domingo, 8 de março de 2009

Aprazível - Despedida do Fábio



Amigos e amigas, farei uma interrupção na saga gastronômica que acompanhou a minha viagem a Miami e ao México para comentar o evento dessa última quinta-feira. Nessa semana, um dos amigos do blog e companheiro de trabalho, Fábio, se despediu de nós e retornou para a sua terra natal - Espírito Santo. Portanto, fizemos diversas despedidas durante os almoços dessa semana.

Na terça-feira, o Fábio me perguntou que restaurante eu lhe recomendava para fazer uma despedida que fosse surpreendente. Bom, não titubiei e lhe indiquei o restaurante Aprazível, que fica em Santa Teresa, de propriedade do meu amigo Pedrão. Após eu descrever a qualidade desse restaurante, o Fábio aceitou a proposta e, mesmo sendo um pouco distante do nosso trabalho, juntamos um grupo de 8 comensais.




Vale comentar que o restaurante fica localizado em uma casa que, debruçada para a baía de Guanabara, lhe proporciona uma bela vista do Rio de Janeiro. É um ótimo restaurante para se ir em um belo dia de sol, ou mesmo à noite, quando a iluminação do ambiente complementa a decoração asiática do lugar. Sem dúvida nenhuma, você tem a sensação de estar fora do Brasil, talvez em Bali, em um simples almoço. Toda a decoração combina perfeitamente com a vegetação ao redor da casa e também com o clima descontraído do bar e da cozinha aberta que existe no meio do salão.



Reservei a mesa da "árvore", que necessita de no mínimo 6 pessoas - mais lúdico, impossível!. Na verdade, essa mesa fica em cima de uma palafita, por onde subimos através de uma escada. Fica-se suspenso no ar, então o garçon necessita subir nessa "árvore" para trazer os pratos ou tomar nota dos pedidos. Para podermos chamá-lo, há disponível na mesa uma campainha antiga, do tempo da minha vó, que transforma um simples almoço em um ritual de charme e descontração. Para finalizar, é possível desta mesa avistar um lindo visual da baía de Guanabara e ver a ponte Rio-Niterói.

Lembro que, quando combinamos de ir, o nosso decano, Mottinha, falou que ía, mas não estava muito de acordo não: "Todo restaurante que eu vou em Santa Teresa, como por exemplo o bar do Arnaldo ou o Mineiro, torna-se um ótimo passeio, mas a comida é cara e ruim." Eu lhe garanti que este ía fazê-lo mudar de opinião, ao menos quanto à qualidade da comida. Mas se ele é caro... a qualidade do ambiente e, principalmente, da comida justificam.



Bom, chegamos lá no horário combinado, por volta das 12:15h, e nos acomodamos na "árvore". O Mottinha, preocupado com as meninas que estavam presentes, pediu para que fosse servido um vinho branco nacional, mais especificamente o Casa Valduga Gran Reserva Gewurztraminer, safra 2008. Feito a base de uvas Gewurztraminer, muito cultivadas na Alsácia, não tem a nobreza dos vinhos produzidos a base da uva Sauvignon Blanc, nem da Chardonay, a rainha das uvas brancas, mas muito superior a uva clássica alemã Riesling. Uma excelente escolha, que com um buquê de florais, deixou uma ótima impressão em todos que o beberam.



Pedimos duas entradinhas: uma cesta de pães-de-queijo recheados com linguiça, que estava divino; e mix de pastéis, metade recheados com queijo e metade recheados com linguiça, acompanhados de um molho chutney de tomate - surpreendentes! As entradas estavam tão boas que todos na mesa concordaram em repetir ambas.

Como prato principal, a maioria na mesa pediu o Medalhão de filet mignon ao molho do vinho do porto. Eu acabei pedindo o excelente Marreco Aprazível, que consiste em um peito com molho de ameixa, arroz selvagem e purê de maçã. Uma dádiva.



Embora tenhamos pedido pratos mais tradicionais, o diferencial do Aprazível é a variedade de pratos tipicamente brasileiros oferecidos no cardápio... Em viagem pelo Brasil, as pessoas geralmente se interessam em saber onde tem um bom japonês, ou um bom restaurante italiano, ou até mesmo um restaurante francês. Mas ninguém tem muita preocupação em buscar uma boa comida local. O Aprazível resgata uma certa diversidade brasileira, seja pela moquequinha, ou pela Galinha Caipira, ou o Bacalhau do Pai (prato português já totalmente incorporado à tradição gastronômica brasileira, ver foto abaixo); ou até mesmo nas sobremesas.




Sobremesa que não pode deixar de se experimentar: baião de dois! Sorvete de tapioca com calda de açaí. Ingredientes do Pará, que fizeram sucesso em diversas lojas de sucos pelo Rio de Janeiro. Maior diversidade cultural, impossível.




Finalizamos a nossa sobremesa e em seguida começaram as homenagens ao nosso consultor. Vale dizer que sentiremos falta... Aliás, não apenas o PTR, a área em que ele trabalhava, como toda a gerência. Isto porque, além de ele ser um profissional da maior competência, é também uma pessoa carismática, das mais queridas de toda a empresa.



De conversa fácil, tinha todas as resenhas possíveis: de futebol a ópera; de David Lynch a física quântica. Em um mundo que ninguém tem mais tempo pra nada, ele sempre tinha tempo para quem lhe demandava atenção. Pela sua multiplicidade intelectual, representava bem toda a gerência, mostrando com perfeição a qualidade do profissional do PTR. Em resumo, uma pessoa da 'mais alta complexidade'.

Mas chegou a hora do nosso presidente voltar para sua terra natal. Boa Sorte.


Beijos e abraços,



Rua Aprazível, 62 - Santa Teresa, Rio de Janeiro. (Tel. 2507-7334).

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!