Nova York talvez seja uma das cidades grandes mais interessantes. Não tem beleza construída, como Paris, nem beleza natural, como o Rio de Janeiro, nem beleza organizacional como Londres. No entanto, a energia das pessoas que vão visitar, morar e trabalhar transforma a cidade, proporcionando à mesma diversas opções culturais, gastronômicas, de compras, etc.
Sem dúvida é a cidade com mais energia dentre as que compõem o circuito "Elizabeth Arden".
Rua movimentada em frente ao Eataly - um dos
templos gastronômicos de NYC
Na minha humilde opinião, ir a NYC e ficar preso no roteiro 'stauta' da 'liberdade', Times Square, 5ª avenida são os passeios, vamos dizer, mais chatos para se fazer em NYC.
O negócio de NYC é andar pelos bairros, descobrir alguns pontos de atenção e, como em um improviso de jazz, construir uma NYC diferente.
Exemplos: por que não se perder pelo Brooklyn e encontrar Williamsburg - o novo (e já velho) centro de moda da região? Por que não ir ao Bronx e visitar o Jardim Botânico de NYC? Por que ir sempre a musicais, na maioria, chatíssimos da Broadway e não se arriscar em uma peça off broadway com Jeff Daniels, ou uma nova leitura de Macbeth, de Shakeaspere, que um grupo londrino aportou e há mais 1 ano e meio não sai de cartaz?
Assim construí a minha rápida passagem em NYC.
Lembro que a Carol queria porque queria ir ao Blue Note. Chegamos cedo demais e o recepcionista, muito atencioso, pediu que voltássemos em 45 minutos. Recomendou que tomássemos um café em uma cafeteria na esquina onde foi rodada uma cena de "O Poderoso Chefão"... 'Pô, legal', pensei. Partimos em busca da tal cafeteria.
Andando 30m da porta do Blue Note, vimos uma casa de show, Groove NYC, com uma entrada nada amigável, onde fomos abordados pelo leão de chácara da porta nos oferecendo para dar uma olhadinha, pois a entrada era gratuita. Depois de convencer a Carol, entramos e pudemos assistir a um dos maiores shows de soul, blues e rock. A banda, não me perguntem o nome, ia de Al Green a Eric Clapton em minutos, de Michael Jackson a Hendrix, mas com uma qualidade impressionante.
Esse improviso, ou seja, alterar a programação de ir ao Blue Note e ir ao club 'Groove NYC' é o que faz NYC ser legal. Como em um solo de blues: você se atira em uma programação e acaba indo parar mascarado em uma peça de Shakeaspere ambientada nos anos 30. Puro Jazz, puro blues.
Central Park debaixo de neve - belezas do inverno
Havia reservado para três pessoas um jantar no Louro - restaurante recém inaugurado de um português que fez a sua vida nas cozinhas de NYC. Uns 3 ou 4 dias antes de aportar em NYC, ele me manda um email dizendo que, devido à final do superbowl, o restaurante dele não ia abrir e ele havia esquecido deste pequeno detalhe.
Sem comentários.
A Marcie, do blog especializado em NYC "Abrindo o Bico", mais revoltada do que eu ao saber da imaturidade do dono do restaurante, me deu uma alternativa maravilhosa: rápida e objetiva, como em uma batida alucinante de bebop, Marcie nos ofereceu um bistrô francês sensacional, a 12 passos do nosso hotel, o L'Absinthe.
Que frio que nada: vamos malhar!
Se não bastasse um restaurante se desorganizar, nos surge um segundo percalço. De forma pior, na minha opinião... Havia ligado para reservar um jantar também para três pessoas (eu, Carol e o Bach, amigo de NYC) para jantarmos no Atera - restaurante novo, mas já super conceituado.
Esse restaurante foi escolhido a dedo dentro de uma lista diversa, com uma antecedência ímpar para que tudo saísse na maior e perfeita sintonia.
Mas, novamente, NYC é Jazz, as notas não são previsíveis e a música pode não agradar aos ouvidos: os caras do Atera, devido a um problema no sistema, perderam a minha reserva e a relançaram para o dia 12/02 - 11 dias depois da minha real reserva.
Isto porque, mesmo depois de ter ligado, havia mandado dois emails solicitando a confirmação e, inclusive, havia recebido uma resposta do Atera dizendo que tudo deveria estar certo, que não deveria me preocupar.
Chegamos eu, Carol e Bach, na hora marcada, e fomos surpreendidos com a história de que a hostess, administradora das reservas, havia tentado ligar diversas vezes para mim e que não havia conseguido nos alertar de que a nossa reserva tinha sido alterada para 11 dias depois.
Explicamos que éramos do Brasil e que o problema não era nosso, mas não deu...
Depois de muita discussão na entrada, ela nos ofereceu uns drinks por conta da casa para pensarmos o que faríamos. Como o Bach é frequentador assíduo do Corton e, inclusive, fã e amigo do chef, Paul Liebrandt, conseguimos uma mesa de improviso.
O Corton fica a cerca de 200m do Atera, no bairro de Tribeca.
Quando saímos do Atera, a recepcionista nos falou que havia uma desistência de duas pessoas e que, se quiséssemos ficar, poderia colocar uma cadeira de apoio no balcão para uma terceira pessoa - no Atera não há mesa, se come em cima de um balcão, popularmente conhecido como "bunda de fora"!
A proposta do Atera chegou em um tempo ruim: já era tarde e as notas de improviso já haviam sido dedilhadas na guitarra do destino.
No Corton, comemos em mesas confortáveis e, principalmente, fomos extremamente bem recebidos pela equipe.
East river: vista da Williamsburg Bridge
Diante de tanta nota dissonante em uma cidade que nunca dorme, uma coisa me chama a atenção: jazz é para profissionais, e não para amadores. Se o Louro e o Atera não afinarem os seus instrumentos e entrosarem a sua banda rapidamente vão perder o tempo, a moda e, principalmente, os seus instrumentos.
Beijos e abraços,
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@viverparacomer
2 comentários:
No final, tudo dá certo, não é mesmo? A verdade é que eu, pessoalmente, não gosto de viagens muito "embrulhadinhas". Tem que dar chance pra chance, na minha opinião!
Que bom que vocês gostaram da minha sugestão! ;-)
É isso aí, Marcie bola pra frente e aproveitando as novas oportunidades, né?
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