sábado, 19 de janeiro de 2013

Comida aconchegante

Amigos e amigas,

uma das coisas que eu prometi a mim mesmo nessa virada de 2012 para 2013 era conhecer novos restaurantes fora do eixo Centro-Zona Sul do Rio de Janeiro.

Dentre os vários que já escutei falar muito bem, o Aconchego Carioca era uma vontade antiga. Havia escutado que ele tinha feito um grande sucesso no "Comida di Buteco", festival que acontece anualmente no Rio, elegendo as cozinhas dos melhores botecos do RJ.

No entanto, ouvi também que a proprietária havia retirado o Aconchego Carioca desse festival, pois como ela não ganhava, achava injusto a participação do seu restaurante. Não sei se é verdadeira a história, mas foi o que eu escutei...

Da mesma forma, umas amigas minhas - que são super bagunceiras - me disseram que tentaram ir ao Aconchego Carioca durante o período do festival "Comida di Buteco", mas acabaram sendo proibidas de entrar na casa por excesso de bagunça!

Okay...

Ano passado, o Aconchego Carioca havia ganho o prêmio da 'Veja Rio' de melhor restaurante brasileiro. Isso, pra mim, não quer dizer nada, porque tem cada "bomba" que ganha prêmio da "Veja Rio"; e vida que segue...

De qualquer forma, um boteco (ou restaurante?) que venha a ganhar o prêmio de melhor restaurante de comida típica brasileira tem que ter algum diferencial.
A fila nada convidativa de espera.

Chegamos tarde. Aliás, bem tarde. E a espera era de, pelo menos, 1h  e meia. Como tínhamos um evento no final do dia no bairro do Cachambi, resolvemos seguir os ensinamentos bíblicos de Jó e aguardarmos pacientemente pela recompensa.

A fila foi lentamente se desfazendo, parte por desistência, parte por existirem mesinhas do lado de fora do restaurante que acabaram podendo fazer pedidos - me foi explicado que as mesas de fora são para dar apoio na espera e geralmente não são servidas refeições. Acontece que, no sábado em que fomos, havia uma mesa gigante que ocupava quase 1/3 do restaurante comemorando o aniversário de uma menina, fazendo uma algazarra e atravancado todo o fluxo de rotatividade do restaurante.

Quando chegamos junto à organizadora da fila, que logo percebi ser a sócia-proprietária de tantas histórias folclóricas, fiquei um pouco na dúvida de como estaria o nível de tensão e simpatia da casa. 
Digo isto porque realmente havia uma tensão muito grande de todos os funcionários no tocante a acomodar os comensais que aguardavam na fila, bem como uma tensão enorme de quem estava na fila, aguardando para comer.

A sócia-proprietária estava preocupada não apenas em organizar a fila, mas visivelmente estressada com o funcionamento da casa e com a administração da mesa gigante. No entanto, foi super atenciosa com todos os pedidos dos clientes que aguardavam na fila.

Lembro que um casal que aguardava na fila atrás de mim com uma filha pequena (cerca de 8 anos) pediu para que fosse acomodado rapidamente para que sua filha se alimentasse. A proprietária atendeu. 
Nesse momento, criou-se uma dúvida filosófica: vale a pena para um casal aguardar com uma filha pequena almoçar em um restaurante, que já anuncia desde a chegada que o tempo de espera é de 1h e 30? 

Não sei se vale nem pra mim, nem pra ninguém. 

Alegar apenas no final que possuía uma filha pequena que estava faminta, depois de a família ficar a fila toda incólume e se sentar 20 minutos antes, fez muita diferença? 

Não era melhor ter solicitado uma mesa "com prioridade" assim que chegou?

Se eu não tivesse um evento que começaria mais tarde, sem dúvida eu não teria ficado. Bom, ficaram as dúvidas filosóficas, juntamente com o bom senso, pairando no ar...

Quando eu estava começando a ter certeza de que a paciência de Jó era mais do que uma devoção e sim um sinal patológico de masoquismo, eis que nos aparece uma mesa.

Beberiquei uma Terezópolis, juntamente com um pastelzinho de entrada sensacional!
Como a carta de cerveja de lá é excelente, não sabia nem qual cerveja pedir. O garçom que nos atendeu, muito simpático, demorou uma eternidade para trazer a carta de cerveja - provavelmente explicado pela tensão do dia.

Depois de quatros solicitações, ele me trouxe o cardápio e, muito gentilmente, me explicou todas diferenças entre IPA, Lager e Pilsner da Brooklyn Brewery.

A East IPA da Brooklyn Brewery.

Acabei experimentando a India Pale Ale (IPA) da Brooklyn Brewery. Bem forte e com muito sabor, acredito que vale a pena ser experimentada.

Os pastéis de entrada, que pedimos assim que sentamos, eram sensacionais: metade da porção de camarão e a outra metade de queijo com espinafre e castanha do Pará. Muito bons.

Tem coragem? Deliciosos.

Um tempinho mais tarde, chegou o nosso bobó de camarão, acompanhado de arroz branco e farofa amarela.

Depois de tanta espera, a recompensa: foi um dos bobós mais gostosos que já comi. Consistência perfeita, o bobó tinha tempero vivo. Explico: era possível sentir a frescura do coentro a cada garfada. Não conseguia parar de comer. Já tinha saciado a minha fome, mas me recusava a deixar uma garfada na panela de barro. Divino.

O nome desse bobó deveria ser: "quel émotion!"

E, sem dúvida, o prato era muito bem servido e também era suficiente para, pelo menos, 3 pessoas com fome e 4 pessoas de apetite moderado. 

Pra finalizar, pedimos uma almofadinha doce. Uma espécie de pastel à base de tapioca, com doce de leite, temperado com canela e acompanhava ainda uma bola de sorvete de creme. De comer chorando...

Diante de tantas histórias contadas no início desse post, que nem sei se são verdadeiras, o fato que constatei é que o Aconchego Carioca não é bar e também não é um boteco. É um excelente restaurante. 

Teve alguns deslizes quanto ao serviço, mas em relação à comida é sem dúvida divino.
Espero voltar lá, em breve, mas cedo para não pegar aquela fila de Jó.

Beijos e abraços,



Twitter/Instagram
@viverparacomer

Aconchego Carioca
Rua Barão de Iguatemi, 379 - Praça da Bandeira
Tel.: (21) 2273-1035

2 comentários:

Dani Bispo disse...

Adorei!
Tenho curiosidade de experimentar essa cerveja mas gosto tanto das alemãs de trigo que acabo sempre nelas.
Quanto ao bobó hummm deu água na boca.
Abcs
Dani Bispo

Henrique disse...

Oi Dani,
tb tenho uma quedinha pelas alemãs de trigo. Mas vale a pena sim. Tinha uma escocesa que tenho escutado muito. Enfim, as cervejas de lá são para arrebentar.
Agora, a comida supera ainda mais as expectativas.
Obrigado pela visita.

Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!