domingo, 2 de agosto de 2009

Old Homestead Steak House

Amigos e amigas,

para provar que em NY tem de tudo, trago a vocês uma resenha sobre uma verdadeira churrascaria novaiorquina.

Saí do Brasil com grandes recomendações de ir a uma churrascaria muito famosa no Brooklyn, chamada Peter Luger Steak House. No entanto, em nosso primeiro dia em Manhattan, conhecemos um casal novaiorquino que nos recomendou ir ao Old Homestead. Eles até confirmaram que se come muito bem no Peter Luger, mas que a outra era menos turística e mais real Manhattan. Ponderei e achei melhor aceitar a sugestão do casal.


O Old Homestead fica localizado no Meatpacking District - bairro que fora no passado reduto de vários açougues e abatedouros, mas que, hoje, é um dos bairros mais in de Manhattan. Tudo está acontecendo atualmente no Meatpacking District: os grandes costureiros, os grandes restaurantes, as grandes noitadas. O povo mais cool tem vindo morar aqui também. E, recentemente, acabou de inaugurar o parque que tem tudo pra virar a sensação desse verão: o High Line Park.


O parque que foi inaugurado sobre os trilhos elevados de um trem de carga desativado, que cortava Manhattan. Para saber mais sobre o High Line Park, veja esse blog: http://abrindoobico.com/2009/06/09/yes-nos-temos-minhocao/.

O Old Homestead fez muito sucesso na década de 50 entre os mafiosos de NY.


Não é à toa que há espelhos por todos lados. Assim, nenhum gangster era surpreendido pelas costas. Verdade, verdadeira, é que o restaurante possui um ar masculino, embora houvesse diversas mulheres no recinto - para se ter uma idéia, atrás da nossa mesa, havia uma mesa com mais ou menos 16 senhores, com mais de 60 anos, confraternizando.

As carnes lá são sensacionais. Inclusive, é apenas no Old Homestead que se encontra em NY o beef de Kobe legítimo. Para quem não sabe, o beef de Kobe é uma das carnes mais apreciadas e mais caras do mundo. Kobe é uma cidade no Japão, onde começaram a criar um boi negro e feio, chamado Wagyu, em espaços mínimos, com direito a massagem, iogurte, cerveja etc. O resultado é uma carne super saborosa e macia. Se em NY é possível encontrar tudo que é tipo de luxo, não poderíamos deixar de encontrar o "dimante negro" das carnes bovinas. O problema é o preço: um simples bife no Old Homestead custa US$ 195.00, sem tax e sem tip.

Pedimos de entrada um pão do chefe, que vinha acompanhado de queijo fondue. Super bom. Como prato principal, dividimos o Porterhouse - um T-Bone Steak enorme - e, como acompanhamento, uma panelinha de cogumelo e outra de batata assada.


Dizer que tudo estava gostoso é óbvio. Agora, o que me sinto na obrigação de dizer é que a carne lá possuía à disposição do cliente 5 níveis de ponto: do hiper mal passado ao super bem passado. Pedimos a nossa carne bem passada (embora prefira a carne mal passada). E, realmente, a casa nos enviou o Porterhaouse bem passado. Não era para ser supreendente, mas é impressionante a quantidade de restaurantes que confundem ou não sabem o que é bem passado.


Ah, e a carne estava estupenda: extremamente macia, mesmo bem passada, e sobretudo saborosa.

Para nos acompanhar nessa missão, escolhemos um vinho do Rhône, mais especificamente um Chateauneuf-de-Pape. O vinho escolhido foi produzido pela casa Château La Nerthe, tradicional produtor da região de Chateauneuf-de-Pape, safra 2005, de uma assemblage que contava basicamente com uvas Mourvèdre, Cinsault, Grenache noir e Syrah. Vinho elegante, que dúvido que exista alguma mulher no mundo que não venha gostar dele!


Talvez o bom de NY seja a possibilade de poder beber vinhos, até mesmo em restaurantes, a preços mais justos. Ao consultarmos uma loja no centro do Rio, que se diz especializada em vinhos, o sommelier da casa disse que realmente tinha o "Chateuneuf-de-Pape", como se ele fosse de um produtor, mas o que surpreende é o preço: é impossível achar um vinho dessa subregião do Rhône por menos de R$ 50,00 por aqui. É assim preferível beber por R$ 15,00 o meu bom e velho Oreades feito à base de uvas Tempranillo...

Uma situação curiosa que vivemos lá foi que, nessa mesa onde havia quase vinte homens fazendo aquele encontro do clube do bolinha, em determinado momento da noite, começaram a fazer piadas sobre estrangeiros e talvez sobre mulher - não chegamos a compreender bem, até porque não estávamos prestando tanta atenção neles. Contudo, alguém da mesa deles percebeu que poderia ter nos ofendido com as brincadeiras e pediu para que o garçom viesse nos dizer que o vinho ficaria por conta deles.

Evidentemente, não aceitamos, agradecemos e dissemos que estava tudo bem, que não haviam nos perturbado - quando um deles falou que pedia desculpas pelo jeito, pela bagunça, pelo barulho, enfim, dissemos que não havia problemas... realmente, não nos incomodaram, foi até divertido presenciar essa confraternização, que, por sinal, não difere muito de nenhuma outra em qualquer parte do mundo ocidental...

Para a sobremesa, escolhemos uma torta de chocolate, estilo "old fashion"... era a nossa possibilidade de provar uma torta que tinha tudo a ver com aquele ambiente à la "O poderoso chefão". A torta era gigantesca (com quase 10 cm de altura, sem exagero) e feita de um chocolate amargo bem forte. Bem gostosa, mas até a maior apreciadora de doces não conseguiu finalizar a missão.



Enfim, o Old Homestead, com a sua vaquinha na entrada, é um senhor restaurante.

ps. Novidade: o Viver Para Comer está há uma semana no Twitter. A cada novidade, o Viver Para Comer no Twitter informará, com o maior velocidade, onde o blog está investindo. Procurem Viver Para Comer no Twitter!


56 9th Avenue, Manhattan, New York - Tel.: (1) 212.242.9040

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom Cesaaar...

Eu pagaria os US$195,00 fácil!!!

Viva a carne vermelha, o gado confinado e a picanha maturada...

Gostei da resenha dos coroinhas cavalheiros...

abs

Chiquin

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!