domingo, 12 de dezembro de 2010

Lembranças de San Francisco

Amigos e amigas,

escrevo este post com o intuito de compartilhar algumas lembranças positivas e negativas, no campo gastronômico, de uma viagem que fiz. É um post, como diria a Dri Everywhere, do tipo "Serviço de Atendimento aos Leitores" (S.A.L) que pode contribuir, ou não, para o planejamento da sua próxima viagem... Espero que gostem. ;-)


Há mais ou menos uns 3 anos atrás fui para San Francisco - uma viagem que vale muito a pena fazer, principalmente se você tiver a oportunidade de descer a linda Highway One até San Diego. Nesta viagem, eu percebi algumas dificuladades pra quem vai a restaurantes no exterior, que valem a pena comentar...

Lembro que no primeiro dia em San Fran, fomos a um restaurante almoçar. Antes de viajar, pensei comigo que seria fácil me comunicar por lá, pois havia estudado inglês uns dez anos... E se tinha me dado bem em Paris, não seria difícil me comunicar nos EUA.

Mas não foi bem assim... Se você não está praticando inglês há um tempo (no meu caso, se eu tinha estudado uns 10 anos, havia também uns 10 anos que não praticava) e se o inglês não é a sua língua materna, ou se você nunca fez um intercâmbio de média duração - assim como eu -, por mais que você esteja lendo constantemente em inglês ou veja filmes 'made USA', posso te garantir que a língua enferruja e pesa... E como pesa! Lembro que nesse nosso primeiro almoço em um restaurante entre Nob Hill e o Financial District eu comecei a rir comigo mesmo após inúmeras vezes tentar falar um simples "I'd like a bottle of still water!"

Além do inglês 'de se comunicar', existe um outro inglês para qualquer viajante: o inglês gastronômico! Cara, isso você não tem como fugir, pois você vai ter que se alimentar. A não ser que você queira comer todos os dias num Mac Donald's - assim você não terá problema, pois é só pedir: "one big mac meal, please."

O que é squash, kidney, cabbage, scallops, zucchini, surf and turf, snapper, etc? Você vai perguntar, o garçom vai te explicar e mesmo assim você não vai entender... Tenta explicar para você mesmo o que é vongôle ou terrine em português... Se você sabe, é fácil. Mas se você não sabe, não adianta. Imagina em inglês. Ou você conhece, ou não conhece o significado... Aí, só pedindo mesmo pra ver o que é. O pior é que muitas das dúvidas de vocabulário gastronômico em inglês (ou em qualquer outra língua) você conhece o alimento/ingrediente/tempero. Basta saber se você realmente gosta - é aí que mora o perigo; principalmente se você tem alergias!

Recomendo estudar, antes de viajar, tais vocábulos: do que você mais gosta e principalmente do que você não suporta.

Mas vamos lá... Seria recomendável, mesmo assim, que você não se intimidasse e não deixasse de ir a algum restaurante - é inconcebível pensar em ir ao Mac Donald's durante todos os dias de viagem. Bom, ir a um bom restaurante (ou a um restaurante sem ser de grandes redes) em uma viagem é defensável por pelo menos dois motivos: primeiro, para você comer bem e, segundo, porque não deixa de ser um complemento cultural de qualquer viagem conhecer os hábitos gastronômicos locais. Sem falar que os restaurantes no exterior são mais baratos do que no Brasil, se comparar restaurantes da mesma categoria - na minha opinião, os restaurantes brasileiros são os mais caros do mundo.

Bom, lógico que tudo depende... Mas se você gostaria de ir ao menos em um restaurante em sua viagem recomendo muito que, primeiramente, você procure indicações dos restaurantes locais, perguntando no hotel, ou simplesmente comprando um desses guias locais, tipo Michelin ou Zagat (adorado pelos americanos). Estes guias são importantes também para você saber o quanto, em média, o restaurante desejado cobra e verificar se o custo deste está de acordo com o seu bolso.

Lembro da gente no hotel selecionando um restaurante dentre muitos em uma revista disponível no nosso quarto. Escolhemos um restaurante que ficava a 100 metros do nosso hotel e era indicado para a comemoração do Valentine's Day, que se aproximava. Como estava frio para dedéu (San Francisco no inverno é bem frio) e este restaurante ficava muito perto do nosso hotel, não tivemos dúvida e fomos "com tudo".

O restaurante era lindo, muito confortável e super elegante. Extremamente romântico. Ele se chamava Fleur de Lys - french cuisine, claro. O serviço era muito simpático e atencioso, a comida era muito sofisticada e também muito boa. E o preço? Muito superior ao que planejava gastar durante as minhas três noites em San Fran - essa é uma das pegadinhas que estamos suscetíveis em viagens.

Mas tem remédio pra isso: estudar! De novo: recomendo os guias citados acima. Recomendação de amigo? Blogs? Se você confia, lógico - se não, eu não estaria escrevendo aqui, né? Recomendação de agência de turismo e revistas de viagem brasileiras? Hum... Posso contar sobre duas indicações gastronômicas de revistas de viagem...

A primeira: Caffè Trieste. Nos falaram que era excelente, imperdível e que havia um capuccino maravilhoso. De acordo com a reportagem, Francis Ford Coppola havia escrito o roteiro do Poderoso Chefão em uma de sua mesas. "Vamos lá!", disse pra mim mesmo. A realidade é que o cappucino era igual a qualquer outro, o atendimento era péssimo e o restaurante tinha um aspecto de sujo. E o Coppola? Acho que tinha um poster do Poderoso Chefão e só!

No entanto, uma indicação positiva de uma destas revistas de viagens foi a de tomar um café da manhã no Mama's on Washington Square. Muito popular e com aquele estilo de café da manhã americano, o Mama's é de uma simplicidade enorme. O breakfast servido lá era sensacional. E, mesmo lotado, todos os atendentes foram extremamente atenciosos.

Bom, aí você vai dizer "não preciso de guia", é só seguir os conselhos das agências/revistas. Pode ser, mas eu tive 50% de sucesso seguindo tais conselhos, né? No Zagat de San Fran, por exemplo, você vê que o Mama's é super bem cotado e o Caffè Trieste nem citado é - 100% de acerto, rs.

Se North Beach de SF é o berço da contracultura do movimento beatnik, onde viveram Jack Kerouac e William Burroughs, Fishman's Wharf é onde os leões marinhos pegam um sol, de frente para a ilha de alcatraz. E é lá mesmo que se encontra o mercado de peixes, onde é possível comer uma lula à dorê deliciosa, em uma das inúmeras barraquinhas. Ah... Mas comida de rua? É... Isso não tá em nenhum dos guias! Mas não tenha preconceito de comer, onde existir consumidores "vivos" em volta. Eles são a prova real de que a comida é boa! Aliás, isso sim é viajar.

Who's next?



Ps. A Carol não quer que eu termine esse post sem comentar sobre a loja da Ghirardelli localizada em uma das fábricas dela, em frente à famosa Golden Gate. É chocolate bem doce, hein? Chocólatra nenhum botará defeito. Peçam o tal do Sundae Hot fudge!

Ps2. Aproveitando que citei Jack Kerouac: para quem for a San Francisco e quiser se aventurar na Highway One até San Diego, uma boa dica é que leiam o livro que eternizou a rota 66: Pé Na Estrada (On The Road). Embora ele se concentre mais na travessia do leste para o oeste, feita por Kerouac, o livro transmite bem o espírito de se aventurar pelas estradas norte-americanas. Sem falar no estilo dos beatniks que ainda impregna em San Fran.

Beijos e Abraços,

Twitter
@viverparacomer


1) Fleur de Lys777 Sutter Street - San Francisco.
Tel.: (415) 673-7779.


2) Caffè Trieste601 Vallejo Steet - San Francisco.
Tel.: (415) 392-6739.


3) Mama's On Washington Square1701 Stockton Steet (at Filbert) - San Francisco.
Tel.: (415) 362-6421.


4) Ghirardelli Sqaure900 North Point Street - San Francisco.
Tel.: (415) 775-5500.

2 comentários:

Gustavo disse...

Fiquei curioso pra saber qual foi o prato selecionado no Fleur de Lys...

Meritíssimo Stephao esteve aqui na Noruega. Saimos os quatro para jantar e a conta de 1500 reais! Mas, foram bem investidos em Lagosta com Chablis...sobremesa, vinho de sobremesa.

Rio e SP podem ser um pouco caros, mas nada comparado à escandinavia e Japao!

Abraco!

Henrique Cesar Tupper disse...

Fala Gustavo,

em relação ao prato, relamente não lembro... Isso foi antes do blog. Aliás, de tanto não lembrar o que eu comia resolvi fazer esse blog, pois poderia registrar e lembrar o que eu vinha comendo nos restaurantes. Mas te asseguro que foi bom.
Em relação ao preço do Rio/Sp, repito, é muito caro. Se comparar o Brasil com Noruega e Japão, os preços aqui não se justificam. Nem pelo lado da oferta - o tamanho das áreas cultiváveis do Brasil em relação a esses países, lembrando que não há inverno aqui - quanto pelo lado da demanda - a renda per capita de um japonês e um norueguês não se comparam com o brasileiro.
Por fim, R$ 1.500, em termos absolutos, podem ser gastos facilmente por 4 pessoas no DOM e em Sp e em outros restaurantes por aqui... É só procurar que acha fácil. Te garanto que você gastará isso sem beber chablis e sem vinho de sobremesa. Pode ter certeza.
Quando for aí vou combinar de ir ao Noma com você.
Um abraço

Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!