segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Arturito

Amigos e amigas,

verdade seja dita, estou escrevendo mais sobre restaurantes de São Paulo do que do Rio. Aliás, tenho inclusive escrito mais em SP do que no RJ também. No entanto, reafirmo que esse blog é carioca! Mas, circunstâncias da vida me levaram a São Paulo. Engraçado em falar "circunstâncias da vida", pois lembro do marido da Fernanda, amiga do blog, que já deu diversas dicas para o Viver Para Comer, dizendo: "São Paulo é que nem a morte... Mais cedo ou mais tarde ela chega para você"

Diferentemente do personagem polêmico Svidrigailov, em Crime e Castigo, que segundos antes de se matar, alerta ao leitor que vai para a América, ir para São Paulo, para mim, é sempre um prazer.

Preciso explicar: a metáfora que Dostoievsky relata em sua obra prima, precisa ser contextualizada pela sua época, onde movimentos comunistas rondavam todos os cantos russos. Para um russo politizado no final do século XIX, ir para a América, país símbolo do capitalismo, era igual ou pior que se matar. No meu caso, ir para São Paulo, no momento, é viver. (obs.: a interpretação da metáfora de Dostoievsky é minha. Portanto, por favor, me desculpem se não for a mais correta.)

Em um sentido um pouco metafórico também, mas completamente o oposto de Dostoievsky (inclusive em todas as suas habilidades), o Viver Para Comer acabou desembarcando no Arturito.



Já tinha escutado falar muito bem do Arturito há uns dois anos atrás, quando estava procurando restaurantes para conhecer em SP. Lembro que queria conhecer o restaurante japonês do Jun Sakamoto, que na época não pude conhecer, e me foi recomendado, com bastante adjetivos, o Arturito como uma segunda opção já que precisava reservar com antecedência uma mesa no restaurante japonês. Recentemente, vi uma entrevista da chef Paola Carosella, responsável pelo Arturito, no programa do Salomão Schvartzman no canal da Band News. Me interessei ainda mais.

O restaurante não é muito grande, mas é confortável o suficiente para acomodar todos que fazem reservas. No meu caso, perdi a hora e, mesmo assim, a hostess nos acomodou adequadamente em uma mesa logo na entrada.

De entrada pedimos uma lula crocante e sequinha, que vinha acompanhada de um molho aïoli picante, pedaços de limão siciliano e bastante temperos verdes picados por cima. Excelente.



Como a chef é argentina, imaginei que as carnes deviam ser o ponto forte da casa. Pedi um ojo de bife, corte de carne típicamente argentino, comparado um pouco com o nosso contra-filet - pelo que sei, o ojo de bife é a ponta nobre do chorizo argentino. A carne estava perfeita e vinha acompanhada de uma batata asterix robuchon - o aspecto dela servida me lembrou a tradicional batata rostie, mas era bem sequinha de maneira que eu imaginei que, ou ela foi assada, ou feita na grelha.

A Carol, que me acompanhou nessa descoberta, pediu um spaghettini com molho vermelho, muzzarela de búfala e manjericão. Também excelente.

Para finalizar o jantar, pedimos o mix de sorvete: baunilha, doce de leite e nibs de chocolate de Amma - que nos foi dito que era feito em uma base de chocolate branco com "nozes" do cacau. Todos excelentes, mas o de doce de leite é sensacional. Me lembrou do sorvete de doce de leite que experimentei em Buenos Aires.



Um último detalhe positivo, foi a atenção dada por todos para obter um taxi - já era bem tarde quando saímos, e não era possível achar com facilidade. O maître foi pessoalmente ajudar e os manobristas se espalharam pelas ruas... Até que um deles conseguiu um carro disponível.

Concordo com a observação que nos foi recomendada antes de ir: é um restaurante para se conhecer a noite. Tem uma iluminação baixa que dá um clima todo especial. Vale a pena!


Beijos e abraços,


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@viverparacomer


Arturito
Rua Artur Azevedo, 542 - Pinheiros.
Tel.: (11) 3063-4951

domingo, 6 de novembro de 2011

Dui

Amigos e amigas,

nessas idas e vindas a São Paulo, no recomendaram conhecer o Dui - um restaurante que eu não fazia ideia, mas que a Carol já conhecia de nome. Segundo ela, esse restaurante era de uma chef bonita, chamada Bel Coelho, que ela já tinha visto na TV. Acabamos indo almoçar lá.

Chegamos ao restaurante por volta das 13:00h. E o que me surpreendeu é que não havia ninguém. Ninguém! Lembrei logo de uma das máximas de Anthony Bourdain: "restaurante bom tem como característica muitas pessoas". Seria um mau prenúncio de como seria o almoço? Seria muito caro?

Ao ver o cardápio, vi que o restaurante era caro - como os demais de sua mesma categoria -, mas nada em demasia que justificasse ele estar vazio. Ainda mais em SP... Como haveria um feriado na quarta, imaginei que muitos haviam emendado o feriado e que provavelmente esta seria a razão pela qual muitos clientes ainda não tinham chegado para o almoço - impressionante a quantidade de teorias que tentamos nos fazer acreditar para suprimir dados da realidade que apontam para direções opostas, né? Principalmente quando queremos que tudo dê certo.

Olha, mas, no caso do Dui, as teorias explicativas provavelmente estavam certas, e se o restaurante estava vazio era mais um capricho do que um sinal de má qualidade - a comida era excelente!

Com diversos tons de roxo espalhados na decoração do restaurante, sentamos junto a uma janela bem escura que dava para ver os "fantasmas" dos cozinheiros circulando de um lado para o outro; e a luminosidade do fogo de uma churrasqueira.

Uma coisa que me chama atenção é a quantidade de jardins recriados insistentemente dentro de alguns restaurantes em SP... Não tão vasto quanto o Kaá , o Dui também possue uma "vasta área verde" (exagero!) na varanda externa, no fim do restaurante. Me dá a sensação da necessidade de os paulistanos verem um pouco da natureza em uma cidade que é um verdadeiro corredor de concreto. Lógico que o ambiente fica mais leve e agradável, mas talvez isso seja uma característica bem forte de todos os ambientes decorados em SP. Sem dúvida, bem mais forte do que no RJ.

Outro ponto forte da casa é a música... jazz, bossa nova, em volume agradável para um almoço e combinando exatamente com aquela atmosfera chique-despretenciosa que a casa apresenta. Clima perfeito para um vinho rosé!

Aliás, o atendimento simpático, mas sem excessos, também completa a experiência no Dui.

Em relação à comida, começamos com um prato de tapas, crostini de queijo com figo. De tudo que eu comi, talvez essa entrada foi o que eu menos gostei. Não que fosse ruim, mas é que eu achava que seria bem melhor do que foi. Talvez o erro tenha sido meu, pois o erro da expectativa atrapalha um pouco a avaliação.

Mas os pratos pedidos não decepcionaram: eu pedi uma costela de porco ao mel do engenho e gengibre, acompanhado de um purê de abóbora e quiabo no fubá crocante. A Carol pediu mais um "comfort food", com medo de não errar: o filet Oswaldo Aranha à moda da casa (de fraldinha).

Ambos os pratos estavam sensacionais. Ouso dizer que a costela de porco foi umas das mais gostosas que eu ja comi - a carne era saborosa demais, com gordura no ponto exato. A garçonete me explicou que as ripas da costela ficavam em torno de 5 horas marinando e depois eram cozidas lentamente por mais 2 horas. O resultado foi uma costela divina, com um molho (um melado) maravilhoso. O purê de abôbora, de sabor forte, fez uma perfeita combinação com as costelas.

E o quiabo? Eu adoro quiabo. Nunca tive preconceito com quiabo. E este estava divino. Até mesmo as pessoas que implicam com quiabo, estas não teriam objeções. Lembro de um seminário que assisti da chef Roberta Sudbrack, há mais ou menos uns 2 anos atrás, em que ela disse que muita gente não gostava de quiabo. Desse modo, ela estudou um método de cozimento que neutralizasse o que a maioria das pessoas detestavam no quiabo: a baba do quiabo. Assim, ela reinventou o quiabo. Não tenho dúvida que esta reinvenção do quiabo não é uma particularidade da chef Sudbrack. Tanto que o quiabo do Dui, ou da chef Bel Coelho, é também um caso à parte. E um ótimo caso!

Se o meu prato era tudo de bom, o prato da Carol, preciso dizer, foi excelente também. Lógico que era um filet Oswaldo Aranha sofisticado, bem apresentado e com todas as pompas que esperamos em um restaurante contemporâneo. Mas, não deixava de ser um o bom e velho Oswaldo Aranha, com aquelas batatinhas chips pequeninas, com a farofinha misturada com o arroz e com o molho da carne... Água na boca só de relembrar.

De sobremesa, pedi um tartare de abacaxi com manjericão, tapioca brûlée e baba de moça. Sem dúvida, havia um pouco de coco misturado na tapioca. Ela era ligeiramente queimada no topo, de modo que o açúcar da tapioca e do coco caramelizava. E o abacaxi, após um costela de porco, era mais do que uma boa sobremesa... Se complementavam. A baba de moça, com algumas folhas de manjericão soltas, dava o tom mais doce para toda a sobremesa. Nota 10.

Aliás, para quem não fazia ideia do restaurante, e para quem estava desconfiado da qualidade de um restaurante vazio - durante o nosso almoço chegaram mais uns 5 grupos -, saí de lá com uma grande felicidade de ter tido a oportunidade de conhecer o Dui. Merece mais que 10!

Beijos e abraços,


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Dui
Alameda Franca, 1.590 - Jardim Paulista.
Tel.: (11)2649-7952

Kaá

Amigos e amigas,

recentemente fui duas vezes a São Paulo - e pelo visto terei que ir cada vez mais. Quando retornava na minha primeira vez ao RJ, li a Vejinha de SP sobre os melhores restaurantes da atualidade na terra da garoa.

Dentre eles, havia o Kaá com diversos votos, de melhor cozinha a melhor ambiente. Fiquei com ele na cabeça.

Em meu segundo retorno a SP, ao pedir dica sobre algum restaurante ao nosso atencioso Morais, responsável pela concierge de nosso hotel, ele nos falou do Kaá. Novamente o Kaá. Como eu queria carne e a Carol massa, ele nos recomendou o Káa pela diversidade gastronômica e ao mesmo tempo pelo ambiente agaradável.

O restaurante é uma mistura franco-italiana: o chef Paulo Barroso de Barros, ex Due Cuochi (que aliás, gosto muito), e o francês Pascal juntam forças neste empreendimento, situado no Itaim.

Realmente o salão é bem amplo e agradável. As paredes são recheadas de plantas, dando uma sensação de floresta em plena selva de pedra. O bar também é bem bonito.

Dividimos de entrada um camembert à milanesa, com molho de damasco e uma salada verde, que estava excelente.


Como queria comer carne, pedi um corte argentino, um chorizo com molho bérnaise e batatas douradas temperadas - sensacional para qualquer apreciador de carnes. A Carol pediu um raviole de mussarela de búfala ao pomodoro. Também surpreendente. Ambos os pratos foram pedidos bem simples, autênticos representantes da "confort food", e, no entanto, todos executados do melhor modo possível - ao meu gosto.


Sem dúvida, eu gostei muito da casa e recomendo conhecê-la. Plageando um blog amigo: Vai por mim!

Beijos e abraços,


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Kaá
Avenida Juscelino Kubitschek, 279 - Vila Olímpia.
Tel.: (11)3045-0043

Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!