Amigos e amigas,
o Viver Para Comer acabou despontando, no final de agosto, na cidade de Tiradentes, Minas Gerais. Cidade que é patrimônio histórico nacional, por ser um dos maiores centros históricos de arte barroca. Contudo, a cidade não é grande, de modo que em dois dias qualquer turista já passa a ser profundo conhecedor de todas as ruas, calçadas, monumentos e igrejas do local.
O final de semana que escolhemos para aportar em Tiradentes foi o final de semana de abertura do XIII Festival Gastronômico de Tiradentes. Isso para mim causou uma grande ansiedade: quais seriam as atrações, que seminários eu poderia aproveitar, quais restaurantes locais eu poderia visitar, quais novidades gastronômicas eu conheceria... Estas eram as questões que passavam pela minha cabeça!
Após algumas horas dentro de um carro, chegamos em Tiradentes. Sexta-feira fazia um frio abaixo de 6 graus celsius. Mas o que me assustou e até me decepcionou foram os preços indecentes que o festival estava cobrando para que pudéssemos experimentar o menu de alguns chefs convidados. Para se ter uma ideia, os preços dos menus degustativos iam, sem bebida e nem 10%, de 150 a 330 reais por pessoa. Um verdadeiro assalto! Resultado: não pudemos experimentar nenhuma invencionice dos chefs do festival.
De fato, o festival, para nós, se resumiu ao chope bebido no galpão dedicado as palestras e aos restaurantes locais que modelaram alguns pratos especialmente para o festival.
Mas nem por isso deixamos de aproveitar a cidade e, também, os restaurantes locais. Aliás, bons restaurantes, mas devemos ter em mente que são restaurantes bons sim, mas de uma cidade pequena e não de uma capital. Em outras palavras, são restaurantes pequenos, que necessiatam ser reservados com uma certa antecedência e ter paciência e jogo de cintura. A exemplo do jogo de cintura, posso lembrar da nossa espera no restaurante Trattoria Via Destra...
1) Trattoria Via Destra
O Via Destra fica na rua da Direita, uma espécie da "Dias Ferreira" de Tiradentes, e é muito pequeno. Escutei que o proprietário é um ex alto executivo que trabalhava em uma grande empresa de Belo Horizonte. Resolveu se aventurar no charmoso mundo de proprietário de um restaurante em uma cidade pequena.
Bom, tivemos que esperar por cerca de meia hora antes de entrarmos, pois não havia mesa para todos. E, quando entramos, ficamos em mesas separadas, pois não havia mesa grande para todo o grupo. Momentos depois fomos realocados em uma mesa onde cabiámos nós 6.
Todos os pratos servidos estavam muito bonitos. O meu risoto de funghi porcini estava excelente. Ouvi falar bem do prato preparado especialmente para o festival: filet mignon recheado de queijo, acompanhado de talharim com azeite trufado.
Para acompanhar pedimos um vinho argentino - Norton Malbec. Vinho bom.
Ressalto que, mesmo não tendo desgutado um dos menus fixos (caríssimos) do Festival, os restaurantes que fomos também tinham um preço elevado para a cidade.
2) Tragaluz
O Tragaluz era o restaurante mais aguardado por todos nós (reservamos com quase 1 mês de antecedência). Foi super recomendado. Ao sermos acomodados em nossa mesa, nos deparamos com a bela atriz Carolina Ferraz, que jantava em uma mesa ao lado, muito simpática e sorridente.
O restaurante muito bonito e acolhedor, com sua decoração rústica distoava da energia de um dos garçons, que parecia de mau humor ou não muito preparado para o ofício. Pedimos uma garrafa de vinho português, o Porca de Murça, que, ao prová-lo, percebi que não estava bom. Solicitei ao garçom que o trocasse - apesar da cara feia do rapaz, imediatamente o vinho foi trocado pelo argentino Finca El Origen Malbec 2007.
Pedimos de entrada um patê de Foie Gras (da casa) delicioso, bem temperado, envolto em uma base de fatias de bacon defumado. O melhor da noite na minha opinião!
Todos gostaram de seus pratos, muitos deles com influência da cozinha mineira. O meu também estava regular: pedi um filet au poivre vert. Infelizmente ele veio com sua base esturricada, embora por dentro estava ao ponto. Imagino que o filet tenha sido queimado em sua base no momento em que ele foi selado.
Outro prato que destaco foi o nhoque, feito com Pro Nobis (uma verdura escura típica de MG), com carne assada no molho escuro - bem saboroso e com gosto de comida caseira (ver foto abaixo). De sobremesa, pedimos um doce de leite com sorvete de queijo e lascas de parmesão - estava bem gostoso, apesar da ressalva com relação às lascas de queijo, mistura que não me agradou muito.
Mas, independentemente, foi uma noite agradável!
3) Pousada Três Portas
A maior surpresa de Tiradentes, gastronomicamente falando, foi a pousada Três Portas. Queríamos ter nos hospedados lá, mas devido a lentidão na coordenação entre as viajantes de nosso grupo, quando fomos fechar, não havia mais quartos disponíveis.
Mesmo não nos hospedado lá, soube que a pousada vendia queijos artesanais. Cheguei à Tiradentes pensando nestes queijos. Como o festival gastronômico para nós não existiu, tinha grande expectativas nos queijos artesanais do local.
Bom, chegamos na porta da pousada Três Portas (Isso mesmo, há três portas na pousada!) Tocamos a sineta, em uma das portas, e uma atendente olhou pra fora... Antes que dissesse qualquer coisa eu perguntei se ela possuía queijo pra vender.
Enquanto a atendente da pousada verficava se havia queijos à venda, um sr. que vinha em direção a porta em que eu estava falou: "Ei, o que você está fazendo... Entra, por favor... Te adianto que para vender não tem, mas para degustar tem de montão. Faço questão que você tome um café e prove os meus queijos"!
Esse simpático sr. era o Dr. Paulo, que logo depois explicou que era o pai do proprietário da pousada. Nos falou que todos os queijos já estavam reservados e, embora não tivesse para vendê-lo, ainda havia queijo para degustar!
Ele nos ofereceu dois queijos: 1) queijo tipo parmesão, que ele nos explicou que o real parmesão é curado por mais tempo e 2) queijo tipo Morbier, onde o original é produzido na cidade de mesmo nome. O queijo morbier tem um friso de fungo no meio dele!
Não preciso dizer que além da simpatia do Dr. Paulo, todos os queijos estavam deliciosos. Ele me garantiu que todos os queijos são produzidos de forma artesanal, com leite orgânico (pasto natural e sem químicos estimulantes) obtidos na fazenda de sua propriedade.
Bom, fica a dica, dos queijos e de hospedagem. Falam que o café da manhã da pousada é de se emocionar!
Por último vale ressaltar os diversos bares existentes em Tiradentes. São tantos, que não posso destacar apenas um. Isto é possível checar na in locus.
Outra dica ao viajante é não deixar de visitar a loja do Chico Doceiro - uma verdadeira instituição local. O seu doce de leite caseiro que recheiam biscoitos em forma de cone é um diferencial de Tiradentes. Há também cocadas e outros doces para quem gosta.
Tiradentes, como cidade, me surpreendeu muito. E os seus restaurantes... São de perder os dentes! ;-)
Beijos e Abraços
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@viverparacomer
Trattoria Via Destra
Rua Direita, 45 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1906
Tragaluz
Rua Direita, 52 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1424
Pousada Três Portas
Rua Direita, 280 A - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1444
Chico Doceiro
Rua Francisco Pereira de Moraes, 74 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1900
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Quem sou eu
- Henrique Cesar Tupper
- Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!
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