Amigos e amigas,
chegamos ao quarto e último post da saga "Oceania". Neste post falarei sobre três restaurantes da Nova Zelândia... Três restaurantes de três cidades diferentes. Por opção, falarei apenas sobre a Ilha Norte, já que é onde se encontram as duas cidades mais cosmopolitas da Nova Zelândia: Auckland e Wellington. Justamente nestas cidades é onde se encontram os principais restaurantes da NZ.
Reconheço que a Ilha Sul também tem ótimos passeios, ótimos restaurantes e diversas vinículas. Os vinhedos abaixo são de Gibbston Valley, Central Otago... Imperdível. Lake Hawea, Arrowtown, Cromwell, Alexandra, Wanaka e a pop star Queenstown são algumas das cidades que estão na região vinícula de Central Otago. É... Mas, não dá pra falar de tudo!
Antes de começarmos, pergunto a vocês quais são as diferenças entre as bandeiras da Nova Zelândia e da Austrália? Se você leu o meu 1º post sobre Austrália, você vai lembrar que eu comecei o post, assim como esse, com uma bandeira. Naquele comecei obviamente com a bandeira da Austrália... Não sabe? Bom, reveja o post australiano e compare!
Bom, como já anunciado, a Nova Zelândia é composta por duas ilhas (norte e sul) e está situada a cerca de 3 horas de voo da Austrália – é isso mesmo... Não é tão pertinho da Austrália, não!
Primeiramente habitada pelos polinésios no século XII, devido ao seu isolamento a Nova Zelândia possui uma fauna distinta e frutos também. A diferença entre a fauna da Austrália e a da Nova Zelândia é que na nesta não há dead creatures – não há tubarões, nem aranhas ou cobras venenosas.
Os polinésios, primeiros colonizadores, são chamados de maoris e nomearam a Nova Zelândia de Aotearoa (Terra da Grande Nuvem Branca). Coincidência ou não, vi muitas nuvens brancas ao chegar em Auckland – maior cidade da New Zealand. Os maoris possuem cultura própria e, inclusive, tradições culinárias interessantes: o Hangi, por exemplo, é uma delas...
O Hangi é uma tradição de cozinhar alimentos enrolados por panos embebecidos em buracos nos solos sobre rochas escaldantes. Cobrem-se esses buracos e só retornam a comida pronta depois de horas (cerca de 12 horas). Os alimentos geralmente feitos pela tradição Hangi são carne de porco, frango ou cordeiro, acompanhado de generosas porções de vegetais, como, por exemplo, cenoura, batata, batata doce, cebola e alface.
O Hangi é realizado em ocasiões especiais – um kiwi-guy (neozelandês) me disse que, no período de natal, é possível ver, ao andar de carro pelas terras ao lado das estradas, diversas fumacinhas saindo de baixo da terra, indicando onde estão sendo preparados os Hangis maoris. Infelizmente, não pude provar, mas todos me disseram que os alimentos preparados de acordo com as tradições do Hangi maori ficam deliciosos.
Os kiwis tem tradições culturais interessantes, a começar pela língua. Embora a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, seja a rainha da Nova Zelândia (e da Austrália também) e os neozelandêses falarem inglês, é um inglês difícil pra caramba de se entender. A pronúncia é bem delicada... Lembro dos meus primeiros contatos na NZ - fiquei preocupado. Mas o maior exemplo de diferenciação da pronúncia é o six (6) ser pronunciado como "sex" e o sex (sexo) ser pronunciado como "six". "Little bit" soava como "little butt"...
O esporte dos caras é a vela e o rugby. Os caras são o "Brasil" do rugby - possuem há muito tempo a melhor equipe de rugby do mundo. O time deles são reconhecidos pela carinhosa alcunha de All Blacks e os caras são mal encarados pra caramba. O engraçado é que todo início de jogo o All Blacks faz uma dancinha de apresentação, conhecida como Haka (ver foto baixo). Em 2011, eles sediarão a copa do mundo de rugby... Aliás, conversando com um "tarado" por rugby na NZ, descobri que eles chamam o nosso futebol de "puffball"... É... o rugby é barra pesada mesmo!
A Nova Zelândia é um país desenvolvido. No entanto, o que eu constatei é que a NZ é basicamente agrária: da Ilha Norte à Ilha Sul, o que mais se vê são campos cultivados. As principais indústrias exportadoras são a agricultura, a pesca e a silvicultura. Eles tratam com muita seriedade o serviço de turismo - com os diversos atrativos naturais, eles sabem e exploram o turismo até a última gota. Ah se o Brasil e o Rio de Janeiro, particularmente, soubessem aproveitar o potencial que há por aqui...
O país é também um dos maiores produtores de kiwi e uva. Produz também, em grande quantidade, lã... É possível ver ovelha pra tudo que é lado - no início é até bonitinho, mas depois ninguém aguenta mais, rs! Ah, é claro: o país é um dos melhores produtores de vinho do mundo - o Pinot Noir de Central Otago é pau-a-pau com os da Borgonha. Não posso esquecer de dizer do Sauvignon Blanc de Marlborough, uva de vinho branco, que transforma a NZ em um dos maiores e melhores produtores desta cepa. Confesso que aprendi a gostar muito dos vinhos feito a base de Sauvignon Blanc, durante a minha estada por lá.
Como dito acima, além da fruta kiwi, há também o pássaro kiwi, que curiosamente não tem asas e a sua coloração lembra muito a fruta kiwi... É um bicho um tanto quanto curioso, só há na NZ e juntamente com fern (uma espécie de samambaia) é um dos símbolos da NZ. Eles gostam tanto desse pássaro que tem até museu-parque contando a sua história. (Foto ao lado, Kiwi Bird)
I) Ilha Norte
Quando estávamos planejando a viagem para a Nova Zelândia, algumas pessoas me disseram: "cara, nem vai na ilha norte, pois, como a ilha sul é muito melhor, nem vale!". Não é bem assim.
A Ilha Norte é sensacional. Eu, particularmente, adorei todas as poucas cidades que conheci. Inclusive, os três restaurantes que postarei aqui são de arrebentar!
Mas, antes de entrarmos na gastronomia, é preciso comentar sobre as características da Ilha Norte. Inicialmente, quanto à geografia do local, a Ilha Norte possui alguns vulcões ativos e muitos gêiseres - gêiser é uma nascente termal que entra em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água quente e vapor para o ar.
Outra atração mundialmente conhecida: lembra do comercial do casal em que o marido queria fazer snowboard e a mulher queria passar as férias na praia??? Pois é... É justamente na Ilha Norte, onde é possível fazer snowboard e ir à praia no mesmo dia - mais precisamente no Mount Taranaki. Aliás, foi nessa montanha em que foi filmado o Último Samurai...
Talvez a aventura mais surpreendente da Ilha Norte seja a visita à White Island (ou Whakaari em Maori), que fica, de barco, a 3 horas da costa (só a ida); e de helicóptero, 15 minutos. A White Island é uma ilha vulcânica ativa. É muito interessante porque é possível andar em sua superfície, que parece uma cratera lunar, onde seu centro possui um lago ácido incrível. O vapor exalado pelas suas fendas atinge a temperatura média de 800ºC. Dizem que o mergulho pelos arredores da ilha é sensacional também. Cheio de lagostas, os grupos de mergulhadores pescam as lagostas e as assam nas fendas submersas. Para se chegar até lá é necessário ir até a cidade de Whakatane (se pronuncía "Fakatane"). A Vulcan leva de helicóptero e a empresa White Island Tours leva de barco.
As cidades de Rotorua e Taupo são as mais famosas da região. Há muitas atividades para os turistas, desde shows e apresentações dos Maoris, como esportes radicais: salto de pára-quedas, balonismo, rafting nos rios e bungee jump... Bom, bungge jump tem por toda a Nova Zelândia. (ver foto da queda d'água em Huka Falls, em Taupo)
Dois locais que não pude ir na Ilha Norte, mas que gostaria de ter conhecido, são Raglan e Waitomo Caves. Os dois são localizados na ala noroeste da Ilha Norte, ao sul de Auckland. Raglan fica na costa e dizem que é a melhor onda da NZ. E Waitomo Caves é uma caverna em que se pode fazer diversas explorações.
I.1) Tauranga
Tauranga foi a nossa primeira base na NZ. É a cidade principal da região conhecida como Bay of Plenty. É muito bonita, tem praias, onda, mas achei, mesmo com sol, um pouco fria - aliás, a NZ toda.
Destaque de Tauranga é a subida do Mount Maunganui. A vista lá em cima é lindíssima. As Hot SaltWater Pools, piscinas salgadas de água quente, também são bem interessantes. (Foto ao lado, dentro do complexo de piscinas, de frente para o Mount Maunganui. Foto abaixo, vista do topo do Mount Maunganui)
A cidade é pequena e tivemos a oportunidade de chegar no dia do "Blues, Brews and Barbecue" - festival de cerveja, churrasco e Blues. Tentamos ir e... não coseguimos. Foi bom, pois, ao sair da entrada do festival, fui parado por uma blitz da lei seca, que, sem me deixar falar, já havia medido o teor de alcóol em meu hálito. "No Alcohol", apareceu no medidor!
E, ao sair deste evento, pude comer no restaurante chamado... Armazém!
Armazem Restaurant & Bar
305 Maunganui Road, Mount Maunganui - Tauranga
Tel.: +64 07-574 7773
Restaurante de um brasileiro, do Espírito Santo, que serve os clássicos da nossa maravilhosa comida: pão de queijo, cerveja Brahma, picanha etc. Cara, depois de quase um mês fora do Brasil, realmente dá muita vontade de comer comida brasileira. E o Armazém não decepciona não!
De entrada, pedimos lulas fritas à milanesa e uma porção de pão de queijo. O pão de queijo estava sensacional mesmo. Conversando com Lucas Fleury, um dos sócios, ele me disse que é tudo importado do Brasil e seguem-se fielmente as receitas regionais. A carne é neozelandesa, mas o corte é brasileiro.
Como prato principal, pedi um filé à parmegiana, com arroz branco e fritas. Carol pediu um Cheesepicanha - também ótimo. Para quem estiver na Nova Zelândia e quiser provar o tempero brasileiro, ou recomendar a um Kiwi algum restaurante brasileiro, este é a grande dica.
I.2) Wellington
Wellington é a capital da Nova Zelândia. Não é a mais populosa, mas é uma cidade muito povoada: tem 600 mil habitantes que moram entre o porto e os morros que estão no seu entorno. É uma cidade bem agradável, mas extremamente fria. Venta muito. Aliás, uma das grandes diversões da cidade é ver os aviões pousando... Bate uns ventos laterais que parecem que os pilotos estão bêbados.
As principais atrações da cidade são o Museu Te Papa e a visita ao congresso neozelandês, que tem um formato de colméia - o beehive. Em um dia de sol, vale a pena pegar o Cable Car (bondinho) que faz um passeio panorâmico pelos morros de Wellington, entre Lambton Quay (parte mais baixa) até próximo do Wellington Botanical Garden (parte mais alta). (A foto ao lado, em que o Sir John Plimmer está acompanhado do seu cachorro, Fritz, é onde se encontra o início da ladeira em que se pega o bonde na Lambton Quay).
O Museu Te Papa possui a história da ocupação dos maoris na NZ e também da ocupação inglesa - tudo de forma ilustrativa. Fala da formação geográfica da Ilha Norte e da Ilha Sul... E fala também da cultura maori. O que é imperdível é a ala da fauna marítima da costa da NZ. Está à mostra a maior lula gigante encontrada até hoje - vale muito!
Wellington é a última cidade ao sul da Ilha Norte... De ferry boat, até a cidade mais próxima na Ilha Sul, Picton, são cerca de 3 horas e meia.
Há muitos restaurantes em Wellington. Infelizmente, não tivemos tempo para ir em muitos, mas o Boulcott Street Bistro é muito aconchegante e a comida, deliciosa.
Boulcott Street Bistro
99 Boulcott Street - Wellington
Tel.: +64(04)499-4199
http://www.boulcottstreetbistro.co.nz/home.html
Pequeno restaurante localizado próximo ao Lambtom Harbour. Lembro que estava um frio de foca! Fiquei muito emocionado em um ambiente tão quentinho e iluminado. Muito bem decorado e harmonizado, depois das 20h faz fila no bar, localizado no interior do restaurante.
A comida é um mix de tradições francesas com neozelandesas. De prato principal, pedi um clássico neozelandês, uma Braised Lamb Shank - é a canela do cordeiro, cozido lentamente. Este prato veio acompanhado com um purê de batata e ervilhas.
A Carol pediu um filet ao molho de vinho tinto, acompanhado de um molho béarnaise para acompanhar as french fries... Um clássico francês! Ambos os pratos estavam deliciosos.
Abaixo fica uma foto da sobremesa: profiterolis! O sorvete de Baileys recheava as carolinas e a calda de chocolate a complementava. Muito interessante.
Bom, existem diversos restaurantes em Wellington, mas faço questão de registrar o Boulcott Bistro, por ele ser muito charmoso!
I.3) Auckland
Tivemos muito pouco tempo em Auckland. Somente uma noite, então realmente não dá pra falar muito...
No entanto, Auckland é a cidade de maior área metropolitana da Nova Zelândia, mais importante, mais populosa e a capital financeira do país. Com uma população de aproximadamente 1,4 milhões de habitantes, contando região metropolitana, Auckland detém cerca de 31% da população do país. Foi fundada em 1840 e foi a capital da Nova Zelândia até 1865.
Umas das características da cidade é que ela se localiza sobre um vulcão e há um grande número de gêiseres no local. Do lado direito, o mar do Pacífico; do esquerdo, o mar da Tasmânia.
Tem diversas ilhotas vulcâncias, bem próximas, que podem ser visitadas. Há um bugee jump gigante no topo do Sky Tower de Aukcland - um prédio alto pra chuchu, que possui um observatório que dá pra ver toda a cidade. Reparem no cara dependurado pelas cordas, do lado de fora das janelas do Sky Tower. Momento paradinha do Terror!
E, como toda cidade grande, Auckland também possui as suas barraquinhas de venda de Hot Dogs. Encontramos uma barraquinha de Hot Dog alemão, comum lá, de nome Fritz's Wieners... Très chic, rs.
Cin Cin on Quay
99 Quay Street, Auckland Ferry Building, Downtown - Auckland
Tel.: + 64 9 307 6966
http://www.cincin.co.nz/
Esse restaurante fica na plataforma de embarque dos ferries que saem do downtown em direção a diversas ilha nos arredores de Auckland. Fica de frente para a marina e a vista para a saída dos barcos transforma a refeição em um verdadeiro tour.
O restaurante é muito bonito e a comida, mais ainda. Pedi um clássico neozelandês: costeleta de cordeiro com baby carrots e outros vegetais. A carne bem suculenta e macia. Melhor do que isso impossível.
De sobremesa, um tartelete de chocolate com sorvete de creme e calda de berries (frutas vermelhas).
Esta foi minha última refeição em terras neozelandesas, na verdade, na Oceania. Mas espero retornar à terra da grande nuvem branca, pois, além de ter uma beleza incomparável, é um lugar bem hospitaleiro (inclusive, não há necessidade de visto), com um povo bem receptivo e uma excelente comida.
Uma coisa eu já adicionei ao meu cardápio semanal: kiwi. Mas Kiwi Gold só se encontra na New Zealand!
Beijos e Abraços!
Twitter
@viverparacomer
Armazem Restaurant & Bar
305 Maunganui Road, Mount Maunganui - Tauranga
Tel.: +64 07-574 7773
Boulcott Street Bistro
99 Boulcott Street - Wellington
Tel.: +64(04)499-4199
http://www.boulcottstreetbistro.co.nz/home.html
Cin Cin on Quay
99 Quay Street, Auckland Ferry Building, Downtown - Auckland
Tel.: + 64 9 307 6966
http://www.cincin.co.nz/
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Quem sou eu
- Henrique Cesar Tupper
- Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário