Acredito que a Majórica seja o restaurante que eu mais vezes fui em toda a minha vida. A razão disso é que o meu avô, preocupado por eu não comer, fazia questão de me levar para jantar fora durante a minha infância. E o restaurante em que ele mais me levou foi lá.
Desde que eu era pequeno, eu sempre gostei da Majórica - uma churrascaria à la carte. A casa não mudou muito. Com uma decoração que lembra as tradições gaúchas, há um afresco, de ladrilhos, onde é possível ver a imagem clássica de um churrasco de vala, com gaúchos vestidos a caráter.
Ir à Majórica me remete às lembranças da minha infância, a presença do meu avô, general, que fazia questão de me impedir de comer a tão célebre linguiça que eles servem na guarnição. Ele dizia: "se é de porco, não presta. Não se pode comer." Vai discutir com ele... Não há argumentos. Até hoje lembro que para poder comê-la, tinha que usar táticas de guerra, ir ao banheiro e combinar com o churrasqueiro que assava as carnes, de frente para as mesas, para que ele me servisse rapidamente, ali mesmo na bancada. Era uma delícia...
A casa continua com as suas carnes expostas em uma grande "geladeira vitrine", na frente da churrasqueira, onde os clientes podem escolher a peça que querem que seja assada.
A churrasqueira de carvão - uma das poucas no Rio de seus grandes restaurantes - dá um charme a mais.
Antigamente existia apenas um salão com ar condicionado e o grande salão era muito quente. Hoje em dia, eles refrigeraram o grande salão e o clima ficou mais ameno e agradável.
O meu prato preferido é o meu prato preferido desde a época do meu avô:
"Brochete com Bacon, arroz branco e batatas prussianas"
Esse prato produz em mim o mesmo impacto que o prato servido ao temível crítico culinário pelo ratinho do desenho animado da disney, "Ratatouille".
O meu brochete com bancon tem a leveza de um filet mignon com o sabor que o bacon dá à carne. Não existe carne melhor. Em nenhuma outra casa, nem mesmo nessas churrascarias rodízios, com as suas inúmeras opções.
Mas vale ressaltar que as guarnições de lá são todas especiais.
O arroz branco é uma delícia... Bem cozido, com grão íntegros, solto e com um paladar sensacional. A batata prussiana sequinha, com os seus quadradinhos compactos, fazem você pensar que não existe batata mais crocante no mundo. A farofa com ovo também é muito gostosa.
Agora, existem outros pratos lá muito bons também: a picanha fatiada é sensacional. Lembro que minha mãe eventualemnte pedia um peixe, que era também muito comentado na época, chamado Haddock ao leite. Outro prato que eu às vezes pedia era o T-Bone Steak. Mas esse é um prato para troglodita: muito suculento, saboroso, mas ele é um bife enorme, com um pedaço de osso em formato de T, que me lembrava os desenhos animados do Fred Flinstone. Mas, para quem estiver com fome, e for realmente um carnívoro, acredito que é válido.
Para finalizar, eles servem a minha sobremesa preferida e também a mais simples de todas: pudim de leite! Um espetáculo. Único defeito é que ela vinha como acompanhamento uma ameixa doce - nunca a suportei. Mas é fácil resolver este problema quando se é criança: eu sempre a jogava pra debaixo da mesa, rs. Hoje em dia, eu ainda adoro o pudim de leite, mas tenho pedido, quando vou à casa, o também excelente profiteroles.
Vale contar: recentemente o meu novo amigo, Mottinha, nos convidou para almoçar lá. Aí fomos, em um grupo de 8, direto do trabalho. No fim do almoço, o Mottinha, com toda a sua experiência, proferiu mais ou menos as seguintes palavras:
"é muito bom combinar com os amigos de almoçar em um restaurante com tantas qualidades, fora do centro do Rio, onde não existe tanta tensão... Fazer isso é dar um prêmio para nós... Um prêmio de vida, pois comemos uma ótima refeição em um lugar agradável. Se conseguíssemos medir a luz de satisfação que o nosso grupo está emitindo agora, após esta maravilhosa refeição, seria comprovado que estaríamos emitindo o máximo de luz possível."
Tenho certeza que o Mottinha estava correto. E que o meu avô estava com a gente naquele momento!
Não deixem de conhecer essa maravilhosa churrascaria. Uma última dica: vá cedo, ou após as 15:30, pois nos finais de semana costuma ter intermináveis filas.
Um abraço e um beijo.
Rua Senador Vergueiro, 11 - Flamengo, Rio de Janeiro (tel: 2205-6820)
2 comentários:
AVE, MAJÓRICA, CHEIA DE GRAÇA!
A majorica realmente e sensacional. A ponta de picanha especial com acompanhamentos de farofa de ovo, cebola a milanesa e palmito e perfeita. Fora a linguicinha com molho campanha. Cacete, que saudade do churrasco brasileiro.
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