Amigos e amigas,
em maio aportei na cidade de Chicago - uma das cidades mais importantes dos USA e uma das mais bonitas. Se fosse arquiteto, provavelmente teria desfrutado ainda mais a cidade. Berço de diversas escolas arquitetônicas e do notável Frank Lloyd Wright, Chicago merece ser visitada. Tentei encaixar uma viagem para Chicago duas vezes anteriormente, mas não consegui.
A fria e ventosa Chicago pode afugentar as pessoas das ruas, mas quando esquenta é super charmosa. O loop, que fica no centro, não é muito diferente de Manhattan, mas nos arredores é possível ver prédios baixos e muitas casas. Se planeja ir a Chicago, não fique apenas na Magnificient Miles (a "Champs Elysées" de Chicago). Vá para o Sul (mais pobre), para o norte e, principalmente, explore o centrão. Uma dica para andar nos bairros e provar algumas comidinhas é optar por comprar o
Chicago Food Planet Tours - há diversos passeios pelas ruas de Chicago, pelos diversos bairros.
Recomendo ver os filmes
Curtindo a Vida a Doidado,
O Casamento do Meu Melhor Amigo,
Adoro Problemas e, mais atualizado,
Para Sempre para já sentir como a cidade de Chicago funciona. Embora meu professor de inglês tenha dito que Chicago ainda é uma "mob city", não vi nada que me preocupasse - apenas as lendas de Al Capone que assombram toda a cidade até os dias de hoje.
O cenário gastronômico não deixa ninguém insatisfeito: há diversos bons restaurantes para diversos tipos de bolso. Há diversas cervejas produzidas em "Chi Town" e muita cultura gastronômica: Chicago Hot Dog, Chicago deep dish cheese pizza, Chicago Steaks e muito blues.
Uma amiga do blog recomendou que eu fosse em alguns restaurantes. Dentre eles, ela destacou o "
Next" - um restaurante "fine dining", com um menu confiança que varia constantemente - e o "
The Purple Pig".
O Next tem como um dos sócios Grant Achatz, sócio e chef do Alinea - considerado por muitos um dos melhores restaurantes dos USA. No entanto, quem cuida do Next não o é Mr Achatz e sim Dave Beran. O Next tem um formato de servir um tipo de menu dentro de um estilo, durante um período e, depois, mudar completamente o cardápio e até mesmo o estilo. No período em que visitamos Chicago, maio/2014, o menu proposto era um
Chinês moderno (???).
O Next tem um sistema que você compra um ticket para sentar antes de ir. É o equivalente ao fazer a reserva e já deixar pago. Caso você não possa ir, ou simplesmente desista da ideia, terá que oferecer o seu ticket na fan page do restaurante no Facebook. Não há muitas informações sobre o menu pelo qual você irá se aventurar. Única informação que eu tive é que no período em que íamos o menu era made in "chi-china-town".
Além do ticket você é imbuído a definir se você quer uma harmonização alcoólica ou não alcoólica.
As minhas duas maiores críticas ao restaurante são a comida que compõe o menu: com cerca de 11 pratos, o menu "modern chinese" não fluiu em uma forma construtiva. No meio do jantar já não havia mais interesse e saber qual era o próximo prato. Havia pratos muito interessantes, mas da forma como eles eram sequencialmente servidos deixou a desejar. Principalmente quando a proposta do menu é chinês moderno. Aliás, esses conceitos são bem perigosos: já é difícil saber o que é comida chinesa tradicional - são inúmeras regiões - assim, propor um chinês moderno é pisar em telhado de vidro.
Lembro que quando chegamos o maître nos explicou que o menu era um estudo feito sobre o quê era servido em diversas chinatowns dos Estados Unidos. Por isso era conceituado como chinês moderno.
O meu segundo ponto de crítica era como os garçons serviam: pareciam estar mais em um espetáculo ilusionista do que mesmo em um restaurante. O primeiro prato servido foi caldo de quiabo: quando nos sentamos havia uma flor decorativa sobre a mesa com um grande caule. O garçon explicou como seria a noite, retirou a flor, aproveitou o caule em uma prensa em nossa frente e tchan tchan: caldo na tigela nos foi servido. Okay, se apenas essa "magia" fosse apresentada, tudo bem. Mas o problema é que a cada prato servido, havia um tchan tchan que me parecia deboche.
Acredito que o serviço deve ser atencioso e não precisa ser frio. No entanto, transformar cada abordagem à mesa em um encontro com o aprendiz de David Copperfield, há limites.
Mas vale destacar alguns pratos, à saber, dumplings de vieiras, o caranguejo servido no coco ralado (o garçon jurou que existe coco na China), camarão servido em "areia" de gema de pato e, o que eu mais gostei, que foi o pato em "camadas".
A mesa dos comensais ao lado parecia não estar muito emocionada. No entanto, em uma mesa mais afastada, havia um comensal extremamente delirante. Não parava de elogiar. Absolutamente tudo que era lhe servido sem mesmo provar era motivo para uivos e frases de elogios. Talvez seja por isso que para os garçons que nos atenderam fosse tão difícil entender que a gente não havia gostado de algum prato específico.
Diante de tanto esforço - o agendamento para adquirir os tickets de entrada foi bem difícil - e do preço, acredito que para o menu "chinese modern" não vale a pena. Mas como disse, cada 4/5 meses muda o cardápio e o restaurante se transforma em uma novidade.
Who is next?
- - -
Já o Purple Pig é um restaurante bem despojado e super concorrido para happy hours. Abusam da oferta da vasta adega de vinho e oferecem diversas mesas comunitárias (tipo balcão) para os comensais. Sentar em uma das mesas, mesmo as comunitárias, pode levar 1:30h de espera. No entanto, caso vague um assento no bar, é possível sentar sem entrar na fila de espera.
Com um
cardápio que pode competir com qualquer "Comida di Boteco", há uma sessão de pastinhas (smears) que é de se emocionar. O queijo feta com pepino era de chorar. O feta acompanhava uma travessa de torradas amanteigadas que, após o término, eram repostas - dava para beber um burgundy a noite toda com elas.
Agora, a entrada que era mais pedida era o tutano assado servido no próprio osso com umas ervas e torradas. Sentados no bar, a frente do chef Jimmy Bannos Jr, escutei ele falando que eram servidos cerca de 20 kilos por dia. Realmente não tem como sair de lá sem pedir um "bone marrow".
Fomos no Purple Pig duas vezes. Como ele era de frente para a rua em que alugamos um apto, fomos no mesmo dia em que chegamos e achamos tão bom que voltamos no último dia. A espera para obter uma mesa no primeiro dia era de 45 min no último dia 1h e 30min. Mas como havia dito, pode-se buscar uma cadeira no bar e comer junto a "operação" realizada pelos chefs e assistentes. Na primeira vez achei os garçons extremamente simpáticos e condizentes com o espírito 'Happy hour' da casa. Já na segunda vez, achei o garçon que nos atendeu um pouco mais agressivo, pressionando para que escolhêssemos rápido o que iríamos comer. Bem, a espera estava bem grande também.
O prato principal que mais gostei foi o Wagyu Sirloin com molho de azeitona, feito no caldo de tutano, e acompanhava batatas fingerling.
Como programa, ir ao Purple Pig é mais divertido, relativamente bem mais barato e gostoso.
Oinc Oinc
----
Se NYC é jazz, Chicago é blues. Fomos a alguns shows de blues. Dentre eles
Buddy Guy's Legends. Tínhamos que chegar até às 20 h, mas chegamos atrasados e o show já havia começado. Pior que isso, não havia mesa disponível, nem mesmo banco no bar para se sentar.
Bom, depois de um minuto procurando, um senhor negro, barrigudo, veio falar conosco: "vocês querem dois lugares? Por favor fiquem aqui no meu."
Eu ainda respondi que não, pois ele já estava sentado. Ele respondeu algo como "que bobagem!"
Show vai, cerveja vem, quando olhamos para o palco percebemos que o coroa barrigudo estava em pé no palco, dando uma canja. Todos que assistiam o espetáculo, levantaram para vê-lo de perto.
Pensei: "esse cara é da 'velha guarda' do blues". Mas quem seria ele? Olhei todas as fotos dos caras das antigas e não o reconheci.
Bem, a Carol não titubeou e perguntou ao nosso barman. Resposta: "Oh...He's Mr Buddy Guy!".
Fiquei sem acreditar e passada duas músicas ele desce do palco e forma-se uma fila gigante para autógrafo e fotos. Um segurança ajuda a fila se organizar e depois de autografar alguns pôsteres ele larga fila, volta ao meu lado e pede um shot de bourbon. Vira em um gole só e dá um tapinha no meu ombro e, já com um sorriso na face, diz: "hey, man, you took my seat".
Traduzindo: ele viu que eu não o havia reconhecido e voltou para brincar comigo… rs. Depois, simpático perguntou de onde nós éramos e falou que uma semana atrás estava tocando em São Paulo.
Depois da traquinagem do Mr Buddy Guy com a minha pessoa, ele retrona para dar autógrafos aos seus fãs que o aguardavam ansiosamente na fila.
Voltamos para o hotel rindo sem parar, pensando quantas vezes ele já havia feito isso com os turistas que frequentam o bar dele.
Coisas de Chi town.
Beijos e abraços,
The Purple Pig
500 North Michigan Avenue- Chicago, IL
Tel.: (312) 464-1744
Next Restaurant
953 W Fulton Market - Chicago, IL
Tel.: Não disponível
tickets@nextrestaurant.com
Buddy Guy's Legend
700 S. Wabash - Chicago, IL
Tel.: (312) 427-1190