sábado, 24 de janeiro de 2009

Nam Thai - Parabéns, Júlia

Amigos e amigas,

um dos primeiros posts deste blog foi sobre o Nam Thai, escrito pelo amigo do blog Lugui. Reescrevo rápidas linhas sobre o Nam Thai, onde fomos agora, no sábado dia 16 de janeiro. Fomos em três casais: eu e Carol; Fábio e Janaína; Rafael Gaúcho e Júlia. De quebra, o Fábio ainda levou seu filho, Mateusão, que hoje, data em que eu escrevo essa resenha, completa dois anos.


Havíamos marcado 20:30 no restaurante, mas devido ao nosso almoço ter terminado muito tarde, só chegamos por volta das 21 horas. O restaurante continua lindo e bem frequentado. Dependendo da hora em que se chegue lá, o cliente terá dificuldade de se sentar. No entanto pegamos uma excelente mesa e começamos a nos deliciar com o mix de entradas, onde havia pelo menos quatro diferentes entradas do cardápio, em pequenas porções - uma ótima solução para quem quer experimentar uma diversidade de pratos tailandeses, em sua primeira ida ao Nam Thai.



Todos os casais pediram um prato para dividir. Eu, que havia almoçado bem, não queria nem pedir um prato para dividir. Queria apenas tomar a sopa, Tom Yum Kung, muito falada, mas que eu jamais havia tido oportunidade de pedir. A sopa Tom Yum Kung é à base de citronela, gengibre, camarões, peixes e alguns mariscos. No cardápio ela aparece com dois solzinhos, o que significa que ela é picante pra caramba. Todos na mesa ficaram horrorizados com o meu pedido, mas, ao mesmo tempo, torcendo para ver se o circo ia pegar fogo. No caso, se a minha boca viraria um incinerador humano!

Os pratos vieram e, para o meu contentamento, o nível de apimentado era suficiente para que eu apreciasse a sopa. No entanto, o casal Gaúcho pediu uma massa, Pad Thai (já comentada aqui pelo amigo do blog Fernando), que surpreendeu a todos. Parecia ser muito mais picante que a minha sopa. No cardápio, ela é apenas um solzinho. De qualquer modo, para o meu gosto, estava bem gostoso.




O curioso é que aqui no Rio de Janeiro, neste sábado, fazia uma calor desgraçado, e não nos importamos: caímos dentrasso da pimenta! Ainda bem que o ar condicionado estava funcionando perfeitamente.

Agora, o que surpreendeu a todos é que no dia seguinte era aniversário da Júlia, mas ela teve o capricho de não anunciar e, assim, ninguém ficou sabendo durante a noite. Aproveito este momento para parabenizá-la. Aliás, parabenizá-la duplamente, pois ela ficou noiva recentemente.

Cometerei uma indiscrição revelando como Júlia ficou noiva: Rafael Gaúcho, um lord inglês, saiu em férias durante o final do verão europeu do ano passado, juntamente com a sua amada. O roteiro, se eu não me engano, seria Itália e depois França. França não, Paris para ser mais exato. Paris, a cidade luz. Paris, a cidade dos amantes, namorados e casais apaixonados. Paris, que todos os românticos devem ir ao menos uma vez na vida, para poderem compreender a poesia concreta de uma cidade. Paris, que Robert Doisneau eternizou na fotografia do "O Beijo do Hotel de Ville".



E, em Paris, tudo pode acontecer: Gaúcho, no final da sua primeira tarde na cidade, convidou-a para fazer um passeio despretensioso em Champs de Mars - um parque onde Napoleão fazia a evolução da sua infantaria montada antes de se tornar o grande general que foi. Aproveitando que a frente do Champs de Mars se encontra a torre Eiffel, o Gaúcho, em um plano maquiavélico, perguntou à Júlia se ela não estava disposta a subir a torre. Subiram até o último andar em que era possível naquele dia em que ventava bastante. Ao apreciar a vista lá de cima, Gauchito sacou do seu bolso uma linda aliança e disparou, ao sabor do vento, aquelas palavras mais que desejadas:

"Você quer casar comigo?"

Emocionada e sem proferir nenhuma palavra, Júlia, na ânsia de pegar a aliança, esbarrou na mão do Gaúcho e a aliança já não pertencia a mais ninguém.

Bom, não preciso dizer que ambos desceram o mais rápido possível no primeiro elevador que encontraram. Ao chegarem na base da torre, perceberam que a localização da aliança era mais incerta do que achar uma agulha em um palheiro.

Já sem esperanças de encontrar e com os primeiros sinais de que a noite seria implacável com o casal, a cidade de Paris não foi tão impiedosa e deu sinais de que magias românticas acontecem: encontraram a aliança intacta!




Júlia proferiu as seguintes palavras:


"Rafa, eu agora não tenho mais como não aceitar!"

E, assim, o casal voltou de viagem noivo. Casam ano que vem. Mais uma vez, parabéns: pelo aniversário e pelo noivado, é claro! ;-)


Beijos e abraços.



Rua Rainha Guilhermina, 95 B - Leblon, Rio de Janeiro (tel: 2259-2962)

domingo, 11 de janeiro de 2009

Pérgula do Copacabana Palace - Ceia de Natal

Amigos e amigas, venho aqui em mais uma resenha. Acredito que esta resenha seja mais complicada que as demais, pois o natal geralmente traz uma carga emocional muito grande. Pricipalmente, quando a família é pequena, como a minha, e não se tem aquele grupo enorme reunido em torno de uma mesa - exatamente como os filmes passam a idéia do que é se ter um verdadeiro natal.



Acredito que justamente por isso que a minha família, há anos, celebra o natal em hotéis, o que possui, ao meu ver, duas grandes vantagens: 1) com um buffet farto é possível comer de tudo sem haver desperdício, em comparação a organizar uma ceia em sua própria casa; 2) compartilhando o buffet com diversas outras famílias, é possível ter a sensação de confraternização com o próximo, que eu imagino que seja uma das idéias chaves do natal católico.

Assim, esse ano, resolvemos passar o natal no Copacabana Palace. E eu trago um relato a vocês, que eu diria ser, no mínimo, surpreendente! Sim, pois o que esperar do restaurante do hotel mais bonito, mais estiloso e que hospeda os estrangeiros mais famosos da atualidade? E o que esperar então da ceia de natal desse hotel, que possui uma arquitetura art-decó, contruído nas mesmas bases do famoso hotel Negresco, de Cannes?

Nada menos do que sensacional, correto?

Errado.

É surpreendente ver como que uma organização é fundamental no quesito restaurateur! Desde as simples coisas, como organização, serviço e até como dispor o buffet: se não possuir organização, pulso firme de uma gerência administrativa, não há santo que faça milagres.

E o show de horror começou já na recepção dada pela hostess: parecia irritada, ou mesmo perdida com mais uma família que chegava para ceiar. Depois de alguns minutos soltos na entrada da pérgula, a hostess nos acomodou em uma mesa próxima à piscina, mas dentro do salão, onde era servido o buffet.

Nos foi servido muito prontamente um espumante, que na minha opinião era de ótima qualidade. Aliás, todos na mesa que o beberam elogiaram bastante. O espumante servido foi da casa Chandon Brasil, chamado Chandon Excellence, Cuvée Prestige.

No entanto, acredito que os pontos positivos pararam por aí.

O serviço também era pecário. Os garçons dificilmente paravam para servir uma taça a mais de espumante ou oferecer água ou outras bebidas. Mesmo minha irmã conhecendo o maître do Cipriane - o verdadeiro restaurante do Copacabana Palace - a equipe que apoiou a ceia servida na pérgula estava totalmente enlouquecida sem comando e ao mesmo tempo destreinada.



É impressionante como o serviço dos restaurantes do Rio de Janeiro, de um modo geral, são inferiores aos de São Paulo. Não que não haja bons serviços no Rio. Mas, o que me parece ser a grande problemática é a falta de constância na qualidade do serviço. Semana passada postei aqui sobre a volta da qualidade da Forneria São Sebastião. Fomos novamente lá e o serviço já não foi com a mesma qualidade, com pratos demorando mais de trinta minutos para serem servidos e ainda por cima com a comida vindo fria. Comentei sobre a qualidade excelente da La Sagrada Famíia primeiramente e, em um post seguinte, da dificuldade que foi comer lá... Acho que o serviço dos restaurantes cariocas tem muito que aprender ainda.

Vontando ao buffet da ceia, posso dizer que o buffet possuia muitas boas opções. E, também possuía pratos com um grande potencial. Porém, tais pratos eram colocados no rechaud já frios e mal dispostos. A própria organização do buffet parecia confusa: os pães e queijos se localizavam no extremo oposto do início da entrada, junto com as sobremesas. Nesta disposição era possível que muitas pessoas só vissem que havia pães na hora de desfrutar a sobremesa.

Em um canto distante da mesa principal do buffet havia uma mesa onde eram servidos camarões e frutos do mar. Lulas e camarões à milanesa totalmente frios. Uma cascata de camarões que, se estivessem só frios, estariam ótimos. Mas, infelizmente os camarões haviam sido bem passados, o que dava um aspecto "borrachudo" à iguaria.

Vale fazer um comentário negativo sobre o casal de músicos que foi contratado para animar o ambiente. O senhor que tocava saxofone cantava bem, embora não soubesse tocar diversas músicas de Frank Sinatra - o que é um pecado gravíssimo nesses momentos. No entanto, a cantora parecia ser muito amadora, pois desafinava muito. O salão se esvaziou rapidamente, desanimando cedo a noite de natal. Apenas dois casais ousaram levantar para dançar. Era melhor não ter contratado músicos, ou então que tivesse sido contratado apenas músicos que tocassem músicas instrumentais.

Em resumo, tudo que uma pesssoa deseja como ceia de Natal tinha no buffet. Entretanto, servido com uma péssima qualidade. O que me deixa triste é pensar como que um hotel tão bonito, com aquela piscina tão bonita à noite, pode oferecer uma ceia de natal tão aquém de suas possibilidades... É uma pena.



Acredito que o ponto forte da noite de Natal foi o relato da minha mãe quanto a sua infância, que vale lembrá-lo novamente, antes de me despedir: minha mãe, filha de militar, se mudou quando tinha 8 anos com o meu avô para Cuiabá (capital do Mato Grosso). Na época, ele era coronel e foi nomeado comandante do quartel da região Centro-Oeste. Como um dos privilégios que a profissão militar possuía era habitação funcional e empregados. Isso mesmo, empregados e não empregadas dedicados a trabalhos do lar. É fácil entender o porquê de empregados homens - não havia mulheres trabalhando para o exército em 1943.

Assim, o meu avô acabou designando um soldado raso para cuidar da minha mãe... Como babá mesmo!

No início acredito que minha mãe acabou dando trabalho ao seu "au pair", pois sem dúvida nenhuma ela devia ser levada. Mas, após algum tempo, a amizade dela pelo babá foi sendo estabelecida.

Quando minha mãe descobriu que o seu au pair não sabia ler nem escrever passou a ter uma nova brincadeira preferida! Toda vez que ela voltava para casa, após as suas aulas no colégio da cidade, ela resolvia ensinar a lição para o seu babá. Ela não apenas estudava a matéria e fazia os seus deveres de casa, como também fazia com que o soldado raso entendesse a lição. Ela passou a dar deveres de casa para ele. E isso se sucedeu por mais de um ano.

O resultado é que o soldado aprendeu a ler e passou a ter uma afeição eterna pela criança que ele cuidava. Afeição que foi notada pela minha vó, ao buscar a minha mãe na porta do colégio... Minutos após alguma briga em que minha mãe havia participado, a mãe da menina opositora, com a qual ela brigou, foi chamar a atenção dela: "Você não pode fazer isso, não pode bater na minha filha". Exatamente nesse momento, o soldado chegou e viu a cena. Como em um fotograma de um filme de Giuseppe Tornatore (Cinema Paradiso), o soldado se dispôs a discutir com a mãe da menina opositora. Nesse instante a minha avó chegou e presenciou toda o acontecimento.

Mais tarde, em casa, minha avó relatou ao meu avô que o soldado esbravejou e disse para a mãe da menina, na porta do colégio e na frente das outras mães, que "se a menina havia agredido a filha dela, era porque a filha dela havia agredido primeiro a menina (...) e, ainda por cima, ele mandou que ela educasse melhor a filha dela."

Seis meses depois, o meu avô foi transferido de volta para o Rio de Janeiro, onde se tornaria general. No entanto, o soldado babá permaneceu em Cuiabá e foi se despedir de toda a família na estação do trem. Se despediu com firmeza do seu coronel e, com devoção, da esposa do coronel. Mas, da filha... Ao tocar na mão da menina que ele havia cuidado, da menina que havia lhe ensinado a ler, a escrever e a fazer poesia.... A emoção foi maior que dureza da farda de soldado que ele vestia. A represa não se conteve e rachou integralmente após o escorrer da primeira lágrima. Chorou intensamente até o último aceno da menina, para ele, dentro do trem...

15 anos se passaram e quando a minha mãe fez seus 27 anos ela soube as últimas notícias do seu antigo soldado babá de Cuiabá: ele havia casado e tinha duas filhas. Graças ao fato de ter aprendido a ler e a escrever, ele havia ascendido na carreira militar e assim chegou ao posto máximo que lhe era possível, o posto de sargento. A sua filha mais velha se chamava Maria Clara, em homenagem a minha mãe.


Um beijo e um abraço


Copacabana Palace, Avenida Atlântica 1702 - Copacabana, Rio de Janeiro (Tel. 2548 7070)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Bartholomeu Paraty

A pedido do nosso amigo do Blog, Bruno Campos, escrevo sobre esse restaurante de Paraty.

Paraty é uma cidade maravilhosa que possui diversos restaurantes de ótima qualidade. Em breve farei uma resenha sobre o Margarida Café, que também possui pratos deliciosos. Abaixo segue o relato do Bruno:

"O prato que eu comi e recomendo é a picanha recheada com roquefort. E olha que eu nem sou tão fã de roquefort assim... Mas a picanha é muito bem feita. Tem uma foto extraída do site abaixo.



Os donos do restaurante são argentinos e a carne preserva a maciez típica dos hermanos. Quando fui a Buenos Aires, confesso que apreciei muito a qualidade da carne, mas achei que eles poderiam caprichar um pouco mais no tempero. Acho que o Bartholomeu conseguiu fazer o casamento entre a boa carne e o bom tempero. O sabor forte do roquefort quebrou a característica (na minha opinião) insossa dos pratos argentinos.

Comentários extras: o restaurante não é dos mais baratos. Aliás, como toda Paraty... Essa picanha pra 2 pessoas está na faixa de $100. Mas, a atmosfera é muito legal. As mesas formam uma espécie de lounge na parte externa, com muito verde e uma música agradável. Ao entardecer, a iluminação entre as folhagens contribuem para o bom astral."

Infelizmente, o Bruno não tirou fotos do restaurante, nem da picanha. No entanto, ele dá esse último recado:

"Pra fazer o bonito, segue o sítio do restaurante de Paraty:
http://www.bartholomeuparaty.com.br/"

Valeu Bruno pelas sugestões.

Beijos e abraços


Rua Dr. Samuel Costa, 176 - Centro Histórico de Paraty. (Tel: (024) 3371-5032).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Almoço de Fim de Ano - Taberna do Juca

Prezados amigos e amigas, conforme dito, trago a vocês a resenha prometida sobre a Taberna do Juca. Esta casa fica localizada nos arredores da Lapa, ao lado do Carioca da Gema - casa consagrada pela boemia.

A noite, a Taberna do Juca é um bar disputado e muito conhecido pelas suas deliciosas empadas. Situado em um casarão antigo, que parece ter mais de 150 anos, ele nos remete à idéia de um Rio de Janeiro do século XIX, de um Rio de janeiro de Machado de Assis.



Ao falar do velho Bruxo do Cosme Velho, aproveito para dizer que eu acabei de reler Dom Casmurro (juro que não fui influenciado pelo seriado, que nem cheguei a ver). Quando eu o li primeiramente eu ainda estudava no Cosme Velho. Mas não era bruxo, nem tinha vocação para compreendê-lo. Após ter relido, entendo a importância do Machado de Assis. E, realmente recomendo, a quem não leu, lê-lo. Principalmente Dom Casmurro.




A história todos já conhecem. Mas, como ele traça o enredo é que é muito curioso. As relações que ele faz com Otelo, de Shakespeare, aumentam a trama. Mas, para mim, eu não tenho dúvida e afirmo que não há enigma: a Capitu traiu!

A minha resolução não é apenas devido aos flagras que Bentinho deu em Capitu em conversas com Escobar em sua própria casa. Ou em saber que a Capitu esteve visitando Escobar na casa dele - ainda que ela alegasse que era apenas visita de negócios, que viria orgulhar o seu marido posteriormente.

Também não dou crédito que a traição de Capitu seja baseada na coincidência de Ezequiel, seu filho, ser parecido (jeito de andar, olhos, tudo... até a voz) com o falecido colega de Bentinho.

O cerne principal da minha tese, de que a Capitu realmente traiu Bentinho, se concentra na tese principal de um outro escritor contemporâneo a Machado de Assis: Fiódor Dostoiévsky.



Em um primeiro momento, segundo os relatos de Dom Casmurro, Capitu vem frequentemente chamar a atenção de Bentinho de como o filho tem um jeito de andar parecido com Escobar e como o jeito de olhar também se assemelha - o que parece que ela quer confessar ao longo da trama o próprio pecado.

Depois, quando Bentinho acusa que seu filho na verdade nada mais é do que fruto da traição de Capitu com Escobar, ela discute pouco e ela mesma corrobora que se ele pensa assim, não lhe resta mais nada do que a separação.

Ela não apenas ameaça a separação como lhe é infringido o castigo. Castigo de um crime que ela praticamente confessa... Em um dos relatos chaves do livro, quando seu filho entra no quarto, onde o casal discutia a verdadeira paternidade, Capitu olha para a criança e em seguida para o retrato de Escobar. Ela não só percebe a semelhança como também perde os argumentos sobre a sua fidelidade.

Esse crime (a traição) é seguido de um castigo (o exílio na Suiça) aceito e praticamente auto-aplicado - exatamente como na tese do homem ordinário de Dostoiévsky - principalmente em função da base religiosa da Capitu (preceito básico, "sem a religião o homem faz tudo"). Lembro que Dostoiévsky era mais ou menos 30 anos mais jovem que Machado de Assis. Sabe-se que Machado de Assis lia muito bem francês e como, na época, só existia traduções deste livro em francês, eu estou certo de que Machado bebeu dessa fonte.

Em suma, não existe dúvida ou enigma. Na minha opinião, o único enigma que há é que os acontecimentos descritos por Machado de Assis revelam não apenas o enredo do seu romance, como também retratam o formato dos relacionamentos da sociedade do seu tempo. Quantos casais do século XIX não deviam ter esta dúvida (ou certeza) que Dom Casmurro tem?



Acho que me estendi, e o que era para ser um parágrafo ficou além do que eu tinha pensado. Cortando a Capitu e voltando ao almoço na Taberna do Juca, preciso dizer que fomos lá depois de tentarmos ir a um outro restaurante chamado Mangue Seco. Como este restaurante estava completamente entupido, ficamos andando por toda a rua do Lavradio até chegarmos a Mem de Sá.

Bom, eramos mais de 11. Conseguimos fazer uma mesa bem rápida. A maioria pediu um filet Oswaldo Aranha. De entrada comemos alguma empadinhas. Todas as empadinhas estavam bem gostosas. Entretanto, o Oswaldo Aranha... Tisc Tisc. Horroroso. Considerando que a carne estava razoável, mas que o alho que a acompanha me parecia insuficiente para acompanhar o prato... Considerando que a farofa me parecia queimada... E, por fim, considerando que a batata chips estava enxarcada de óleo...

A única coisa boa do Taberna do Juca me parece ser o preço. Mas com a qualidade servida, eu diria que apenas o preço, pois como o benefício é quase zero, acredito que o custo benefício não é válido.



Bom, acredito que a Taberna do Juca tem que permanecer somente como bar a noite! Que aí sim, é um grande sucesso. Para corroborar o que eu digo, durante o almoço, quem bebeu o chopp preto elogiou bastante.

Uma pena falar de um almoço tão ruim junto com um livro tão bom. Mas, as memórias...

Beijos e abraços.



Avenida Mem de Sá, 65 - Lapa, Rio de Janeiro, RJ (Tel: 2221-9839).

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Forneria São Sebastião



Estive na Forneria São Sebastião no meio de dezembro (2008) e me surpreendi positivamente. Como fica perto de casa, acompanho sua trajetória desde seu início - quando ainda se chamava somente "Forneria" e era do restauranteur Rogério Fasano. Minha procura pela casa restringia-se à apreciação do famoso sanduíche de picanha com queijo, envolto na massa de pizza - hum.... dos deuses!




Contudo, infelizmente, o padrão da casa foi caindo com o tempo... O serviço sempre foi bom, a meu ver, mas a qualidade dos produtos deixou a desejar em alguns momentos.

Muitos bons pratos já pedidos por mim ou meus acompanhantes lá: carpaccio de carne (delicioso), ravioli de mussarela de búfala com molho de tomate, risoto de funghi, sanduíches panini de presunto de Parma, atum, napolitano... enfim, diversos sabores muito gostosos!





Mas, voltando a essa minha última visita a casa, achei que o novo proprietário deu um up no atendimento (também, né, são cobrados 15% pelo serviço) e no cardápio. Ficamos com as sugestões do dia: um ravioli de ricota com espinafre, coberto por queijo Brie e molho de tomate (super!), e lasanha à bolonhesa, com molho de tomates frescos (suculenta!). De entrada, mantivemos o caprichado carpaccio tradicional - que lá vem acompanhado por uma fresca salada verde. De sobremesa, o brownie com sorvete não foi dos melhores, para o meu gosto, pois estava muito amargo - lembrando que há quem goste....






Fico feliz que um restaurante com um ambiente tão gostoso - ele é todo aberto na frente, com pé direito alto e música ambiente de melhor qualidade - e, ainda melhor, perto da minha casa tenha voltado a ser a Forneria de antigamente...




Ah, e, para os cinéfilos, a decoração é uma curtição à parte: diversos posters de diversos filmes italianos (Scola, Rosselini e até Coppola com o seu Il Padrino) decoram as paredes do ambiente.

Recomendo!
Abraços e beijos.


Rua Aníbal de Mendonça, 112 - Ipanema, Rio de Janeiro, RJ (Tel: 2540-8045).

Almoço de Fim de Ano - La Sagrada Família

Amigos e amigas, neste fim de ano, já houve diversos almoços comemorativos. Tantos que eu diria que cada dia de dezembro passa a ser dedicado a alguma comemoração de fim de ano: restaurantes cheios, reservas encerradas e grupos alucinados querendo a todo custo se confratenizar antes que acabe o ano.

Aliás, vale ressaltar que boa idéia foi a invenção do ano, né? O ano, no calendário Gregoriano, nada mais é do que 365 dias consecutivos. Em outras palavras, um ano é composto de muitos dias, mas nada que se perca de alcance, de modo que o fim dele é factivelmente próximo. Se o ano vivido foi bom, ao chegar no seu final, não nos resta outra alternativa que comemorá-lo. Se os acontecimentos durante o ano foram ruins, nada melhor do que esperar o seu fim, renovar as esperanças e "plum"... Num passo de mágica o ano acaba e a possibilidade de uma vida melhor começa a escorrer pela ampulheta do tempo a partir do dia 1 de janeiro do ano subsequente. Fantástico.

Retornando aos almoços de fim de ano, estivemos em alguns restaurantes. Em outros tentamos... Vou destacar dois restaurantes. Para que essa resenha não fique muito grande, falarei primeiramente no almoço de fim de ano no La Sagrada Família. Posteriormente, farei os meus comentários sobre o almoço na Taberna do Juca.

Acredito que eu tenha dito já o quanto eu gosto do La Sagrada Família em algum post anterior. Assim foi mais fácil combinar com o grupo de trabalho para que fossemos lá "fazer um bonito". Chegamos cedo, mais ou menos 5 para meio dia, e conseguimos nos acomodar com facilidade.

Diferentemente das outras vezes que eu fui lá, achei o serviço um pouco confuso, até mesmo diria que alguns garçons estavam impacientes. Os pratos foram pedidos e, antes mesmo de os pratos chegarem, o restaurante já estava lotado com fila de espera. Acredito que o stress de fim de ano para os cozinheiros é maior do que para os graçons... Alguns pratos vieram com uma cara de requentado, outros com cara de ressecados pelo microondas. De fato, o capricho habitual não acompanhou o serviço dessa vez. Prefiro nem citar os pratos pedidos, para não propagandear fatos ruins do dia...



Felizmente, estávamos acompanhados do nosso mestre e conaisseur de vinhos, Heraldo, que premiou a mesa com uma garrafa de um vinho italiano de ótimo custo benefício chamado Sangiovese Rubicone, produzido pela casa Médici Ermete, safra 2004 - vinho produzido de uvas Sangiovese. Este vinho é da região de Emilia na Itália. Emilia é uma região localizada ao noroeste da Itália não muito famosa por vinhos de qualidade. Entretanto, justamente por este fato, é possível encontrar bons vinhos por preços bem em conta... Uma delícia que, esse sim, foi servido na temperatura correta, levemente refrigerado.

Eu não tenho dúvida de que o que salvou o almoço nessa última terça-feira antes do natal foi a escolha deste vinho pelo mestre Heraldo.

Eu só tenho que lhe agradecer: obrigado!

Um beijo e um abraço,

Rua do Rosário, 98 - sobrado, Centro - Rio de Janeiro (Tel. 2252-2240)

domingo, 14 de dezembro de 2008

La Sagrada Família



Terça feira passada combinamos de ir, em mais um desses almoços comemorativos de fim de ano, à Majórica. Infelizmente, o grupo furou! Mas, eu, Gaúcho e o Mottinha continuamos firmes para almoçar em algum bom local. Propus que fôssemos ao La Sagrada Família - um restaurante de propriedade da família do meu amigo Daniel Pinho. A minha proposta foi rapidamente aceita. E, assim, às 12 hs já estavamos a caminho da rua do Rosário.



O La Sagrada Família fica em um casarão antigo, reformado, com dois andares. Na verdade o primeiro salão fica em um segundo andar e é preciso subir até lá através de uma escadinha. Neste primeiro andar possui um bar onde é possível aguardar as pessoas que ainda não chegaram. Nada de muito espaço, o que faz aglomerar muita gente após 12:30, já que o restaurante é muito concorrido.



No tereceiro andar há um salão bem maior, mais comprido e onde a luz solar invade as janelas e aparece com mais clareza. Também possui um bar, mas este atende apenas aos garçons. A decoração à base de posters do Gugehein Museum, de Chagal, Dali, Monet, Van Gogh faz o colorido das paredes juntamente com os diversos pratos da boa lembrança - associação da qual o restaurante faz parte.

Ao sentarmos na mesa o nosso decano, Mottinha, com toda a sua sabedoria nos presentiou com a sugestão de almoçarmos desfrutando de um vinho rosé. Aceitamos sem titubear. Mas, o seu pedido foi realmente supreendente para todos nós, pois o vinho escolhido era de excelente qualidade: Viña Chocalán, Rosé, 2006. Feito à base de uvas Sirah e Petit Verdot, este vinho foi eleito o melhor vinho rosé do Chile em algumas degustações às cegas. Servido gelado, ele foi degustado com muito prazer por todos nós.



Vale ressaltar o savoir-vivre do Mottinha: não apenas gosta de um bom vinho, ou de um bom prato, como também gosta de uma boa resenha - o que é mais importante, na minha opinião, para podermos aproveitarmos, de modo completo, um almoço de excelente qualidade. Como eu costumo falar, com uma resenha frouxa, ou seja com um papo fluido, podemos transladar de um assunto para outro sem nenhum desgaste. E essa resenha frouxa o Mottinha não apenas possui, como exibe, sem nenhum tipo de ostentação ou vaidade. Mottinha, valeu a indicação do Viña de Chocalán, que, sem dúvida nenhuma, foi magnífico.



No tocante à comida, vale comentar que nós três pedimos o mesmo prato: "Gnocchi ripieno", que é na verdade um gnocchi de aipim recheado de ricota e salsinha, e croûtons de peito de frango, aos molhos de queijos e de tomates frescos. Perfeito! No prato, a estética visual é impressionante, pois a metade do prato possui uma coloração vermelha (devido ao tomate) e a outra metade possui uma coloração branca (devido ao molho de queijo). Você começa a saborear este prato com os olhos! O mais importante é que o gnocchi combina perfeitamente com o vinho rosé escolhido!

Em resumo, foi uma grande terça... Um bom restaurante, boas companhias e um bom vinho!

Infelizmente, o La Sagrada Família não é muito próximo do meu trabalho, pois com os seus preços acessíveis e a sua qualidade... Bom, este é o tipo de restaurante em que a gente vai dia sim e no outro dia também.

Um beijo e um abraço.



Rua do Rosário, 98 - sobrado, Centro - Rio de Janeiro (Tel. 2252-2240)

Quem sou eu

Minha foto
Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!