quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Soho de Salvador

Amigos e amigas,

muitos não sabem, mas Salvador tem um Soho. Diferentemente do Soho de NYC ou de Londres, este não é bairro. É um restaurante japonês super conceituado, localizado na Marina.

Estava a trabalho, então resolvi conferir.

Me disseram que ficava super cheio, que provavelmente eu esperaria para sentar etc. Bom, cheguei tarde, por volta das 8:47 h, de uma quarta feira.

Vista bonita e... só.

Vista da marina de Salvador.

Identifiquei diversos erros: da preparação da comida ao atendimento do garçom, que não sabia explicar o que estava servindo.

Começando pelo Gyoza da entrada em que a massa estava ligeiramente mal cozida. Podia ser explicado se o restaurante estivesse cheio - o que não estava.

 Corte extremamente grosso e excesso de molho.

Após a entrada, o combinado do chef: preparado de modo surpresa, mesmo se inquirido. Única informação dada era que seria preparado de acordo com a imaginação do chef e com os melhores ingredientes.

Ao servir, o garçom primeiramente se esquivou de explicar. Ao ser solicitado a descrever o prato, acredito que ele tenha descrito corretamente apenas a metade dos enrolados servidos. Justamente por isso, nem irei me arriscar a dizer o que de fato comi, pois ou não sei, ou me informaram errado.

Por fim, um alerta que todo restaurante japonês contemporâneo arrisca em pecar: ser mais contemporâneo do que japonês.

Para exemplificar tal pecado, basta exemplificar que os sashimis e os peixes que compunham os enrolados eram feitos de fatias super grossas; todas as duplas que compunham o combinado vinham "atolados" de molhos extremamente adocicados; e não harmonizavam bem.

A simples conclusão que cheguei é que em Salvador devemos comer comida... baiana.

Beijos e abraços,


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@viverparacomer

Soho - Bahia Marina
Av. Lafayete Coutinho, 1010 - Contorno, Salvador
Tel.: (71) 3322-4554

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Improvisando em NYC

Amigos e amigas,

Nova York talvez seja uma das cidades grandes mais interessantes. Não tem beleza construída, como Paris, nem beleza natural, como o Rio de Janeiro, nem beleza organizacional como Londres. No entanto, a energia das pessoas que vão visitar, morar e trabalhar transforma a cidade, proporcionando à mesma diversas opções culturais, gastronômicas, de compras, etc.

Sem dúvida é a cidade com mais energia dentre as que compõem o circuito "Elizabeth Arden".

Rua movimentada em frente ao Eataly - um dos
 templos gastronômicos de NYC

Na minha humilde opinião, ir a NYC e ficar preso no roteiro 'stauta' da 'liberdade', Times Square, 5ª avenida são os passeios, vamos dizer, mais chatos para se fazer em NYC.

O negócio de NYC é andar pelos bairros, descobrir alguns pontos de atenção e, como em um improviso de jazz, construir uma NYC diferente.

Exemplos: por que não se perder pelo Brooklyn e encontrar Williamsburg - o novo (e já velho) centro de moda da região? Por que não ir ao Bronx e visitar o Jardim Botânico de NYC? Por que ir sempre a musicais, na maioria, chatíssimos da Broadway e não se arriscar em uma peça off broadway com Jeff Daniels, ou uma nova leitura de Macbeth, de Shakeaspere, que um grupo londrino aportou e há mais 1 ano e meio não sai de cartaz?

Assim construí a minha rápida passagem em NYC.

Lembro que a Carol queria porque queria ir ao Blue Note. Chegamos cedo demais e o recepcionista, muito atencioso, pediu que voltássemos em 45 minutos. Recomendou que tomássemos um café em uma cafeteria na esquina onde foi rodada uma cena de "O Poderoso Chefão"...  'Pô, legal', pensei. Partimos em busca da tal cafeteria.

Andando 30m da porta do Blue Note, vimos uma casa de show, Groove NYC, com uma entrada nada amigável, onde fomos abordados pelo leão de chácara da porta nos oferecendo para dar uma olhadinha, pois a entrada era gratuita. Depois de convencer a Carol, entramos e pudemos assistir a um dos maiores shows de soul, blues e rock. A banda, não me perguntem o nome, ia de Al Green a Eric Clapton em minutos, de Michael Jackson a Hendrix, mas com uma qualidade impressionante.

Esse improviso, ou seja, alterar a programação de ir ao Blue Note e ir ao club 'Groove NYC' é o que faz NYC ser legal. Como em um solo de blues: você se atira em uma programação e acaba indo parar mascarado em uma peça de Shakeaspere ambientada nos anos 30. Puro Jazz, puro blues.

Central Park debaixo de neve - belezas do inverno

Da mesma forma gastronomicamente falando... Havíamos feito duas reservas com uma antecipação monstra. As duas simplesmente foram canceladas devido a uma falta de organização tremenda dos restaurantes.

Havia reservado para três pessoas um jantar no Louro - restaurante recém inaugurado de um português que fez a sua vida nas cozinhas de NYC. Uns 3 ou 4 dias antes de aportar em NYC, ele me manda um email dizendo que, devido à final do superbowl, o restaurante dele não ia abrir e ele havia esquecido deste pequeno detalhe.

Sem comentários.

A Marcie, do blog especializado em NYC "Abrindo o Bico", mais revoltada do que eu ao saber da imaturidade do dono do restaurante, me deu uma alternativa maravilhosa: rápida e objetiva, como em uma batida alucinante de bebop, Marcie nos ofereceu um bistrô francês sensacional, a 12 passos do nosso hotel, o L'Absinthe.

Que frio que nada: vamos malhar!

Se não bastasse um restaurante se desorganizar, nos surge um segundo percalço. De forma pior, na minha opinião... Havia ligado para reservar um jantar também para três pessoas (eu, Carol e o Bach, amigo de NYC) para jantarmos no Atera - restaurante novo, mas já super conceituado.

Esse restaurante foi escolhido a dedo dentro de uma lista diversa, com uma antecedência ímpar para que tudo saísse na maior e perfeita sintonia.

Mas, novamente, NYC é Jazz, as notas não são previsíveis e a música pode não agradar aos ouvidos: os caras do Atera, devido a um problema no sistema, perderam a minha reserva e a relançaram para o dia 12/02 - 11 dias depois da minha real reserva.

Isto porque, mesmo depois de ter ligado, havia mandado dois emails solicitando a confirmação e, inclusive, havia recebido uma resposta do Atera dizendo que tudo deveria estar certo, que não deveria me preocupar.

Chegamos eu, Carol e Bach, na hora marcada, e fomos surpreendidos com a história de que a hostess, administradora das reservas, havia tentado ligar diversas vezes para mim e que não havia conseguido nos alertar de que a nossa reserva tinha sido alterada para 11 dias depois.

Explicamos que éramos do Brasil e que o problema não era nosso, mas não deu...

Depois de muita discussão na entrada, ela nos ofereceu uns drinks por conta da casa para pensarmos  o que faríamos. Como o Bach é frequentador assíduo do Corton e, inclusive, fã e amigo do chef, Paul Liebrandt, conseguimos uma mesa de improviso.

O Corton fica a cerca de 200m do Atera, no bairro de Tribeca.

Quando saímos do Atera, a recepcionista nos falou que havia uma desistência de duas pessoas e que, se quiséssemos ficar, poderia colocar uma cadeira de apoio no balcão para uma terceira pessoa - no Atera não há mesa, se come em cima de um balcão, popularmente conhecido como "bunda de fora"!

A proposta do Atera chegou em um tempo ruim: já era tarde e as notas de improviso já haviam sido dedilhadas na guitarra do destino.

No Corton, comemos em mesas confortáveis e, principalmente, fomos extremamente bem recebidos pela equipe.

East river: vista da Williamsburg Bridge

Diante de tanta nota dissonante em uma cidade que nunca dorme, uma coisa me chama a atenção: jazz é para profissionais, e não para amadores. Se o Louro e o Atera não afinarem os seus instrumentos e entrosarem a sua banda rapidamente vão perder o tempo, a moda e, principalmente, os seus instrumentos.

Beijos e abraços,


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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Zuma, de Miami

Amigos e amigas,

De todos os 'trendies' restaurants que eu me lembro que já fui, sempre há alguma pegadinha: seja o garçom ou a hostess ser antipático (a); ou o tal restaurante ter a cultura do 'empurra' de pratos caros ou 'pega-turistas'; ou seja simplesmente o preço da conta não ser condizente com o que foi servido. No Brasil, lembro do Dalva & Dito com uma pitada de todas estas características mencionadas e, no exterior, há muitos, mas especificamente me lembro da minha experiência, que já descrevi por aqui, no Nobu de Miami.

O Nobu, pra mim, foi uma grande decepção, pois quando eu fui a NYC pela primeira vez me disseram que era um dos melhores de lá. E mais: eu cresci com a máxima de que os melhores restaurantes japoneses da terra se encontravam em NYC. 

Ouvi falar muito bem do Zuma há tempos atrás. Comprei o Zagat de Miami para fazer uma seleção: o Zuma era um dos melhores. Só perdia para o Naoe, recém inaugurado, localizado no Brickell Key.

Vale mencionar que o Zuma é um desses restaurantes da moda que possui filiais, não apenas em Miami, mas como também em Hong Kong, Dubai, Istanbul e em Londres. Inclusive, a Dri EveryWhere fez um post sobre o Zuma de Londres há um tempinho atrás.

O ambiente super "trendy" do Zuma.

Resolvemos ir ao Zuma com uma reserva com bastante antecipação feita por email, mas mesmo assim com uma pitada de, como posso dizer, esnobismo: "temos uma mesa para sua data requisitada, graças a uma desistência".

Chegamos com um ligeiro atraso, pois não encontrávamos o portão de entrada do hotel em que ele é localizado.  Mas isso não foi problema e fomos recebidos com extrema boa receptividade.

Logo fomos apresentados à nossa garçonete: super perfomática e simpática. Ela lembrava a Marie Antoniette de Kirsten Dunst.

Ela nos explicou que o Omakase da casa era um menu de degustação, que abarcava as três cozinhas que o restaurante possui. Existiam, se não me engano, quatro tipos de Omakases e escolhemos o segundo, depois do mais simples.

O set começou com um amuse bouche à base de espinafre (um creme), temperado com gergilim; seguiu com uns sashimis cheios de temperos e ovas, que tínhamos que enrolar para comer.

Logo depois veio uma pequena travessa que continha dois tartares: de atum e salmão. Na minha opinião muito bonita a apresentação, mas os tartares vinham tão processados, totalmente diferente de tartares picados na ponta da faca, que não gostei tanto. Serviram também umas torradas de arroz para acompanhar.

Em seguida, uma porção de sushi e sashimi: sushis de mackerel (cavala) e snapper (pargo); já os sashimis foram salmão, atum e o yellow fin tuna (albacora) - perdoem-me se as minhas traduções estão equivocadas. 

O pequeno combinado servido. 
Em destaque os dois sushis: mackerel e snapper.

Para segregar bem a parte quente das frias, foi servido um uma sopa de missô. 

Ah, quase me esqueci: nos foi servido também, não lembro se antes ou depois da sopa de missô, um Soft Shell Crab. Muito bom.

A partir daí a sequência foi sensacional:

Vieiras grelhadas, excelentes, servidas juntamente com aspargos grelhados, que eu adoro. Fechando o trio, black cod, o nosso bacalhau, de uma forma totalmente diferente: grelhado com um molho divino. Emocionante.

Quando achava que já havia acabado, nos foi servido o último prato: uma carne super macia, tenderloin ou o nosso filet mignon, com um molho ligeiramente agridoce. Achei por alguns momentos que era wagyu beef de tão macio e saboroso.

Pra fechar a noite, sabíamos antecipadamente que o Zuma possuía ótimas sobremesas e nos foi servido um petit gâteau de chocolate e uma Key Lime Pie de chorar. Acompanhavam um sorbet de goiaba e um outro de tangerina.

Sem dúvida, o Zuma é um restaurante de moda, pra ver todo o agito de downtown Miami. Mas a comida, ao menos para mim, superou as expectativas e valeu a pena. Mil vezes mais que a minha antiga experiência no Nobu.

Beijos e abraços,


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Zuma
270 Biscayne Boulevard Way - Miami Downtown
Tel.:  +1 305 577 0277

Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!