter
@viverparacomer


Dalva e Dito
Rua Padre João Manoel, 1115 - Cerqueira Cesar.
Tel.: (11) 3068-4444

L'Entrecôte d'Olivier

Amigos e amigas,

Nunca gostei do Olivier Anquier. Nunca. Lembro dele se lançando como padeiro - isso tem uns 20 anos. Começou a fazer sucesso e eu, garoto, ainda no colégio, comecei a vê-lo nos programas de culinária. Tentava entender o que ele dizia sobre uma receita secreta "da minha família", de um pão europeu, mais especificamente, de um pão francês.



Naquela época o meu francês era bem ruinzinho, mas já falava algumas sentenças... Achava engraçado como ele pronunciava as palavras. O sotaque dele era mais carregado e tudo mais. Mas, mesmo ainda garoto, algo me parecia que não soava bem.



Hoje, sem dúvida, amadureci fugindo dos programas do Olivier. Hoje em dia, ele aparece em um programa da GNT, com um fusca azul, visitando diversas cidades do interior do Brasil e do mundo. Confesso que tem uns programas que, mesmo não gostando, olho de rabo de olho, pois os lugares são fantásticos. Eventualmente acabo vendo o programa do Olivier. Sinto que ele tem a pretensão de ser um Anthony Bourdain "franco-tupiniquim", apresentando para nós, brasileiros, a diversidade maravilhosa da comida da nossa própria terra.

Não acredito que o Anthony Bourdain seja um grande chef de cozinha, mas talvez o que falte ao Anquier seja a espontaniedade ácida - e até humana - que há de sobra no Bourdain. Em outras palavras, mais sinceridade e menos caras e bocas - por que é que ele fala o tempo todo "up"?

Mas, vamos lá: depois de anos e anos fazendo o papel de bom moço, ele não poderia mudar de "posição", não é mesmo? O Anquier nos dias de hoje faz comercial de TV para as senhoras que tem prisão de ventre. É sério. Ele é o garoto propaganda " gente boa" das senhoras. É difícil construir essa imagem...



Mas por que eu escrevi tantas coisas sobre o Anquier? Olha, talvez seja o tal do preconceito. Por não acreditar no Anquier, resisti algumas vezes a ir ao seu restaurante, nas diversas vezes que estive em SP. Em meu twitter recebi alguns tweets falando bem do seu bistrô localizado no Jardim Paulista - ao lado do clube Pinheiros - cujo nome é L'Entrecôte d'Olivier. Mas resistia. Quando percebi que só havia um prato, resolvi resistir mais e mais - é isso mesmo, o restaurante dele só serve um prato. Um entrecôte (um contrafilet) sob um molho secreto (olha aí, de novo estas estórias de secreto) da tia dele (se não me engano Nicolle), com batatas fritas crocantes e sequinhas.

Fui lá. E olha... Eu adorei.

O restaurante é bem decorado - bem mais do que eu esperava para um bistrot, que só serve um prato. Quando chegamos havia uma fila na porta que a atendente dizia que demorava cerca de 30 minutos. Mas, esperamos, se muito, 20 minutos.

Ficamos em um bar bem claro, aguardando que nossa mesa ficasse pronta. Enquanto aguardávamos, experimentei uma sakerinha de tangerina com gengibre e cravo. Um aperitivo e tanto, hein? Muito bem preparada, degustei com vontade para dilacerar qualquer resquício de preconceito contra o restaurante que ainda me restava.

Antes do prato prinipal, é servido uma salada verde excepcionalmente bem temperada, com alguns toques de nozes. Ah, o pão servido no couvert - que consiste em apenas pão e manteiga - me agradou muito. Tem aquela casca dura e é excelente com uma manteiga. Pensei: "será que de fato ele foi um bom padeiro no passado?"


Prato principal: entrecote macio e saboroso é servido com esse tal molho secreto da tia Nicolle. Eu arriscaria que esse molho é feito a base de fígado, pois tem ligeiramente um gosto agradável de paté. Mas como é secreto eu não posso ter certeza... Também fiquei com dúvida se a carne servida era de fato um entrecôte... Acho que era um filet mignon - macio, sem gorduras.

A batata frita é a vontade: de minutos em minutos uma garçonete aparece com uma travessa e oferece "aceita um pouco mais de batata? Ela está quentinha..." Uma delícia.


Pra finalizar, pedimos para arrebentar a boca do balão uma mousse de chocolate. Essa mousse é bem consistente, aerada e não muito doce - de modo que é impossível se enjoar dela.

O restaurante fica na esquina com a rua Tucumã e de sua porta é possível avistar um pessoal em uma das piscinas do clube Pinheiro. Depois do almoço, ainda dá para dar uma caminhada até o shopping Iguatemi que também está bem próximo da casa do Olivier.

Olha, preciso admitir que se não sou fã dos programas do Olivier, ao menos do seu restaurante de apenas um prato, me tornei grande fã. Depois de tantos elogios ao L'entrecôte d'Olivier preciso dizer: realmente não é preconceito contra ele - apenas uma questão de gosto. E "vive la difference!"

Beijos e abraços,

Twitter
@viverparacomer


L'Entrecôte d'Olivier
Rua Doutor Mario Ferraz, 17 - Jardim Europa.
Tel.: (11) 3034-5324

Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!