sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Majórica



Acredito que a Majórica seja o restaurante que eu mais vezes fui em toda a minha vida. A razão disso é que o meu avô, preocupado por eu não comer,
fazia questão de me levar para jantar fora durante a minha infância. E o restaurante em que ele mais me levou foi lá.

Desde que eu era pequeno, eu sempre gostei da Majórica - uma churrascaria à la carte. A casa não mudou muito. Com uma decoração que lembra as tradições gaúchas, há um afresco, de ladrilhos, onde é possível ver a imagem clássica de um churrasco de vala, com gaúchos vestidos a caráter.

Ir à Majórica me remete às lembranças da minha infância, a presença do meu avô, general, que fazia questão de me impedir de comer a tão célebre linguiça que eles servem na guarnição. Ele dizia: "se é de porco, não presta. Não se pode comer." Vai discutir com ele... Não há argumentos. Até hoje lembro que para poder comê-la, tinha que usar táticas de guerra, ir ao banheiro e combinar com o churrasqueiro que assava as carnes, de frente para as mesas, para que ele me servisse rapidamente, ali mesmo na bancada. Era uma delícia...

A casa continua com as suas carnes expostas em uma grande "geladeira vitrine", na frente da churrasqueira, onde os clientes podem escolher a peça que querem que seja assada.
A churrasqueira de carvão - uma das poucas no Rio de seus grandes restaurantes - dá um charme a mais.

Antigamente existia apenas um salão com ar condicionado e o grande salão era muito quente. Hoje em dia, eles refrigeraram o grande salão e o clima ficou mais ameno e agradável.
O meu prato preferido é o meu prato preferido desde a época do meu avô:
"Brochete com Bacon, arroz branco e batatas prussianas"
Esse prato produz em mim o mesmo impacto que o prato servido ao temível crítico culinário pelo ratinho do desenho animado da disney, "Ratatouille".
O meu brochete com bancon tem a leveza de um filet mignon com o sabor que o bacon dá à carne. Não existe carne melhor. Em nenhuma outra casa, nem mesmo nessas churrascarias rodízios, com as suas inúmeras opções.

Mas vale ressaltar que as guarnições de lá são todas especiais.
O arroz branco é uma delícia... Bem cozido, com grão íntegros, solto e com um paladar sensacional. A batata prussiana sequinha, com os seus quadradinhos compactos, fazem você pensar que não existe batata mais crocante no mundo. A farofa com ovo também é muito gostosa.

Agora, existem outros pratos lá muito bons também: a picanha fatiada é sensacional. Lembro que minha mãe eventualemnte pedia um peixe, que era também muito comentado na época, chamado Haddock ao leite. Outro prato que eu às vezes pedia era o T-Bone Steak. Mas esse é um prato para troglodita: muito suculento, saboroso, mas ele é um bife enorme, com um pedaço de osso em formato de T, que me lembrava os desenhos animados do Fred Flinstone. Mas, para quem estiver com fome, e for realmente um carnívoro, acredito que é válido.

Para finalizar, eles servem a minha sobremesa preferida e também a mais simples de todas: pudim de leite! Um espetáculo. Único defeito é que ela vinha como acompanhamento uma ameixa doce - nunca a suportei. Mas é fácil resolver este problema quando se é criança: eu sempre a jogava pra debaixo da mesa, rs. Hoje em dia, eu ainda adoro o pudim de leite, mas tenho pedido, quando vou à casa, o também excelente profiteroles.

Vale contar: recentemente o meu novo amigo, Mottinha, nos convidou para almoçar lá. Aí fomos, em um grupo de 8, direto do trabalho. No fim do almoço, o Mottinha, com toda a sua experiência, proferiu mais ou menos as seguintes palavras:
"é muito bom combinar com os amigos de almoçar em um restaurante com tantas qualidades, fora do centro do Rio, onde não existe tanta tensão... Fazer isso é dar um prêmio para nós... Um prêmio de vida, pois comemos uma ótima refeição em um lugar agradável. Se conseguíssemos medir a luz de satisfação que o nosso grupo está emitindo agora, após esta maravilhosa refeição, seria comprovado que estaríamos emitindo o máximo de luz possível."

Tenho certeza que o Mottinha estava correto. E que o meu avô estava com a gente naquele momento!

Não deixem de conhecer essa maravilhosa churrascaria. Uma última dica: vá cedo, ou após as 15:30, pois nos finais de semana costuma ter intermináveis filas.

Um abraço e um beijo.

Rua Senador Vergueiro, 11 - Flamengo, Rio de Janeiro (tel: 2205-6820)

2 comentários:

Mme. R. disse...

AVE, MAJÓRICA, CHEIA DE GRAÇA!

Anônimo disse...

A majorica realmente e sensacional. A ponta de picanha especial com acompanhamentos de farofa de ovo, cebola a milanesa e palmito e perfeita. Fora a linguicinha com molho campanha. Cacete, que saudade do churrasco brasileiro.

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!