segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

L'Entrecôte d'Olivier

Amigos e amigas,

Nunca gostei do Olivier Anquier. Nunca. Lembro dele se lançando como padeiro - isso tem uns 20 anos. Começou a fazer sucesso e eu, garoto, ainda no colégio, comecei a vê-lo nos programas de culinária. Tentava entender o que ele dizia sobre uma receita secreta "da minha família", de um pão europeu, mais especificamente, de um pão francês.



Naquela época o meu francês era bem ruinzinho, mas já falava algumas sentenças... Achava engraçado como ele pronunciava as palavras. O sotaque dele era mais carregado e tudo mais. Mas, mesmo ainda garoto, algo me parecia que não soava bem.



Hoje, sem dúvida, amadureci fugindo dos programas do Olivier. Hoje em dia, ele aparece em um programa da GNT, com um fusca azul, visitando diversas cidades do interior do Brasil e do mundo. Confesso que tem uns programas que, mesmo não gostando, olho de rabo de olho, pois os lugares são fantásticos. Eventualmente acabo vendo o programa do Olivier. Sinto que ele tem a pretensão de ser um Anthony Bourdain "franco-tupiniquim", apresentando para nós, brasileiros, a diversidade maravilhosa da comida da nossa própria terra.

Não acredito que o Anthony Bourdain seja um grande chef de cozinha, mas talvez o que falte ao Anquier seja a espontaniedade ácida - e até humana - que há de sobra no Bourdain. Em outras palavras, mais sinceridade e menos caras e bocas - por que é que ele fala o tempo todo "up"?

Mas, vamos lá: depois de anos e anos fazendo o papel de bom moço, ele não poderia mudar de "posição", não é mesmo? O Anquier nos dias de hoje faz comercial de TV para as senhoras que tem prisão de ventre. É sério. Ele é o garoto propaganda " gente boa" das senhoras. É difícil construir essa imagem...



Mas por que eu escrevi tantas coisas sobre o Anquier? Olha, talvez seja o tal do preconceito. Por não acreditar no Anquier, resisti algumas vezes a ir ao seu restaurante, nas diversas vezes que estive em SP. Em meu twitter recebi alguns tweets falando bem do seu bistrô localizado no Jardim Paulista - ao lado do clube Pinheiros - cujo nome é L'Entrecôte d'Olivier. Mas resistia. Quando percebi que só havia um prato, resolvi resistir mais e mais - é isso mesmo, o restaurante dele só serve um prato. Um entrecôte (um contrafilet) sob um molho secreto (olha aí, de novo estas estórias de secreto) da tia dele (se não me engano Nicolle), com batatas fritas crocantes e sequinhas.

Fui lá. E olha... Eu adorei.

O restaurante é bem decorado - bem mais do que eu esperava para um bistrot, que só serve um prato. Quando chegamos havia uma fila na porta que a atendente dizia que demorava cerca de 30 minutos. Mas, esperamos, se muito, 20 minutos.

Ficamos em um bar bem claro, aguardando que nossa mesa ficasse pronta. Enquanto aguardávamos, experimentei uma sakerinha de tangerina com gengibre e cravo. Um aperitivo e tanto, hein? Muito bem preparada, degustei com vontade para dilacerar qualquer resquício de preconceito contra o restaurante que ainda me restava.

Antes do prato prinipal, é servido uma salada verde excepcionalmente bem temperada, com alguns toques de nozes. Ah, o pão servido no couvert - que consiste em apenas pão e manteiga - me agradou muito. Tem aquela casca dura e é excelente com uma manteiga. Pensei: "será que de fato ele foi um bom padeiro no passado?"


Prato principal: entrecote macio e saboroso é servido com esse tal molho secreto da tia Nicolle. Eu arriscaria que esse molho é feito a base de fígado, pois tem ligeiramente um gosto agradável de paté. Mas como é secreto eu não posso ter certeza... Também fiquei com dúvida se a carne servida era de fato um entrecôte... Acho que era um filet mignon - macio, sem gorduras.

A batata frita é a vontade: de minutos em minutos uma garçonete aparece com uma travessa e oferece "aceita um pouco mais de batata? Ela está quentinha..." Uma delícia.


Pra finalizar, pedimos para arrebentar a boca do balão uma mousse de chocolate. Essa mousse é bem consistente, aerada e não muito doce - de modo que é impossível se enjoar dela.

O restaurante fica na esquina com a rua Tucumã e de sua porta é possível avistar um pessoal em uma das piscinas do clube Pinheiro. Depois do almoço, ainda dá para dar uma caminhada até o shopping Iguatemi que também está bem próximo da casa do Olivier.

Olha, preciso admitir que se não sou fã dos programas do Olivier, ao menos do seu restaurante de apenas um prato, me tornei grande fã. Depois de tantos elogios ao L'entrecôte d'Olivier preciso dizer: realmente não é preconceito contra ele - apenas uma questão de gosto. E "vive la difference!"

Beijos e abraços,

Twitter
@viverparacomer


L'Entrecôte d'Olivier
Rua Doutor Mario Ferraz, 17 - Jardim Europa.
Tel.: (11) 3034-5324

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Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!