domingo, 6 de novembro de 2011

Dui

Amigos e amigas,

nessas idas e vindas a São Paulo, no recomendaram conhecer o Dui - um restaurante que eu não fazia ideia, mas que a Carol já conhecia de nome. Segundo ela, esse restaurante era de uma chef bonita, chamada Bel Coelho, que ela já tinha visto na TV. Acabamos indo almoçar lá.

Chegamos ao restaurante por volta das 13:00h. E o que me surpreendeu é que não havia ninguém. Ninguém! Lembrei logo de uma das máximas de Anthony Bourdain: "restaurante bom tem como característica muitas pessoas". Seria um mau prenúncio de como seria o almoço? Seria muito caro?

Ao ver o cardápio, vi que o restaurante era caro - como os demais de sua mesma categoria -, mas nada em demasia que justificasse ele estar vazio. Ainda mais em SP... Como haveria um feriado na quarta, imaginei que muitos haviam emendado o feriado e que provavelmente esta seria a razão pela qual muitos clientes ainda não tinham chegado para o almoço - impressionante a quantidade de teorias que tentamos nos fazer acreditar para suprimir dados da realidade que apontam para direções opostas, né? Principalmente quando queremos que tudo dê certo.

Olha, mas, no caso do Dui, as teorias explicativas provavelmente estavam certas, e se o restaurante estava vazio era mais um capricho do que um sinal de má qualidade - a comida era excelente!

Com diversos tons de roxo espalhados na decoração do restaurante, sentamos junto a uma janela bem escura que dava para ver os "fantasmas" dos cozinheiros circulando de um lado para o outro; e a luminosidade do fogo de uma churrasqueira.

Uma coisa que me chama atenção é a quantidade de jardins recriados insistentemente dentro de alguns restaurantes em SP... Não tão vasto quanto o Kaá , o Dui também possue uma "vasta área verde" (exagero!) na varanda externa, no fim do restaurante. Me dá a sensação da necessidade de os paulistanos verem um pouco da natureza em uma cidade que é um verdadeiro corredor de concreto. Lógico que o ambiente fica mais leve e agradável, mas talvez isso seja uma característica bem forte de todos os ambientes decorados em SP. Sem dúvida, bem mais forte do que no RJ.

Outro ponto forte da casa é a música... jazz, bossa nova, em volume agradável para um almoço e combinando exatamente com aquela atmosfera chique-despretenciosa que a casa apresenta. Clima perfeito para um vinho rosé!

Aliás, o atendimento simpático, mas sem excessos, também completa a experiência no Dui.

Em relação à comida, começamos com um prato de tapas, crostini de queijo com figo. De tudo que eu comi, talvez essa entrada foi o que eu menos gostei. Não que fosse ruim, mas é que eu achava que seria bem melhor do que foi. Talvez o erro tenha sido meu, pois o erro da expectativa atrapalha um pouco a avaliação.

Mas os pratos pedidos não decepcionaram: eu pedi uma costela de porco ao mel do engenho e gengibre, acompanhado de um purê de abóbora e quiabo no fubá crocante. A Carol pediu mais um "comfort food", com medo de não errar: o filet Oswaldo Aranha à moda da casa (de fraldinha).

Ambos os pratos estavam sensacionais. Ouso dizer que a costela de porco foi umas das mais gostosas que eu ja comi - a carne era saborosa demais, com gordura no ponto exato. A garçonete me explicou que as ripas da costela ficavam em torno de 5 horas marinando e depois eram cozidas lentamente por mais 2 horas. O resultado foi uma costela divina, com um molho (um melado) maravilhoso. O purê de abôbora, de sabor forte, fez uma perfeita combinação com as costelas.

E o quiabo? Eu adoro quiabo. Nunca tive preconceito com quiabo. E este estava divino. Até mesmo as pessoas que implicam com quiabo, estas não teriam objeções. Lembro de um seminário que assisti da chef Roberta Sudbrack, há mais ou menos uns 2 anos atrás, em que ela disse que muita gente não gostava de quiabo. Desse modo, ela estudou um método de cozimento que neutralizasse o que a maioria das pessoas detestavam no quiabo: a baba do quiabo. Assim, ela reinventou o quiabo. Não tenho dúvida que esta reinvenção do quiabo não é uma particularidade da chef Sudbrack. Tanto que o quiabo do Dui, ou da chef Bel Coelho, é também um caso à parte. E um ótimo caso!

Se o meu prato era tudo de bom, o prato da Carol, preciso dizer, foi excelente também. Lógico que era um filet Oswaldo Aranha sofisticado, bem apresentado e com todas as pompas que esperamos em um restaurante contemporâneo. Mas, não deixava de ser um o bom e velho Oswaldo Aranha, com aquelas batatinhas chips pequeninas, com a farofinha misturada com o arroz e com o molho da carne... Água na boca só de relembrar.

De sobremesa, pedi um tartare de abacaxi com manjericão, tapioca brûlée e baba de moça. Sem dúvida, havia um pouco de coco misturado na tapioca. Ela era ligeiramente queimada no topo, de modo que o açúcar da tapioca e do coco caramelizava. E o abacaxi, após um costela de porco, era mais do que uma boa sobremesa... Se complementavam. A baba de moça, com algumas folhas de manjericão soltas, dava o tom mais doce para toda a sobremesa. Nota 10.

Aliás, para quem não fazia ideia do restaurante, e para quem estava desconfiado da qualidade de um restaurante vazio - durante o nosso almoço chegaram mais uns 5 grupos -, saí de lá com uma grande felicidade de ter tido a oportunidade de conhecer o Dui. Merece mais que 10!

Beijos e abraços,


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@viverparacomer


Dui
Alameda Franca, 1.590 - Jardim Paulista.
Tel.: (11)2649-7952

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Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!